Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
17/12/2006 - 09h29

Em 90, salários dos congressistas eram de quase R$ 61 mil

Publicidade

LETÍCIA SANDER
FERNANDA KRAKOVICS
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O salário de R$ 24,5 mil fixado na semana passada pelos atuais deputados e senadores não é o maior valor pago desde a redemocratização. Em março de 1990, logo após a aprovação da Constituição, os congressistas chegaram a ganhar R$ 60,8 mil, em valores já atualizados --148% a mais do que será pago a partir de fevereiro de 2007.

O menor contracheque de deputados e senadores é de setembro de 1987, quando eles receberam R$ 3.237 (sempre em valores atualizados) --ou o equivalente a 13,1 salários mínimos da época--, e que representa apenas 13% do valor aprovado pela atual Legislatura. Todos os valores foram corrigidos pelo IPCA.

A comparação com os reajustes desde a redemocratização, em 1985, mostra que de 1988 a 1990 os congressistas receberam os mais altos salários. Em outubro de 1988, mês da promulgação da Constituição, foi registrado o primeiro grande salto --os vencimentos passaram de R$ 4.637 para R$ 33.509. Em março de 1990, os salários chegaram a R$ 60.849, o valor mais alto até hoje.

"Na Constituinte, havia um trabalho dobrado e o salário era baixo. Como havia uma reclamação muito grande, resolveram dar uma gratificação", afirmou o então diretor-geral da Câmara, Adelmar Sabino. À época, a Casa era presidida por Ulysses Guimarães (PMDB). De 1985 a setembro de 1988, os salários foram os mais baixos de todo o período analisado, variando de R$ 3.237 a R$ 6.610.

O chamado "baixo clero" (deputados de pouca expressão política) sempre existiu no Congresso. "Tinha um grupo de deputados que não estava nem aí porque não precisava do dinheiro. Já outros eram tão endividados que o Banco do Brasil não dava nem talão de cheques. Eles iam sacar salário com cheque avulso", disse Sabino, lembrando-se da hiperinflação da gestão Sarney (1985-1990).

Passado esse período, a gratificação foi incorporada aos salário, mas os reajustes passaram a ser "engolidos" pela inflação da época. No governo Collor (1990-1992), os salários dos congressistas ficaram em torno de R$ 20 mil. O padrão foi seguido nos governos Itamar Franco (1992-1994) e Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). O salário de R$ 24,5 mil é o maior desde a implantação do Plano Real, em 1994.

A equiparação com os vencimentos dos ministros do STF é um antigo sonho do "baixo clero". Em 2002, final da gestão de Aécio Neves (PSDB) na presidência da Câmara, ele evitou o desgaste de dobrar o salário dos parlamentares diretamente. Em compensação, Aécio criou a chamada "verba indenizatória", uma das cotas extra-salariais, hoje de R$ 15 mil.

A maior discrepância dos vencimentos na comparação com o salário mínimo foi em abril de 1992 --nesse mês, o salário dos parlamentares, de R$ 25,4 mil, correspondia a 169 mínimos. Os R$ 24,5 mil equivalem a 70 mínimos.

Leia mais
  • Reajuste paga Bolsa Família por 2 meses
  • Livro mostra evolução do patrimônio dos deputados
  • Câmara e Senado fecham acordo para elevar salários para R$ 24.500
  • Alckmin quer disputar presidência do PSDB

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o reajuste dos parlamentares
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página