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31/12/2006 - 09h19

Governadoras dizem ter sofrido ataque machista na eleição

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KÁTIA BRASIL
da Agência Folha, em Manaus

Eleitas governadoras de Estados de diferentes regiões do país, as únicas três mulheres que foram alçadas ao posto nestas eleições dizem que sofreram discriminação durante a campanha eleitoral.

Ana Júlia Carepa (PT), eleita no Pará, Yeda Crusius (PSDB), eleita no Rio Grande do Sul, e Wilma de Faria (PSB), reeleita no Rio Grande do Norte, afirmaram à Folha terem sido alvo de preconceito e ataques machistas de seus adversários.

Ana Júlia Carepa, 49, diz que enfrentou uma campanha eleitoral violenta por parte do adversário, o ex-governador Almir Gabriel (PSDB). "Fui muito atacada, principalmente no segundo turno, pelo fato de ser mulher e separada. Fui chamada de vagabunda, puta, tinha até adesivo "xô galinha'", diz a governadora eleita, que iniciou a carreira política em 1992 como vereadora de Belém.

Divorciada há oito anos e mãe de dois filhos, ela conta que o preconceito tinha como objetivo desqualificá-la. "Não casei de novo, tenho namorado. Isso foi usado. Tinha músicas me parodiando, me chamando de burra."

Por meio de sua assessoria, o ex-governador Almir Gabriel (PSDB) negou discriminação contra Ana Júlia. "Durante a campanha não houve solicitação ou questionamento de direito de resposta por discriminação [por parte da candidata]. Não tem cabimento dizer agora que teve discriminação ou ofensa com relação a esta questão de ser mulher."

Yeda Crusius, 62, também diz ter enfrentado uma campanha agressiva, principalmente no segundo turno contra Olívio Dutra (PT), em um Estado considerado "machista". "Os ataques foram de um cunho totalitarista porque eu escolhi morar no Rio Grande do Sul com um marido gaúcho. Aqui tive meus filhos e meus netos. Fui atacada por ter nascido em São Paulo. Isso me lembrou um pouco do viés totalitarista, não ser da raça gaúcha", diz. Ela ingressou na política como ministra do Planejamento, Orçamento e Coordenação, em 1993, durante o governo de Itamar Franco.

Wilma de Faria, 61, mãe de quatro filhos e divorciada, diz que o preconceito que sofreu também foi motivado por ter se separado. "Desde que ganhei minha primeira eleição, eleita prefeita de Natal, em 1988, sofro discriminação. Hoje, é subliminar. As pessoas me aceitam porque me consideram boa administradora. Como me divorciei [em 1990], sofro preconceito. As mulheres que estão na vida pública, quando se separam, são consideradas pessoas fora do tradicional."

As governadoras eleitas dizem que conseguiram reverter as discriminações e que ser mulher ajudou a contra-atacar adversários, sem utilizar, no entanto, "as mesmas armas".

Para Ana Júlia, os ataques do adversário atingiram mulheres que são chefes de família --o que é comum no Pará. "Isso, então, foi contra ele", afirma.

Já Yeda afirma que foi premiada por ser mulher. "Neste ano [ser mulher] fez a diferença, porque a mulher política foi olhada com dupla análise. Primeiro, por ser mulher vencedora na política e candidata competitiva. Em segundo, porque nesse período em que o Brasil foi sacudido e indignado por permanentes denúncias de corrupção não houve associação com a mulher na política. E o eleitorado quis premiar isso."

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