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04/01/2007 - 19h32

Lula dá ultimato a Aldo e Chinaglia; grupo quer candidato alternativo

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ANDREZA MATAIS
GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estabeleceu o dia 20 de janeiro como prazo limite para a definição sobre o candidato da base aliada que disputará a presidência da Câmara dos Deputados. Segundo o ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, a expectativa de Lula é que até esta data os partidos aliados concluam as negociações sobre as eleições na Câmara --uma vez que a base está dividida entre as candidaturas de Aldo Rebelo (PC do B-SP) e Arlindo Chinaglia (PT-SP).

"O presidente disse presumir que até o dia 20 todos os diálogos estejam encerrados e até lá tenhamos um consenso. Nós estabelecemos esse prazo em que calculamos que encerraremos o diálogo", afirmou.

Tarso não descarta reunir os presidentes dos partidos aliados na semana que vem para discutir a sucessão na presidência da Câmara. Mas disse que, antes de marcar o encontro, vai manter conversas telefônicas com aliados para discutir as candidaturas de Aldo e Chinaglia.

Para Lula, a eleição do novo presidente da Câmara será o grande teste da coalizão política de seu segundo mandato. O governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), disse depois de reunir-se nesta tarde com Lula que o presidente reconhece a importância da disputa para consolidar a coalizão. "Ele disse que o grande teste da coalizão é agora", afirmou.

O deputado Nelson Trad (PMDB-MS), que também participou do encontro, reafirmou que Lula se mostrou preocupado com a disputa na Câmara. "O presidente afirmou que a eleição para a Mesa Diretora da Câmara será o grande e definitivo teste da coalizão e do governo. A expressão que ele usou foi essa: teste definitivo", disse.

Trad afirmou que Lula se mostrou preocupado com a possibilidade dos deputados repetirem neste ano as eleições que resultaram na escolha em 2005 do então deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) para a presidência da Casa Legislativa. "Ele afirmou que devemos evitar o desastre das últimas eleições", afirmou.

Na ocasião, o PT tinha dois candidatos: Luiz Eduardo Grenhalgh (SP) e Virgílio Guimarães (MG). Hoje, Aldo e Chinaglia disputam a indicação de candidato da base governista à Presidência da Câmara.

Tarso reconheceu que a escolha do novo presidente da Câmara será fundamental para fortalecer a coalizão. "Poderá ser o teste da coalizão, mas temos que ver se os presidentes dos partidos querem isso ou não."

Prévia

Aldo afirmou hoje que rejeita a realização de uma eleição prévia para escolha do candidato da base governista. A idéia foi apresentada ontem, em tom de desafio, por Chinaglia.

"A eleição para a presidência da Câmara na democracia não pode limitar ou restringir candidaturas. O que pode é buscar o acordo, o consenso, a unidade da instituição", afirmou.

Chinaglia, por sua vez, admitiu hoje buscar um diálogo com Aldo na tentativa de se encontrar uma solução para o conflito. "Por enquanto temos duas candidatura fortes, mas admito disputa em plenário, acordo, um arbítrio. Sou uma pessoa de paz, mas acho que tenho o dever de fortalecer minha candidatura", afirmou. Depois completou: "Não se trata de recuos, mas de responsabilidade política que ambos temos".

Hoje, Chinaglia afirmou que a proposta de realização de uma prévia com Aldo não foi um desafio. "Foi uma maneira de me proteger de tantas perguntas. Respeito a posição do deputado Aldo e estou aberto ao diálogo."

Candidatura alternativa

Tarso disse não acreditar que o lançamento de duas candidaturas de aliados fortaleça a oposição em busca de outro nome alternativo na disputa.

"Nossa preocupação se divide em dois níveis: primeiro, que temos dois candidatos da base aliada. Em segundo lugar, se os partidos de oposição vão tirar a confiança que temos com os dois candidatos para emergir uma nova candidatura com tamanha representatividade como Aldo e Arlindo", disse.

Enquanto Aldo e Chinaglia não encerram a disputa, um grupo suprapartidário que defende uma candidatura alternativa à presidência da Câmara planeja se reunir na segunda-feira em São para definir um candidato alternativo a Aldo e Chinaglia.

Entre os deputados que integram o grupo suprapartidário há representantes do PPS, PSB, PSOL, PMDB, PV, PSDB, PFL e até do PT.

O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), um dos articuladores do grupo, disse que a idéia é ter um candidato de consenso. "Já discuti com vários partidos a possibilidade de termos um candidatura alternativa. Se tiver boas condições, lançamos um nome para ganhar", afirmou ele.

Gabeira negou que possa ser o candidato desse grupo. "Saí muito queimado [da CPI] entre os deputados."

No entanto, ele admite ser anticandidato às candidaturas de Aldo e Chinaglia. "Se as condições forem precárias, lançamos um anticandidato [para marcar posição]."

A Folha Online apurou que os mais cotados para assumir a candidatura alternativa são Gustavo Fruet (PSDB-PR), Luiza Erundina (PSB-SP), Osmar Serraglio (PMDB-PR) e José Eduardo Cardozo (PT-SP). Luciana Genro (PSOL-RS) defendeu Gabeira.

Despreocupado

Chinaglia disse que se alguém quiser participar da eleição para a presidência da Câmara "com o apelido de candidatura alternativa" tem que ter "força e voto".

"É possível que alguém se sinta tentado a fazer disputa com o apelido de candidato alternativo, mas tem que ter força e voto. É por isso que faço esforço intelectual de articulação para ver se existe vontade de candidatura única por parte da base aliada", afirmou.

Para o petista, o fato de a base estar dividida na disputa favorece uma terceira candidatura. Chinaglia observou, no entanto, que não acredita na viabilidade de uma candidatura alternativa.

"O clima na Casa não favorece um outro Severino", afirmou, em referência ao ex-deputado que derrotou o PT na disputa pelo comando da Câmara, mas teve que renunciar meses depois após se envolver em escândalo de corrupção.

Ministério

Tarso negou que o presidente Lula tenha oferecido a Aldo e Chinaglia o comando de um ministério no segundo governo caso um deles desista da disputa para evitar o racha na base aliada. Lula se reuniu separadamente com os dois candidatos à presidência da Câmara na noite desta quarta-feira, no Palácio do Planalto.

"Quem tem condições de ser presidente da Câmara tem status político elevado, mas isso não significa oferecer ministério. Os dois poderiam ser ministros, mas isso é uma constatação feita antes mesmo deles serem candidatos", afirmou.

O ministro rebateu as acusações de que a oferta de um ministério a um dos candidatos seria ingerência do Executivo na Câmara dos Deputados. "Ingerência seria se fosse para criar uma candidatura, mas não há nenhuma intenção ou gesto do presidente para propor compensação a nenhum dos dois", enfatizou.

Tarso disse que Lula se reuniu com Aldo e Chinaglia a seu pedido, depois que os dois estiveram em seu gabinete para discutir a presidência da Câmara. Mas negou que o presidente tenha interferido na disputa ou feito apelos para o fim da dupla candidatura. "Não queremos funcionar como árbitros, mas como mediadores do jogo político. O presidente se limitou a ouvir, não emitiu nenhum juízo", afirmou.

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