Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
10/01/2007 - 11h42

PT tenta armar coalização oposicionista contra Serra

Publicidade

CAROLINA RANGEL
KRISHNA MONTEIRO
Colaboração para a Folha de S.Paulo

Para evitar que o governador eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), consiga construir uma maioria folgada na Assembléia Legislativa, o PT paulista irá adotar no Estado a mesma estratégia seguida pelo governo Lula no Congresso: a formação de uma aliança pluripartidária.

A estratégia tenta dificultar a vida de Serra, que, segundo analistas políticos ouvidos pela Folha, terá facilidade para aprovar projetos na Assembléia: tem 35 deputados e pode conquistar o apoio dos 8 integrantes do Partido Verde (PV), chegando a 45,7% da Casa.

Domingos Fernandes, presidente do PV, disse ter conversado com o governador eleito, José Serra, e afirmou que o partido deverá apoiar o governo na Assembléia.

No entanto, o partido ainda não anunciou formalmente o apoio. "Em tese, o PV participará do governo Serra."

Mas para Ênio Tatto, líder do PT na Assembléia, o apoio de quase metade dos deputados a Serra ainda não é definitivo.

Tatto afirmou que o PT paulista irá conversar com os outros partidos para formar uma coalizão pluripartidária que atuaria da seguinte forma: em vez de garantir a governabilidade do Executivo, viabilizaria a oposição.

Dessa forma, o PT estadual pretende impedir que a Assembléia seja apenas um braço do governo de José Serra, como aconteceu nos seis anos do governo de Geraldo Alckmin. "O PSDB tinha a maioria, o governador enviava projetos com urgência, que eram aprovados", afirmou Tatto, que não conseguiu se reeleger.

Para o líder do PT, a situação somente se reverteu nos últimos dois anos da atual legislatura, com a eleição de Rodrigo Garcia (PFL) para a Presidência da Assembléia.

Segundo Tatto, a estratégia de coalizão partidária deverá ser repetida em todos os Estados em que os petistas não foram eleitos para governador.

Rachel Meneguello, cientista política da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), afirma que Serra, assim como Alckmin, por já possuir 35 cadeiras entre PSDB e PFL, deverá ter uma situação confortável em relação ao Legislativo.

"Com o apoio de pequenos partidos da direita e do centro, [Serra] contará com a maioria para aprovações de projetos e no impedimento de instalações de CPIs (comissões parlamentares de inquérito) pela oposição", afirmou Meneguello.

Nova composição

A renovação da Assembléia é derivada das mudanças ocorridas dentro dos partidos, dizem os analistas. Políticos jovens, com fortes bases no interior e desvinculados da imagem tradicional do partido se destacaram nestas eleições.

Celso Roma, cientista político da USP (Universidade de São Paulo), é um dos que sustentam essa idéia. Para Roma, o índice de renovação de deputados nas eleições deste ano (47%) se manteve na média das votações anteriores (44% em 2002 e 50% em 1998).

Ele afirma que há dois tipos de renovação na Assembléia Legislativa: uma eleitoral, que está relacionada com a preferência dos eleitores nos candidatos, e a partidária, na qual, dentro do próprio partido, chapas não são aceitas e começa-se a investir em novos nomes.

O PSDB e o PFL foram os partidos que mais renovaram os seus quadros, respectivamente dez e oito deputados. "Seus candidatos mais jovens e originários do interior de São Paulo se destacaram e venceram nas urnas seus correligionários com maior experiência parlamentar", afirma Roma.

Outro partido com expressiva renovação foi o PV. Dos 8 deputados eleitos, 7 são novos.

Cláudio Couto, professor de ciência política da PUC-SP, concorda com a idéia. "Parece que houve uma mudança no perfil de quem se elegeu."

"A disputa dentro dos partidos é maior do que entre eles", afirma Jairo Nicolau, pesquisador do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro).

Os paulistas elegeram 44 novos deputados estaduais, que tomarão posse no dia 15 de março do ano que vem. Dos 43 deputados que deixarão a Assembléia, 29 tentaram reeleger-se e perderam (leia texto ao lado). Ao todo, 94 deputados foram eleitos.

Interiorização

O presidente do PSDB de São Paulo, Sidney Beraldo, afirmou que uma das razões para o sucesso eleitoral do partido foi a priorização do voto proporcional e o investimento em candidatos do interior.

Beraldo destacou o foco em lideranças regionais e a escolha de nomes competitivos para concorrer à Assembléia.

Domingos Fernandes, do PV, apontou a mesma estratégia de enraizamento fora dos grandes centros urbanos como motivo para a expansão de sua bancada. Dos oito deputados eleitos pela sigla, apenas um, Major Olímpio, vem da capital.

Já o PT adotou a estratégia de apostar em nomes fortes e conhecidos, segundo Ênio Tatto. Os cinco novos deputados eleitos pelo partido já foram vereadores e são militantes históricos. Um exemplo seria Rui Falcão, candidato a deputado com maior votação em São Paulo, que já se sentou nos bancos da Assembléia em legislaturas anteriores.

O partido que permaneceu com o mesmo número de cadeiras, quatro, foi o PMDB. Dentre os eleitos, dois foram reeleitos.

Para Celso Roma, o partido está minguando, mas é importante a sua sobrevivência no Estado e no país por ser de centro. "Eles são os fiéis da balança, pois são de centro. O PMDB é fundamental num sistema multipartidário como o brasileiro para construir coalizões", afirma o analista.

PV terá a quarta maior bancada da Assembléia

O partido do deputado federal Fernando Gabeira foi a surpresa para os analistas políticos. O PV conseguiu três cadeiras a mais em relação a 2002. E, dos 8 deputados eleitos, 7 são estreantes na Assembléia

CAROLINA RANGEL e KRISHNA MONTEIRO participaram do 42º programa de treinamento da Folha, que foi patrocinado pela Philip Morris Brasil

Leia mais
  • PSDB concentrou votos para o Legislativo em SP
  • Petistas não lideram nas cidades que governam em SP
  • Saiba mais: 29 deputados estaduais de SP perdem a reeleição

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o Legislativo de São Paulo
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página