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10/01/2007 - 11h28

PSDB concentrou votos para o Legislativo em SP

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CAROLINA RANGEL
KRISHNA MONTEIRO
Colaboração para a Folha de S.Paulo

Embora a coligação PSDB-PFL tenha eleito 37% dos deputados estaduais paulistas contra 21% de seus principais adversários --o PT-PC do B--, em número de votos para o Legislativo a supremacia dos tucanos e pefelistas foi muito superior: os dois partidos obtiveram o maior número de votos para deputado estadual em 75% das cidades do Estado, dentre elas a capital.

Em contrapartida, a coligação PT-PC do B venceu em apenas 5% dos municípios, mas conquistou o primeiro lugar em grandes cidades, como Guarulhos, Campinas, São Bernardo do Campo e Santo André. Por isso, terá em 2007 a segunda maior bancada da Assembléia, com 20 cadeiras.

Esses dados fazem parte de levantamento feito pela Folha com base na votação de todos os candidatos a deputado estadual nos 645 municípios de São Paulo, a partir de informações obtidas no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de SP.

O desempenho eleitoral da coligação PSDB-PFL no interior do Estado não surpreendeu analistas políticos consultados pela Folha.

Segundo Rachel Meneguello, cientista política da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a partir de meados dos anos 90, quando começou a fortalecer suas bases no interior, o PSDB assumiu o papel de herdeiro natural de redutos históricos do PMDB --que teve mais votos para o Legislativo em apenas seis municípios.

Meneguello diz também que o PT possui uma trajetória estadual distinta. As suas bases se concentrariam nos maiores centros urbanos, nos quais o setor industrial e de serviços são mais desenvolvidos.

A votação expressiva de tucanos e pefelistas no interior de São Paulo também é natural para Celso Roma, cientista político da USP com trabalhos sobre a história do PSDB. "Se você pegar o número de cadeiras que o PSDB tinha em 2002, já vai comprovar que aqui é o berço tucano. Ao longo do tempo, o partido aumentou o seu domínio no Estado, até em cidades em que eram redutos petistas, e o PT encolheu."

Segundo Roma, uma das razões para o fortalecimento tucano estaria ligada aos 12 anos em que o partido teve o governo estadual em suas mãos. Os quatro anos em que José Serra permanecerá à frente do Estado deverão acentuar essa tendência, aponta o analista.

Correlação com Serra

Cláudio Couto, cientista político da PUC-SP, formula três hipóteses para o bom desempenho da coligação PSDB-PFL: 1) a votação expressiva de José Serra para o governo; 2) o fortalecimento dos candidatos locais ao longo dos 12 anos de governo tucano e 3) o declínio do PT no Sudeste e no Sul do país.

Couto afirma que uma possível correlação com o voto em Serra para governador e Alckmin para presidente pode ter feito com que parte do eleitorado votasse em deputados do mesmo partido dos dois.

Um exemplo dessa tendência seria Araraquara: em 2006, Alckmin foi o mais votado para presidente, e a coligação PSDB-PFL obteve 62% dos votos válidos para deputado estadual, apesar de o atual prefeito, eleito em 2004, ser o petista Edson Antônio Edinho da Silva.

Couto, entretanto, pondera que um possível crescimento do PSDB e do PFL em São Paulo só poderia ser constatado após comparações com dados das eleições de 2002.

Já o pesquisador do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro) Jairo Nicolau diz que não há dados consistentes para definir como o eleitor se comporta em uma eleição. "Minha intuição, de acordo com os estudos que já realizei, leva a crer que o eleitor o faça de modo independente."

PV e PMDB

O levantamento da votação para o Legislativo paulista ainda apresenta uma novidade --o aumento da votação do PV, que teve mais votos em 23 municípios e viu sua bancada crescer de 5 para 8 deputados.

Também comprova uma tendência da última eleição --o enfraquecimento do PMDB, cuja liderança em municípios é apenas um quarto da dos verdes.

Para Cláudio Couto, a votação expressiva do PV no Estado e no país poderia estar relacionada à figura nacional de Fernando Gabeira e ao descontentamento de eleitores que tradicionalmente votavam no PT, mas não migraram para o PSDB ou para o PSOL.

Na avaliação de Jairo Nicolau, outro fator é a adesão de lideranças locais e regionais ao PV --segundo ele, um "processo natural de todo partido que está na moda, em ascensão".

Sobre o enfraquecimento do PMDB, Celso Roma afirma que poderia estar relacionado à inexistência de um candidato majoritário forte. O desempenho também teria sido prejudicado pelo fato de o PMDB concorrer pela mesma fatia de eleitores da coligação PSDB-PFL.

Marcelo Barbieri, presidente do partido em São Paulo, tem análise semelhante: atribui o fraco desempenho ao fato de o PMDB não lançar há três eleições candidato a Presidência. Outro problema seria a falta de um projeto nacional.

O presidente do PSDB de SP, Sidney Beraldo, acredita que a coligação venceu em mais municípios porque investiram em mais candidatos e naqueles que defendem temas específicos, como educação e segurança.

Para o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL), o resultado mostra que a coligação deu certo. O partido, no entanto, é força minoritária na parceria: considerando somente a votação dos 94 deputados eleitos, o PSDB venceu em 366 cidades, e o PFL, em 73.

O PT não quis se pronunciar sobre os dados.

Colaborou PAULO HADDAD

CAROLINA RANGEL e KRISHNA MONTEIRO participaram do 42º programa de treinamento da Folha, que foi patrocinado pela Philip Morris Brasil

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