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27/01/2007 - 09h09

Lula e presidente mexicano divergem por causa de Chávez

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da Folha de S.Paulo, em Davos

A polêmica entre líderes latino-americanos, que caracterizou a recente Cúpula do Mercosul no Rio de Janeiro, foi transplantada para os Alpes suíços, embora de forma bastante mais elegante e indireta.

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Felipe Calderón, do México, discordaram na avaliação sobre as mudanças na América Latina, decorrentes do intenso processo eleitoral dos últimos 14 meses na região, mas não fizeram menções nominais ao exporem a discrepância, embora todo o mundo soubesse que falavam principalmente de Hugo Chávez, presidente da Venezuela.

Lula começou dizendo que as mudanças "substanciais" na América Latina foram para melhor. "[A região] começou a eleger presidentes que têm responsabilidade para melhorar a vida do povo". É uma mudança para melhor, "embora alguns não gostem", alfinetou.

A palavra logo passou para Calderón, que também não mencionou Chávez, mas disse que a dicotomia esquerda versus direita não se aplica mais. O que importa agora é se a região "avança ou retrocede".

Retrocesso seria, segundo o mexicano, a volta "a ditaduras pessoais vitalícias" e, na economia, "a expropriações e nacionalizações, que só empobrecem ainda mais os pobres".

A crítica que se faz freqüentemente a Chávez é precisamente ao projeto de reeleições indefinidas e ao anúncio de estatização das telecomunicações e de outros setores estratégicos do país.

Lula defendeu também Evo Morales (Bolívia), que poderia igualmente estar na cabeça de Calderón, ao falar de nacionalizações. O petista repetiu o que já havia dito, quando da nacionalização do gás boliviano: "O gás é dele, é a única riqueza dele, tem que nacionalizar".

Quem acabou introduzindo o nome Hugo Chávez na conversa foi a moderadora, Rebecca Anderson, âncora da rede norte-americana CNN.

Quis saber a opinião dos debatedores sobre se o presidente da Venezuela era ou não uma figura "perturbadora".

Lula respondeu: "Não existe perturbação. Hugo Chávez foi eleito três vezes consecutivamente de forma a mais democrática possível". Sobre o discurso usual de Chávez, disse o que já havia afirmado durante a Cúpula do Mercosul: "Cada país tem o discurso de acordo com a sua cultura, o seu momento, a sua realidade".

Calderón saiu pela tangente: "Não me agrada julgar as pessoas. Meu dever é estreitar as relações mexicanas com todos os povos latino-americanos, sem pensar nas personalidades". Calderón é do mesmo partido (PAN, Partido de Ação Nacional, conservador) de seu antecessor, Vicente Fox, que já teve forte choque verbal com Chávez, ao ser acusado de lacaio dos Estados Unidos.

Divergências à parte, o debate ficou centrado na forte defesa de Lula, aí sim acompanhado por Calderón, da integração latino-americana, prioridade um da diplomacia brasileira.

Lula cobrou de seus pares "bons projetos" para a Casa (Comunidade Sul-Americana de Nações), que pretende englobar todos os países da América do Sul. "Precisamos de bons projetos para o mundo enxergar", disparou, citando a rodovia por meio do Peru que ligará o Brasil ao Pacífico.

Antes, na sessão matinal, Lula havia repetido cobrança que faz habitualmente a ele próprio e a dirigentes latino-americanos: "Temos que parar de viajar o mundo chorando nossa miséria e importando culpados pela nossa desgraça. Muitas vezes, a responsabilidade é nossa".

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