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30/01/2007 - 10h07

No "divã", Fórum Social cria "manual" para sobreviver

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colaboração para a Folha, em Nairóbi
da Folha de S.Paulo

A edição do Fórum Social Mundial de 2007, no Quênia, mostrou que o movimento foi parar no divã. Os manifestantes questionaram seu modelo de mobilização. No ano que vem, pela primeira vez desde a sua criação, o evento não será realizado nos moldes que teve até aqui (com uma sede global, ou três, como ocorreu no ano passado). Haverá manifestações espalhadas pelo mundo nos dias em que acontece o Fórum Econômico de Davos.

No final de semana, o Conselho Internacional do Fórum Social decidiu criar um guia para as cidades que quiserem receber futuras edições do evento. O manual irá ajudar os organizadores dos futuros fóruns a não repetir alguns erros. No Quênia, participantes locais questionaram o preço das inscrições, o custo da alimentação e a pouca informação dos moradores sobre o evento.

O guia, que será feito por parte dos membros do conselho, também incluirá informações sobre patrocínio e relações com governos e partidos locais.

O manual servirá para a edição de 2009, quando o evento deve retomar a forma atual. Salvador é a cidade favorita a recebê-lo, mas a decisão final só deve sair em junho.

No ano que vem, o que acontecerá, segundo detalhou o Conselho no final de semana, é um "dia de 48 horas" de manifestações durante Davos. São esperadas caminhadas, shows musicais e boicotes.

A avaliação dos organizadores é que, pulverizados, os participantes ampliariam sua ligação com as populações locais.

"Queremos mostrar que nós, os que querem mudar o mundo, somos muito e estamos em todos os lugares", diz Chico Whitaker, um dos idealizadores do Fórum.

O manual e o novo modelo são tentativas de dar respostas a críticas ao evento feitas pelos próprios participantes. Há um debate permanente entre os organizadores: a necessidade de combater a "elitização" da reunião --as viagens até as cidades do Fórum são caras e o encontro costuma reunir mais estrelas e integrantes de ONGs mundiais do que a base dos movimentos sociais.

Os organizadores negam que as mudanças --reunidas aos questionamentos freqüentes sobre resultados práticos do fórum--, são sinais de crise. Dizem que o Fórum é "um processo inacabado" e que está crescendo e incorporando novos aspectos a cada edição.

Mas analistas vêem enfraquecimento e perda de relevância do evento criado em 2001, em Porto Alegre. Para o cientista político Bolívar Lamounier, esvaiu-se o impacto inicial do evento. "Certamente houve um enfraquecimento. Que eles façam reuniões descentralizadas para mostrar que há um mal-estar acho razoável. Agora, não vai além disso. O evento é mais sintoma que solução."

Na análise do economista Paulo de Tarso Soares, professor da USP e estudioso do marxismo, não há relevância no Fórum. "Há um erro de perspectiva. Falam de luta contra "imperialismo dos EUA" e não sabem o que é. O Fórum serve apenas para que o pessoal da minha geração continue sendo guru da juventude", afirma.

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