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20/02/2007
-
11h25
HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Campo Grande
O corpo do índio Valdinez Souza, 30, foi encontrado anteontem à tarde na área de Porto Cambira, em Dourados (MS), onde vivem cerca de cem indígenas guaranis e caiuás. A Polícia Civil, que só ontem resgatou o corpo após ser informada da morte, trabalha com a hipótese de suicídio e apreendeu uma carta deixada por Souza.
Na carta, o índio, que foi encontrado enforcado com uma corda de nylon dentro de sua casa, reclama da falta de alimentos nas aldeias.
Apesar de a carta ter sido divulgada por sites locais de notícia, a Polícia Civil informou que só após perícia criminal irá confirmar a autenticidade da carta. Foi apreendido um caderno para a letra de Souza ser comparada.
A Funasa (Fundação Nacional do Saúde) se adiantou e divulgou um recibo no qual aponta que, no último dia 9, Souza recebeu uma cesta de alimentos de 40 kg. As cestas, conforme a Funasa, foram entregues também em novembro, dezembro e janeiro. Souza teria dois filhos e a mulher grávida.
Em Mato Grosso do Sul, ao menos 25 guaranis e caiuás se mataram no ano passado. Essa é a média anual de suicídios entre indígenas das duas etnias no Estado.
Em Dourados, as aldeias dos guaranis e caiuás também são atingidas pela desnutrição infantil. Há ao menos 190 crianças menores de cinco anos com desnutrição grave ou moderada na cidade. No último dia 11, um menino de dois anos e um mês morreu após ser internado com desnutrição grave.
No início do mês, após 20 dias de atraso, a Funasa retomou a distribuição de cestas básicas. O órgão diz que a morte não teve relação com o atraso. O governo de Mato Grosso do Sul, porém, suspendeu a distribuição de alimentos a 11 mil famílias indígenas desde o início do ano.
Na semana passada, o governador André Puccinelli (PMDB) assinou um acordo com a Funasa para retomar a distribuição das 11 mil cestas.
A área onde o corpo de Souza foi encontrado também é alvo de disputa entre índios e fazendeiros. No local, em abril do ano passado, um grupo de índios matou a tiros, facadas e pauladas dois policiais civis e feriu outro.
A Polícia Civil disse que os policiais estavam passando na área à procura de uma pessoa não índia acusada de assassinato quando foram atacados. Os índios argumentam que as vítimas fizeram "cavalo-de-pau" (manobra com carro) no local.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre enforcamento
Índio é encontrado enforcado dentro da própria casa em MS
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da Agência Folha, em Campo Grande
O corpo do índio Valdinez Souza, 30, foi encontrado anteontem à tarde na área de Porto Cambira, em Dourados (MS), onde vivem cerca de cem indígenas guaranis e caiuás. A Polícia Civil, que só ontem resgatou o corpo após ser informada da morte, trabalha com a hipótese de suicídio e apreendeu uma carta deixada por Souza.
Na carta, o índio, que foi encontrado enforcado com uma corda de nylon dentro de sua casa, reclama da falta de alimentos nas aldeias.
Apesar de a carta ter sido divulgada por sites locais de notícia, a Polícia Civil informou que só após perícia criminal irá confirmar a autenticidade da carta. Foi apreendido um caderno para a letra de Souza ser comparada.
A Funasa (Fundação Nacional do Saúde) se adiantou e divulgou um recibo no qual aponta que, no último dia 9, Souza recebeu uma cesta de alimentos de 40 kg. As cestas, conforme a Funasa, foram entregues também em novembro, dezembro e janeiro. Souza teria dois filhos e a mulher grávida.
Em Mato Grosso do Sul, ao menos 25 guaranis e caiuás se mataram no ano passado. Essa é a média anual de suicídios entre indígenas das duas etnias no Estado.
Em Dourados, as aldeias dos guaranis e caiuás também são atingidas pela desnutrição infantil. Há ao menos 190 crianças menores de cinco anos com desnutrição grave ou moderada na cidade. No último dia 11, um menino de dois anos e um mês morreu após ser internado com desnutrição grave.
No início do mês, após 20 dias de atraso, a Funasa retomou a distribuição de cestas básicas. O órgão diz que a morte não teve relação com o atraso. O governo de Mato Grosso do Sul, porém, suspendeu a distribuição de alimentos a 11 mil famílias indígenas desde o início do ano.
Na semana passada, o governador André Puccinelli (PMDB) assinou um acordo com a Funasa para retomar a distribuição das 11 mil cestas.
A área onde o corpo de Souza foi encontrado também é alvo de disputa entre índios e fazendeiros. No local, em abril do ano passado, um grupo de índios matou a tiros, facadas e pauladas dois policiais civis e feriu outro.
A Polícia Civil disse que os policiais estavam passando na área à procura de uma pessoa não índia acusada de assassinato quando foram atacados. Os índios argumentam que as vítimas fizeram "cavalo-de-pau" (manobra com carro) no local.
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