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07/03/2007 - 08h51

Mulheres da Via Campesina promovem invasões pelo país

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da Agência Folha

Quatro invasões de terras comandadas por mulheres foram registradas ontem no Rio Grande do Sul. Em outros três Estados, elas acamparam nas cidades e fecharam uma rodovia.

As ações, comandadas pela Via Campesina, tiveram a participação de entidades como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), envolveram 3.600 pessoas e tiveram como objetivo chamar a atenção para o Dia Internacional da Mulher (celebrado amanhã) e protestar contra o agronegócio.

No Rio Grande do Sul, cerca de 1.300 mulheres participaram das invasões de áreas de grupos como Votorantim e Stora Enso, além de um fornecedor da Aracruz. Segundo a Via Campesina, as áreas praticam a monocultura de pinus ou eucaliptos --consideradas "inapropriadas" para as agricultoras, que atuam na produção de alimentos e na criação de pequenos animais.

As áreas ficam em Candiota (Votorantim), São Francisco de Assis (Stora Enso), Eldorado do Sul (fornecedor da Aracruz) e Santana do Livramento (dono não-identificado).

A área formada pelas quatro empresas tem, segundo a Via Campesina, 200 mil hectares, o suficiente para assentar 8.000 famílias, quatro vezes mais que o total de famílias sem-terra do Estado.

"A jornada tem como meta denunciar a expansão do 'deserto verde' no Estado, que só dá lucro para as empresas", disse Tereza Souza, coordenadora da invasão de Eldorado do Sul.

O presidente da Bracelpa (Associação Brasileira de Celulose e Papel), Horacio Lafer Piva, disse que pedirá a intervenção do governo federal no caso.

"Conversarei com os ministros Dilma [Rousseff], Márcio Thomaz Bastos e [Luiz Fernando] Furlan para tentar tirar uma posição, porque é questão de interesse nacional. Preocupa porque outra invasão [ocorrida no ano passado] destruiu pesquisas da Aracruz."

Em 2006, a Via Campesina, movimento internacional de trabalhadores rurais, foi apontada como autora da destruição de laboratórios e um viveiro de 50 mil mudas de árvores nativas e um milhão de mudas de eucaliptos da Aracruz em Barra do Ribeiro (RS). O ato resultou na perda de pesquisas de 20 anos sobre cruzamentos genéticos e seleção de espécies, segundo a empresa.

As empresas que tiveram áreas invadidas ontem não se manifestaram. Segundo o presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais, Roque Justen, as empresas vão pedir reintegração de posse na Justiça.

Segundo Claudio Antonio Fichtner, irmão da dona da área invadida em Eldorado do Sul, porteiras e cadeados foram destruídos. "Há muitas mulheres e crianças, como é praxe do movimento. Vamos pedir a reintegração."

Os sem-terra saíram de Santana do Livramento à tarde, quando o dono da área apresentou um interdito proibitório. Em São Francisco, o grupo saiu, também à tarde.

Outros Estados

Em Sergipe, 500 mulheres ligadas à Via Campesina fecharam dois pontos da BR-101 ontem pela manhã. Os bloqueios aconteceram em Maruim e Estância. De lá, as manifestantes seguiram para um acampamento na praça Ranulfo Prata, em Aracaju, onde pretendem permanecer até amanhã.

No Pará, cerca de 800 mulheres agricultoras do sul do Estado estão acampadas numa praça da capital para marcar o Dia Internacional da Mulher. Hoje, devem entregar as reivindicações à governadora Ana Júlia Carepa (PT), primeira mulher a ocupar o cargo no Estado.

Em Maceió (AL), cerca de mil agricultores sem-terra, a maioria mulheres, estão acampadas desde ontem em frente à sede do governo, segundo a PM.

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