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09/03/2007 - 12h51

Bush defende álcool para reduzir dependência dos EUA da gasolina

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REGIANE SOARES
da Folha Online

Os presidentes dos Estados Unidos, George W. Bush, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciaram nesta sexta-feira a assinatura de um memorando de cooperação tecnológica entre os dois países para a produção de biocombustíveis, como o álcool e o biodiesel. Bush defendeu o consumo do álcool como substituto da gasolina.

Jason Reed/Reuters
Bush e Lula se abraçam no terminal da Transpetro, da Petrobras, em Guarulhos (SP)
Bush e Lula se abraçam no terminal da Transpetro, da Petrobras, em Guarulhos (SP)
Segundo Bush, os investimentos em biocombustíveis são considerados como questão de segurança nacional para os EUA, que pretendem reduzir a dependência internacional do petróleo. "As pessoas se perguntam por quê o presidente dos EUA está interessado em diversificar as fontes de energia. Uma das razões é que se dependemos de petróleo, que vem de fora, temos uma questão de segurança nacional."

"Nossa dependência do combustível de outra pessoa significa que estamos dependente de suas decisões. Queremos diversificar, sair do petróleo", afirmou ele após se encontrar com Lula num terminal da Transpetro, subsidiária da Petrobras, em Guarulhos (SP).

Ele afirmou ainda que os EUA vão investir US$ 1,6 bilhão no prazo de 10 anos em pesquisas adicionais para que possam ter fontes alternativas de energia. "Já investimos US$ 12 bilhões em novas tecnologias que vão permitir alcançar independência econômica e um ambiente de melhor qualidade. Espero que possamos fazer isso juntos. Aprecio o fato de Brasil e EUA desenvolverem juntos essas pesquisas", disse ele se referindo a Lula.

O presidente brasileiro, por sua vez, afirmou que o acordo fechado entre os dois países ajudará a democratizar o acesso aos biocombustíveis e a ter um mundo menos poluído no futuro. "A estreita associação e cooperação entre os dois líderes da produção de etanol possibilitará a democratização do acesso à energia. O uso crescente de biocombustíveis será uma contribuição inestimável para a geração de renda, inclusão social e redução da pobreza em muitos países pobres do mundo."

Lawrence Jackson/AP
Condoleezza Rice e Celso Amorim assinaram memorando de cooperação na área de álcool
Condoleezza Rice e Celso Amorim assinaram memorando de cooperação na área de álcool
Bush disse que também existe o interesse econômico dos EUA por trás da substituição da gasolina por outra fonte de energia. "Essa dependência do petróleo também cria um problema econômico, não apenas para os EUA, mas para todos que importam petróleo. Se a demanda por petróleo aumentar na China e Índia, também aumenta o preço da gasolina nos nossos países. A diversificação é de interesse econômico para nossos países."

Segundo Bush, o plano dos EUA é reduzir em 20%, num prazo de 10 anos, o consumo de gasolina. O norte-americano afirmou que os EUA devem elevar de 5 bilhões de galões por ano para 35 bilhões o consumo de biocombustíveis, como o álcool.

"Quero passar para 35 bilhões de galões de biocombustíveis até 2017. É sete vezes mais do que estamos usando agora: 5 bilhões de galões de álcool. Isso é muito importante para nosso país e para nosso compromisso de nos tornarmos menos dependente do petróleo e trabalharmos pelo ambiente", disse.

O americano elogiou os avanços do Brasil no desenvolvimento de tecnologia e produção de biocombustíveis. "Aprecio o fato da energia vir da cana-de-açúcar, que dá ao Brasil grande vantagem. Aprecio a inovação que está acontecendo no Brasil. Vocês são os líderes no álcool. Acredito que vocês continuarão a descobrir novas tecnologias que serão úteis para outras pessoas."

Em seu discurso, Lula disse que Brasil e EUA estão firmando um acordo "ambicioso" para o futuro. Lula afirmou que a parceria com o governo Bush começou em 2005, quando o presidente norte-americano esteve no Brasil."Estamos lançando uma parceria para o futuro, um empreendimento amplo e renovado que transcende o plano bilateral e cria oportunidades em escala mundial. A parceria que vamos inaugurar é ambiciosa e voltada para todos os aspectos ligados à incorporação definitiva do etanol na matriz energética de nossos países", disse Lula.

"É importante lembrar que quando o presidente Bush foi a Brasília [em 2005] eu tinha uma obsessão pelos biocombustíveis, e quase que ele não consegue almoçar de tanto que eu falei de biocombustível."

Segundo Lula, a parceria vai democratizar o acesso aos biocombustíveis e promover a geração de emprego e renda, já que permitirá que o plantio da cana, por exemplo, seja feito por pequenos agricultores.

Para Lula, o uso do álcool vai amenizar as agressões ao ambiente. "Essa é uma tecnologia limpa e viável para evitar o aquecimento global", disse.

Descontração

Apesar de tratarem de interesses econômicos, os presidentes demonstraram bom humor. Antes de começar o seu pronunciamento, Lula pediu para que os refletores fossem desligados por conta do calor. Caso contrário, os dois poderiam virar "filés".

Lula e Bush falaram sob uma tenda armada numa área externa da Transpetro para uma platéia de cerca de 300 pessoas --a maioria de empresários e políticos convidados pelo Consulado dos Estados Unidos em São Paulo e pela Presidência da República.

Após o seu discurso, Bush disse que estava com fome e, portanto, agradecido pelo convite de Lula para almoçarem juntos.

Após os pronunciamentos, Lula levou Bush para cumprimentar alguns empresários, que se aglomeraram em volta do presidente norte-americano. Bush aceitou os cumprimentos e trocou algumas palavras com os presentes.

Depois seguiu de carro até o hotel Hilton Morumbi para almoçar com Lula, que foi de helicóptero.

Manifestação

Representantes dos petroleiros tentaram protestar contra a presença de Bush. Eles colocaram cartazes com a foto de Bush caracterizado de Adolf Hitler num dos portões da Transpetro. Nos cartazes havia a frase "Fora Bush!". Eles também penduraram um balão com a frase "Fora Bush" no portão. Não houve tumulto, já que o ato foi pacífico.

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