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17/10/2000 - 21h58

Xavantes brigam por liderança de aldeia e três são hospitalizados

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CELSO BEJARANO JR.
da Agência Folha, em Campo Grande

Pelo menos 15 índios xavantes se feriram durante uma briga na reserva São Marcos, em Barra do Garças (MT), 510 km a leste de Cuiabá. Três índios estão em estado grave, dois internados em Brasília e um Goiânia.

O delegado da Polícia Federal em Barra do Garças, Vantuil Luis Cordeiro, disse que os xavantes se enfrentaram por causa de uma disputa pelo controle da reserva, habitada por cerca de 3.600 índios.

Segundo o delegado, os índios Aniceto e Orestes Tsudzawere, tio e sobrinho, brigam há quatro anos pela função de chefe da aldeia São Marcos, com 1.600 xavantes, localizada na reserva homônima.

A luta entre os índios aconteceu no sábado à tarde, logo após uma tradicional competição entre os xavantes. Trata-se da corrida do Buriti, modalidade que obriga os participantes a cortarem a árvore e carregarem sobre o ombro pedaços do tronco por uma certa distância.

De acordo a apuração da polícia, o xavante Orestes quer ser o chefe da aldeia, no lugar de Aniceto, seu tio.

Orestes é filho do ex-chefe Apoá, que morreu há dez anos. O xavante alega que seria o "herdeiro natural" do pai, e por isso teria de assumir a liderança da aldeia.

Orestes deixou de ser chefe pois deixou a aldeia para estudar em São Paulo e Brasília. Ao retornar à aldeia, passou a exigir a função exercida por décadas pelo pai.

Na briga de sábado, os índios se enfrentaram dentro da aldeia São Marcos. Os xavantes usaram bordunas (arma de madeira para dar bordoadas) e revólveres. No conflito, os índios José Maria e Tomaz Xavante receberam pancadas na cabeça e acabaram internados no Hospital de Base de Brasília. O índio Nazaré Xavante levou um tiro na barriga e encontra-se internado em um hospital de Goiânia (GO).

O delegado Vantuil Cordeiro disse que dispõe de poucas informações sobre a briga, pois ainda não conseguiu ouvir nenhum envolvido diretamente.

Desde o confusão, os xavantes estão impedindo a entrada de não-índios na aldeia, que fica a 140 km da sede do município de Barra do Garças. "Nem o pessoal da Funai entra lá. Vamos aguardar um tempo para dar prosseguimento às investigações", disse o delegado.

Hoje à tarde, a Administração Regional da Funai em Barra do Garças encontrava-se fechada por medida de segurança, segundo o delegado. O administrador regional da Funai de Mato Grosso, Ariovaldo José dos Santos, não foi localizado para falar sobre o episódio. Ele tinha viajado para Brasília hoje à tarde.

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