Publicidade
Publicidade
20/04/2007
-
20h31
MARCELO GUTIERRES
da Folha Online
A Polícia Federal desarticulou nesta sexta-feira em São Paulo uma organização criminosa especializada na compra e venda de sentenças judiciais para beneficiar casas de bingo e empresas interessadas em conseguir créditos tributários.
De acordo com as investigações da PF, essa quadrilha pagava uma mensalidade de R$ 20 mil a R$ 30 mil para desembargadores, juízes, um procurador da Fazenda Nacional e uma funcionária da Receita Federal. O esquema contaria ainda com a participação de policiais civis.
Questionado se esse pagamento poderia ser caracterizado como "mensalão", o superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Geraldo José de Araújo, afirmou que era mais um "bingão da Justiça".
Além da mensalidade, segundo ele, a organização criminosa pagaria para os magistrados R$ 150 mil por sentença favorável. A mensalidade de R$ 20 mil a R$ 30 mil seria uma espécie de taxa de manutenção do sistema criminoso.
Essas sentenças beneficiariam casas de bingo e empresas interessadas em conseguir créditos tributários na Receita Federal. Os bingos também se beneficiariam desses créditos tributários.
Araújo disse que as investigações da Operação Têmis não têm relação direta com a Hurricane --deflagrada na sexta passada--, embora as duas investiguem ações criminosas envolvendo casas de bingo.
Vazamento
Araújo disse que houve vazamento de informações sobre a operação desencadeada hoje em São Paulo. "Há um mês houve vazamento de informações", disse o superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Geraldo José de Araújo.
Segundo ele, o vazamento dessas informações atrapalhou as investigações e dificultou a coleta de provas. "Isso atrapalhou muito. Algumas provas desapareceram."
Para a PF, as informações vazaram por meio de uma empresa de telefonia --cujo nome não foi divulgado--, que repassaram os dados para policiais envolvidos com a quadrilha.
Segundo o superintendente, há um grupo de lobistas que atuava em nome de empresários e casas de bingo junto ao Judiciário. Os policiais acusados dariam proteção para as empresas, além de ajudar a buscar informações para os lobistas. A funcionária da Receita ficaria responsável pela facilitação dos créditos tributários.
Apreensões
A PF apreendeu nesta sexta-feira cerca de 40 quilos de documentos nos gabinetes de desembargadores, de juízes e de um procurador da Fazenda Nacional.
Na Procuradoria da Fazenda Nacional a PF apreendeu 35 quilos de documentos, além do HD (disco rígido) de um computador no gabinete de um procurador. No gabinete do desembargador Roberto Haddad a PF apreendeu dois quilos de documentos, um notebook e um HD de computador. A PF também apreendeu documentos e o HD do computador da juíza Maria Cristina Cukierkorn, da 23ª Vara Federal.
Segundo a PF, todo o material apreendido vai ser conferido em São Paulo e depois enviado para a Superintendência de Brasília.
Também foram realizadas buscas nos gabinetes dos desembargadores Alda Bastos e Nery da Costa Júnior e do juiz Djalma Moreira Gomes, da 25ª Vara. A operação também envolve policiais civis.
Ao todo, a PF cumpre 70 mandados de busca e apreensão nos escritórios e casas de magistrados, advogados e empresários acusados de integrarem uma suposta quadrilha especializada na venda de sentenças judiciais para beneficiar a máfia de jogos e outros esquemas ilegais.
A PF informou ainda que chegou a pedir a prisão de cerca de 40 pessoas acusados de envolvimento com a suposta organização criminosa. Mas o STJ (Superior Tribunal de Justiça) negou o pedido de prisão temporária. O relator do caso é o ministro Felix Fisher. O caso foi para o STJ porque envolve desembargadores.
Leia mais
PF apreende 40 kg de documentos em ação contra máfia de jogos
Polícia diz que bicheiros são os donos dos bingos do Rio
Após operação da PF, Justiça veta funcionamento de bingos em SP
STF bloqueia bens de 50 envolvidos com máfia de jogos e apura vazamento
Veja vídeo da PF da apreensão do dinheiro em megaoperação
Especial
Veja fotos da apreensão feita pela PF na Operação Hurricane
Leia mais sobre a Operação Hurricane
PF diz que máfia pagava mensalão a juízes e denuncia vazamento da operação
Publicidade
da Folha Online
A Polícia Federal desarticulou nesta sexta-feira em São Paulo uma organização criminosa especializada na compra e venda de sentenças judiciais para beneficiar casas de bingo e empresas interessadas em conseguir créditos tributários.
De acordo com as investigações da PF, essa quadrilha pagava uma mensalidade de R$ 20 mil a R$ 30 mil para desembargadores, juízes, um procurador da Fazenda Nacional e uma funcionária da Receita Federal. O esquema contaria ainda com a participação de policiais civis.
Questionado se esse pagamento poderia ser caracterizado como "mensalão", o superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Geraldo José de Araújo, afirmou que era mais um "bingão da Justiça".
Além da mensalidade, segundo ele, a organização criminosa pagaria para os magistrados R$ 150 mil por sentença favorável. A mensalidade de R$ 20 mil a R$ 30 mil seria uma espécie de taxa de manutenção do sistema criminoso.
Essas sentenças beneficiariam casas de bingo e empresas interessadas em conseguir créditos tributários na Receita Federal. Os bingos também se beneficiariam desses créditos tributários.
Araújo disse que as investigações da Operação Têmis não têm relação direta com a Hurricane --deflagrada na sexta passada--, embora as duas investiguem ações criminosas envolvendo casas de bingo.
Vazamento
Araújo disse que houve vazamento de informações sobre a operação desencadeada hoje em São Paulo. "Há um mês houve vazamento de informações", disse o superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Geraldo José de Araújo.
Segundo ele, o vazamento dessas informações atrapalhou as investigações e dificultou a coleta de provas. "Isso atrapalhou muito. Algumas provas desapareceram."
Para a PF, as informações vazaram por meio de uma empresa de telefonia --cujo nome não foi divulgado--, que repassaram os dados para policiais envolvidos com a quadrilha.
Segundo o superintendente, há um grupo de lobistas que atuava em nome de empresários e casas de bingo junto ao Judiciário. Os policiais acusados dariam proteção para as empresas, além de ajudar a buscar informações para os lobistas. A funcionária da Receita ficaria responsável pela facilitação dos créditos tributários.
Apreensões
A PF apreendeu nesta sexta-feira cerca de 40 quilos de documentos nos gabinetes de desembargadores, de juízes e de um procurador da Fazenda Nacional.
Na Procuradoria da Fazenda Nacional a PF apreendeu 35 quilos de documentos, além do HD (disco rígido) de um computador no gabinete de um procurador. No gabinete do desembargador Roberto Haddad a PF apreendeu dois quilos de documentos, um notebook e um HD de computador. A PF também apreendeu documentos e o HD do computador da juíza Maria Cristina Cukierkorn, da 23ª Vara Federal.
Segundo a PF, todo o material apreendido vai ser conferido em São Paulo e depois enviado para a Superintendência de Brasília.
Também foram realizadas buscas nos gabinetes dos desembargadores Alda Bastos e Nery da Costa Júnior e do juiz Djalma Moreira Gomes, da 25ª Vara. A operação também envolve policiais civis.
Ao todo, a PF cumpre 70 mandados de busca e apreensão nos escritórios e casas de magistrados, advogados e empresários acusados de integrarem uma suposta quadrilha especializada na venda de sentenças judiciais para beneficiar a máfia de jogos e outros esquemas ilegais.
A PF informou ainda que chegou a pedir a prisão de cerca de 40 pessoas acusados de envolvimento com a suposta organização criminosa. Mas o STJ (Superior Tribunal de Justiça) negou o pedido de prisão temporária. O relator do caso é o ministro Felix Fisher. O caso foi para o STJ porque envolve desembargadores.
Leia mais
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Nomeação de novo juiz do Supremo pode ter impacto sobre a Lava Jato
- Indicação de Alexandre de Moraes vai aprofundar racha dentro do PSDB
- Base no Senado exalta currículo de Moraes e elogia indicação
- Na USP, Moraes perdeu concursos e foi acusado de defender tortura
- Escolha de Moraes só possui semelhança com a de Nelson Jobim em 1997
+ Comentadas
- Manifestantes tentam impedir fala de Moro em palestra em Nova York
- Temer decide indicar Alexandre de Moraes para vaga de Teori no STF
+ EnviadasÍndice