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01/05/2007
-
06h11
da Folha de S.Paulo
Quatro gerações de jornalistas e alguns dos principais empresários de mídia do país compareceram ao enterro de Octavio Frias de Oliveira. Passaram pelo cemitério Gethsêmani, entre outros, João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo, Ruy Mesquita, membro do Conselho de Administração e diretor de Opinião do Grupo Estado, Elio Gaspari, Boris Casoy, Joelmir Beting, Lillian Wite Fibe, Luis Nassif, Alberto Dines e Maristela Mafei.
Também estiveram no enterro três ex-ombudsmans da Folha (Caio Túlio Costa, Mario Vitor Santos e Marcelo Beraba) e Carlos Eduardo Lins da Silva, ex-diretor-adjunto do jornal.
João Roberto ressaltou o que considera ser a principal contribuição de Frias de Oliveira para a história do jornalismo brasileiro: "Ele foi um grande reformista na imprensa e deixou lições para todos nós", disse, especificando que as lições tratam de ética e jornalismo.
Para ele, Frias de Oliveira tinha muitas afinidades com seu pai, o jornalista Roberto Marinho (1904-2003), o criador das Organizações Globo: "Meu pai foi um jornalista com alma de empresário e o sr. Frias, um empresário com alma de jornalista. O curioso é que meu pai não gostava de ser chamado de empresário e sim de jornalista, e o sr. Frias não gostava de ser chamado de jornalista e sim de empresário. Os dois se davam muito bem".
O empreendedor
Ruy Mesquita destacou a visão empresarial de Frias de Oliveira: "Um grande empreendedor que transformou um jornal inexpressivo e decadente num dos maiores jornais do país".
Na véspera do enterro, Nelson Sirotsky, presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais) e diretor-presidente do grupo RBS, havia dito: "Temos que reverenciar a grande contribuição que deu para a democracia do país. Ele sempre foi muito próximo de todas as causas voltadas à liberdade".
Dois jornalistas hoje famosos, Lilian Wite Fibe e Joelmir Beting, e o quadrinista Mauricio de Souza lembraram da importância de Frias de Oliveira no início de suas carreiras.
"Ele me inventou como jornalista econômico. Juntos nós criamos a editoria de Dinheiro da Folha. Ele é meu pai profissional em todos os sentidos", contou Beting. Wite Fibe disse que foi Frias de Oliveira quem lhe deu o primeiro emprego, nos anos 70: "Eu estava pensando como ele foi importante para a minha carreira, eu não sei o que teria sido da minha carreira se não fosse ele".
Boris Casoy, editor-chefe da Folha entre 1977 e 1984, contou um episódio para ressaltar a generosidade e o humor de Frias de Oliveira: "Uma noite, depois de um dia de trabalho muito extenuante, pegamos o elevador no nono andar, onde ficava o escritório dele, e o elevador parou no terceiro. Surgiu uma figura enorme, gorda, extenuada, suando. O seu Frias estava com um safári amarelo e o sujeito disse: 'Térreo'. Eu pensei assim: lá vem esporro, mas o seu Frias disse 'pois não' e apertou o térreo. Depois que chegamos eu perguntei por que ele deixou que o sujeito falasse assim com ele e ele falou: 'Deixa ele ser feliz por um instante'".
Crença no mercado
Nassif, ex-colunista da Folha, disse ter admiração pela forma pela qual Frias de Oliveira encarava o mercado: "A Folha virou o paladino das Diretas nos anos 80 e ele virou um paradigma da imprensa brasileira atuando de acordo com a lógica capitalista, não era por ideologia. Ele percebia que a imprensa tinha de repercutir o que a opinião pública sentia e percebia que você tinha de ter diversidade no jornal".
Alberto Dines, que chefiou a Sucursal do Rio da Folha nos anos 70 e foi colunista do jornal, afirma que a maior contribuição de Frias de Oliveira foi a guinada jornalística que promoveu no regime militar: "Ele fez uma revolução de conteúdo. Criou uma página de opinião durante a autocensura e em seguida criou a página 3, que virou um paradigma: não há hoje nenhum grande jornal brasileiro que não tenha duas páginas de opinião, a própria e a de convidados".
Mauricio de Souza, cujos personagens foram publicados pela Folha pela primeira vez, afirmou que a ajuda de Frias de Oliveira e do sócio Carlos Caldeira Filho foi decisiva para o sucesso da Turma da Mônica. "Começar dentro de um jornal fez a diferença. Eles me apoiaram inclusive financeiramente. Eu não tinha recurso, e eles permitiram que eu ficasse num prédio vizinho que era deles, pagando uma coisa simbólica."
Roberto Duailibi, sócio-diretor da DPZ, afirmou que Frias de Oliveira sempre prestigiou os publicitários e as agências de publicidade: "Ele levava a sério a recomendação de Henry Luce, o fundador da Time: 'Se você fizer um veículo de comunicação pensando no anunciante, perderá os leitores e os anunciantes. Se fizer o jornal pensando no leitor, ganhará leitores e anunciantes".
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Quatro gerações de jornalistas e alguns dos principais empresários de mídia do país compareceram ao enterro de Octavio Frias de Oliveira. Passaram pelo cemitério Gethsêmani, entre outros, João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo, Ruy Mesquita, membro do Conselho de Administração e diretor de Opinião do Grupo Estado, Elio Gaspari, Boris Casoy, Joelmir Beting, Lillian Wite Fibe, Luis Nassif, Alberto Dines e Maristela Mafei.
Marlene Bergamo /Folha Imagem |
Fotógrafos e cinegrafistas registram enterro de Octavio Frias de Oliveira, publisher da Folha |
João Roberto ressaltou o que considera ser a principal contribuição de Frias de Oliveira para a história do jornalismo brasileiro: "Ele foi um grande reformista na imprensa e deixou lições para todos nós", disse, especificando que as lições tratam de ética e jornalismo.
Para ele, Frias de Oliveira tinha muitas afinidades com seu pai, o jornalista Roberto Marinho (1904-2003), o criador das Organizações Globo: "Meu pai foi um jornalista com alma de empresário e o sr. Frias, um empresário com alma de jornalista. O curioso é que meu pai não gostava de ser chamado de empresário e sim de jornalista, e o sr. Frias não gostava de ser chamado de jornalista e sim de empresário. Os dois se davam muito bem".
O empreendedor
Ruy Mesquita destacou a visão empresarial de Frias de Oliveira: "Um grande empreendedor que transformou um jornal inexpressivo e decadente num dos maiores jornais do país".
Na véspera do enterro, Nelson Sirotsky, presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais) e diretor-presidente do grupo RBS, havia dito: "Temos que reverenciar a grande contribuição que deu para a democracia do país. Ele sempre foi muito próximo de todas as causas voltadas à liberdade".
Dois jornalistas hoje famosos, Lilian Wite Fibe e Joelmir Beting, e o quadrinista Mauricio de Souza lembraram da importância de Frias de Oliveira no início de suas carreiras.
"Ele me inventou como jornalista econômico. Juntos nós criamos a editoria de Dinheiro da Folha. Ele é meu pai profissional em todos os sentidos", contou Beting. Wite Fibe disse que foi Frias de Oliveira quem lhe deu o primeiro emprego, nos anos 70: "Eu estava pensando como ele foi importante para a minha carreira, eu não sei o que teria sido da minha carreira se não fosse ele".
Boris Casoy, editor-chefe da Folha entre 1977 e 1984, contou um episódio para ressaltar a generosidade e o humor de Frias de Oliveira: "Uma noite, depois de um dia de trabalho muito extenuante, pegamos o elevador no nono andar, onde ficava o escritório dele, e o elevador parou no terceiro. Surgiu uma figura enorme, gorda, extenuada, suando. O seu Frias estava com um safári amarelo e o sujeito disse: 'Térreo'. Eu pensei assim: lá vem esporro, mas o seu Frias disse 'pois não' e apertou o térreo. Depois que chegamos eu perguntei por que ele deixou que o sujeito falasse assim com ele e ele falou: 'Deixa ele ser feliz por um instante'".
Crença no mercado
Nassif, ex-colunista da Folha, disse ter admiração pela forma pela qual Frias de Oliveira encarava o mercado: "A Folha virou o paladino das Diretas nos anos 80 e ele virou um paradigma da imprensa brasileira atuando de acordo com a lógica capitalista, não era por ideologia. Ele percebia que a imprensa tinha de repercutir o que a opinião pública sentia e percebia que você tinha de ter diversidade no jornal".
Alberto Dines, que chefiou a Sucursal do Rio da Folha nos anos 70 e foi colunista do jornal, afirma que a maior contribuição de Frias de Oliveira foi a guinada jornalística que promoveu no regime militar: "Ele fez uma revolução de conteúdo. Criou uma página de opinião durante a autocensura e em seguida criou a página 3, que virou um paradigma: não há hoje nenhum grande jornal brasileiro que não tenha duas páginas de opinião, a própria e a de convidados".
Mauricio de Souza, cujos personagens foram publicados pela Folha pela primeira vez, afirmou que a ajuda de Frias de Oliveira e do sócio Carlos Caldeira Filho foi decisiva para o sucesso da Turma da Mônica. "Começar dentro de um jornal fez a diferença. Eles me apoiaram inclusive financeiramente. Eu não tinha recurso, e eles permitiram que eu ficasse num prédio vizinho que era deles, pagando uma coisa simbólica."
Roberto Duailibi, sócio-diretor da DPZ, afirmou que Frias de Oliveira sempre prestigiou os publicitários e as agências de publicidade: "Ele levava a sério a recomendação de Henry Luce, o fundador da Time: 'Se você fizer um veículo de comunicação pensando no anunciante, perderá os leitores e os anunciantes. Se fizer o jornal pensando no leitor, ganhará leitores e anunciantes".
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