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11/05/2007
-
11h15
Texto publicado originalmente em 15 de setembro de 2001
da Folha Online
O espiritismo, doutrina que surgiu em 1857 com o lançamento de "O Livro dos Espíritos" na França, tem por pedra fundamental a chamada reencarnação. Pela teoria, todos os seres humanos são espíritos reencarnados na Terra para evoluir. A morte seria apenas a passagem da alma do mundo físico para o mundo espiritual. No Brasil, estima-se que 10 milhões assumam a crença.
Assim como no cristianismo, doutrina da qual é derivado, para o espiritismo Deus é a "causa primária", inteligência suprema que criou o universo e as leis que o regem. Uma delas, além da reencarnação, seria a lei de causa e efeito, também chamada "carma" pelos hindus.
Tal lei funcionaria ao lado da reencarnação. O objetivo do espírito, criado "simples e ignorante" por Deus, é chegar à perfeição. A falta de experiência o levará a erros durante esse caminho, e a lei de ação e reação o obrigará a reparar suas faltas para voltar ao bem. A reencarnação, portanto, seria a forma do espírito corrigir os erros que cometeu em outras vidas e dar mais um passo rumo à perfeição.
O espiritismo também prega a pluralidade de mundos, baseado na frase de Cristo: "A casa de meu Pai tem muitas moradas". Todos os planetas do universo seriam habitados --pensar o contrário, segundo o espiritismo, seria questionar a inteligência de Deus, que teria criado outros planetas apenas para embelezar o céu terrestre.
A doutrina também prega a inexistência do céu e do inferno como concebidos pelo catolicismo. Segundo o espiritismo, existem vários planos vibratórios, dos mais inferiores aos mais elevados. Durante sua evolução, o espírito transita entre esses diversos planos.
Pensar na figura do diabo também seria questionar o poder e a inteligência de Deus, já que o criador de tudo o que existe no universo não criaria um outro ser capaz de disputar com ele ou fazer mal às suas criaturas. A doutrina kardecista, como também é chamada, questiona também a existência do mal --assim como a escuridão é a ausência da luz, o mal seria a ausência do bem, do entendimento do bem.
Jesus Cristo também é diferente para o espiritismo. O católico considera Jesus como a "encarnação" de Deus na Terra. O espírita acredita que Deus é criador, e Jesus é criatura. O Cristo seria um espírito muito evoluído, responsável pelo planeta Terra e pelos espíritos que nele habitam diante de Deus.
Comunicação com o além
A figura do médium também faz parte da crença espírita. Como o próprio nome diz, ele seria um meio de comunicação entre o mundo físico e o mundo espiritual. O ícone do fenômeno no Brasil é Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier.
A mediunidade seria um dom que todos os seres humanos têm, em diferentes graus. Chico Xavier teria a capacidade de ver, ouvir e incorporar espíritos. Há os que só os vêem, há os que só os ouvem. Também há os que apenas sentem vibrações ou sonham. Para o espiritismo, todos são médiuns.
Essa religião também assume a existência de um espírito-guia, também chamado de anjo da guarda, além de espíritos amigos que nos acompanham nossa encarnação na Terra para nos auxiliar a vencer nossos defeitos. Por outro lado, aqueles a quem prejudicamos em outras vidas se tornam obsessores, espíritos que nos perseguem e, com vibrações inferiores, procuram nos atormentar.
Em meados do século passado, quando da fundação da Federação Espírita Brasileira, a mediunidade era muito utilizada para a obtenção de efeitos físicos como a materialização de espíritos ou objetos. De lá para cá, as maiores instituições brasileiras relacionadas à doutrina --Aliança Espírita Brasileira e Fraternidade dos Discípulos de Jesus, além própria Federação-- têm se preocupado com a fundação de escolas de ensino moral.
Allan Kardec
Tido como fundador da doutrina espírita, o professor Hyppolyte Leon Denizard Rivail, que adotou para suas obras espíritas o pseudônimo de Allan Kardec, nasceu em 3 de outubro de 1804, em Lion, França. Ele era filho de um juiz, Jean Baptiste-Antoine Rivail, e sua mãe chamava-se Jeanne Louise Duhamel.
Rivail estudou pedagogia com o célebre professor Pestalozzi, de quem cedo se tornou discípulo e colaborador. Falava alemão, inglês, italiano e espanhol. Membro de várias sociedades acadêmicas, foi autor de numerosas obras didáticas na área.
Em 1854, o professor ouviu falar pela primeira vez sobre os fenômenos das mesas girantes, moda da época nos salões europeus (algo parecido com a popular "brincadeira do copo"). No ano seguinte, interessou-se mais pelo assunto e passou a estudar os fenômenos.
Após algumas sessões, começou a questionar os ditos "espíritos" para descobrir uma resposta lógica que pudesse explicar o fato de objetos inertes emitirem mensagens inteligentes. As "forças invisíveis" que se manifestavam pelas mesas diziam ser almas de homens que tinham vivido na Terra.
A partir daí, Rivail começou a fazer perguntas para todos os "homens que viviam no além" com quem conversou. Dessas entrevistas nasceu "O Livro dos Espíritos", primeira obra espírita publicada em 1857.
A partir de então, Kardec publicou mais seis livros, entre eles "O Evangelho Segundo o Espiritismo" (1864) e "O Céu e o Inferno" (1865). Fundou também a chamada "Revista Espírita", em 1858.
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da Folha Online
O espiritismo, doutrina que surgiu em 1857 com o lançamento de "O Livro dos Espíritos" na França, tem por pedra fundamental a chamada reencarnação. Pela teoria, todos os seres humanos são espíritos reencarnados na Terra para evoluir. A morte seria apenas a passagem da alma do mundo físico para o mundo espiritual. No Brasil, estima-se que 10 milhões assumam a crença.
Assim como no cristianismo, doutrina da qual é derivado, para o espiritismo Deus é a "causa primária", inteligência suprema que criou o universo e as leis que o regem. Uma delas, além da reencarnação, seria a lei de causa e efeito, também chamada "carma" pelos hindus.
Tal lei funcionaria ao lado da reencarnação. O objetivo do espírito, criado "simples e ignorante" por Deus, é chegar à perfeição. A falta de experiência o levará a erros durante esse caminho, e a lei de ação e reação o obrigará a reparar suas faltas para voltar ao bem. A reencarnação, portanto, seria a forma do espírito corrigir os erros que cometeu em outras vidas e dar mais um passo rumo à perfeição.
O espiritismo também prega a pluralidade de mundos, baseado na frase de Cristo: "A casa de meu Pai tem muitas moradas". Todos os planetas do universo seriam habitados --pensar o contrário, segundo o espiritismo, seria questionar a inteligência de Deus, que teria criado outros planetas apenas para embelezar o céu terrestre.
A doutrina também prega a inexistência do céu e do inferno como concebidos pelo catolicismo. Segundo o espiritismo, existem vários planos vibratórios, dos mais inferiores aos mais elevados. Durante sua evolução, o espírito transita entre esses diversos planos.
Pensar na figura do diabo também seria questionar o poder e a inteligência de Deus, já que o criador de tudo o que existe no universo não criaria um outro ser capaz de disputar com ele ou fazer mal às suas criaturas. A doutrina kardecista, como também é chamada, questiona também a existência do mal --assim como a escuridão é a ausência da luz, o mal seria a ausência do bem, do entendimento do bem.
Jesus Cristo também é diferente para o espiritismo. O católico considera Jesus como a "encarnação" de Deus na Terra. O espírita acredita que Deus é criador, e Jesus é criatura. O Cristo seria um espírito muito evoluído, responsável pelo planeta Terra e pelos espíritos que nele habitam diante de Deus.
Comunicação com o além
A figura do médium também faz parte da crença espírita. Como o próprio nome diz, ele seria um meio de comunicação entre o mundo físico e o mundo espiritual. O ícone do fenômeno no Brasil é Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier.
A mediunidade seria um dom que todos os seres humanos têm, em diferentes graus. Chico Xavier teria a capacidade de ver, ouvir e incorporar espíritos. Há os que só os vêem, há os que só os ouvem. Também há os que apenas sentem vibrações ou sonham. Para o espiritismo, todos são médiuns.
Essa religião também assume a existência de um espírito-guia, também chamado de anjo da guarda, além de espíritos amigos que nos acompanham nossa encarnação na Terra para nos auxiliar a vencer nossos defeitos. Por outro lado, aqueles a quem prejudicamos em outras vidas se tornam obsessores, espíritos que nos perseguem e, com vibrações inferiores, procuram nos atormentar.
Em meados do século passado, quando da fundação da Federação Espírita Brasileira, a mediunidade era muito utilizada para a obtenção de efeitos físicos como a materialização de espíritos ou objetos. De lá para cá, as maiores instituições brasileiras relacionadas à doutrina --Aliança Espírita Brasileira e Fraternidade dos Discípulos de Jesus, além própria Federação-- têm se preocupado com a fundação de escolas de ensino moral.
Allan Kardec
Tido como fundador da doutrina espírita, o professor Hyppolyte Leon Denizard Rivail, que adotou para suas obras espíritas o pseudônimo de Allan Kardec, nasceu em 3 de outubro de 1804, em Lion, França. Ele era filho de um juiz, Jean Baptiste-Antoine Rivail, e sua mãe chamava-se Jeanne Louise Duhamel.
Rivail estudou pedagogia com o célebre professor Pestalozzi, de quem cedo se tornou discípulo e colaborador. Falava alemão, inglês, italiano e espanhol. Membro de várias sociedades acadêmicas, foi autor de numerosas obras didáticas na área.
Em 1854, o professor ouviu falar pela primeira vez sobre os fenômenos das mesas girantes, moda da época nos salões europeus (algo parecido com a popular "brincadeira do copo"). No ano seguinte, interessou-se mais pelo assunto e passou a estudar os fenômenos.
Após algumas sessões, começou a questionar os ditos "espíritos" para descobrir uma resposta lógica que pudesse explicar o fato de objetos inertes emitirem mensagens inteligentes. As "forças invisíveis" que se manifestavam pelas mesas diziam ser almas de homens que tinham vivido na Terra.
A partir daí, Rivail começou a fazer perguntas para todos os "homens que viviam no além" com quem conversou. Dessas entrevistas nasceu "O Livro dos Espíritos", primeira obra espírita publicada em 1857.
A partir de então, Kardec publicou mais seis livros, entre eles "O Evangelho Segundo o Espiritismo" (1864) e "O Céu e o Inferno" (1865). Fundou também a chamada "Revista Espírita", em 1858.
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