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13/10/2003 - 12h01

Russo Iuri Gagarin foi primeiro homem a voar no espaço

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da Folha de S.Paulo

Iuri Gagarin é um herói da exploração espacial. Seu feito: realizar o primeiro vôo orbital tripulado --como espectador. A nave que o levou à fama em 12 de abril de 1961, a Vostok-1, era totalmente automatizada. A ele coube o papel de assistir sentado ao espetáculo e contar a novidade à equipe de controle: "A Terra é azul".

Se a ida foi tranquila, a volta não foi tão sossegada. Após o vôo de 1h48min, tempo suficiente para dar uma volta em torno da Terra, a nave foi direcionada para sua reentrada na atmosfera.

A distância de 300 km que separava Gagarin do chão seria coberta em apenas alguns minutos. Mas a adrenalina subiu mesmo quando o primeiro cosmonauta da história estava a cerca de 4 km do chão. A escotilha da nave se abriu, seus cintos de segurança foram automaticamente arrebentados. Dois segundos depois, Gagarin foi ejetado para fora do veículo, para uma descida suave de pára-quedas até o chão.

Nada que o cosmonauta já não conhecesse. Todos os candidatos ao programa de treinamento para cosmonautas foram tirados dos quadros de pilotos da força aérea soviética. "Gagarin era mais um piloto militar comum, entre milhares de outros", afirma Georgy Zastenker, 69, do Instituto de Pesquisa Espacial, em Moscou.

Essa caracterização simples do cosmonauta fez dele uma personalidade ainda mais amada pelos russos. "Eu sempre o apreciei não como um herói, mas quase como um bom rapaz, igual a muitos de nós", diz Zastenker.

"Os cientistas e os engenheiros envolvidos sabiam que o papel pessoal dos primeiros pilotos não seria importante", conta. O papel mais importante da missão, por incrível que pareça, não coube a Gagarin, mas a Sergei Korolev.

Korolev, nascido em 1907, foi o verdadeiro "pai" do programa espacial soviético. Em 1937, no auge da repressão, o cientista foi preso, mas solto um ano depois, quando Stálin percebeu que precisaria de gente para desenvolver mísseis para o iminente confronto com a Alemanha nazista.

Depois da guerra, Korolev continuou a mobilizar a indústria espacial. Foi ele o responsável pelo projeto do foguete R-7, que levou o Sputnik-1 (primeiro satélite artificial) ao espaço em 1957, e o Vostok-1, com Gagarin junto, quatro anos depois. O próprio projeto Vostok foi comandado pessoalmente por Korolev.

Com os sucessos subsequentes sobre os EUA na corrida espacial, Korolev permaneceu no comando do programa soviético, centralizando todos os novos projetos. Eles incluíam uma nave capaz de transportar mais de um cosmonauta, a Voskhod, e um programa para levar a União Soviética à Lua antes dos EUA.

Corrida espacial

As dificuldades do programa lunar soviético (mais modesto que o americano, para apenas um cosmonauta) foram agravadas pela morte de Korolev em 1966. Com a perda de seu mais brilhante projetista, a União Soviética não conseguiu concluir seus planos lunares, sendo suplantada pelos EUA em julho de 1969, quando Neil Armstrong e Edwin Aldrin caminharam sobre a Lua.

Não que a essa altura importe muito discutir quem ganhou a corrida espacial. "O vôo de Gagarin foi extremamente emocionante, não só para a União Soviética, mas para muitas pessoas pensantes. Foi uma vitória da humanidade. A seguinte, o pouso de Armstrong na Lua. É uma pena que muitas pessoas, talvez a maioria, na época pensassem naquilo apenas como uma competição entre Estados Unidos e União Soviética", diz Zastenker.

Brasil

O vôo histórico de Gagarin foi rápido, mas rendeu milhagem que levaria qualquer companhia aérea à falência. Logo após seu passeio com a Vostok-1, o cosmonauta iniciou um tour pelo mundo, a convite de vários países, como Finlândia e Inglaterra.

Na América, ele passou por Cuba e pelo Brasil, onde esteve no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília. Sua estada em terras brasileiras começou no dia 29 de julho de 1961 e terminou em 5 de agosto. Gagarin conheceu autoridades, foi condecorado pelo presidente Jânio Quadros e chegou até a conhecer um menino recém-nascido que levava seu nome, Yuri Gagarin da Silva.

Ao chegar em Brasília, o cosmonauta comentou: "A impressão que eu tenho é a de estar chegando a um planeta diferente".

Na capital, o cosmonauta entregou uma mensagem do líder soviético Nikita Kruchev a Jânio --o primeiro passo para o estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países, o que viria a se concretizar em dezembro daquele ano.

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