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15/10/2003
-
16h02
da France Presse, em Pequim (China)
O vôo espacial tripulado realizado pela China desperta um interesse científico limitado em si, mas pode ser uma primeira etapa para a construção de uma estação espacial, o que teria importantes repercussões civis e militares, segundo especialistas.
"A Shenzhou-5 nos remete ao tipo de naves espaciais construídas pelos Estados Unidos e pela ex-União Soviética há anos. É uma cópia da Soyuz [cápsula espacial russa]", avaliou David Baker, diretor da revista Jane's Space Directory.
Em sua opinião, a maioria das missões científicas são realizadas hoje por satélites. "Os vôos tripulados são muito caros, mas não trazem grande coisa no campo científico", disse.
Vôos tripulados
A China, que lançou mais de 50 satélites nos últimos 30 anos, fez inclusive experiências científicas a bordo dos quatro vôos não-tripulados precedentes de seu programa espacial Shenzhou, iniciado em 1992.
"A partir do momento em que o programa Shenzhou foi posto em andamento, os chineses concentraram seus embarques de satélites nestes lançadores. O Shenzhou-4 incluiu cinco satélites dedicados [a estas experiências]", afirmou Philippe Coué, autor de um livro intitulado "Cosmonautes de Chine".
Coué destacou, ainda, certas diferenças em relação ao modelo soviético. "Ao contrário do que ocorria com o programa Soyuz, os módulos orbitais da Shenzhou não voltam à Terra rapidamente. O da Shenzhou-4 caiu no Pacífico em 9 de setembro, depois de 9 meses, quando a duração máxima de manutenção no espaço é, em princípio, de seis meses", explicou.
Transição rápida
"A China passará muito rapidamente do vôo tripulado à estação espacial. O que os americanos e os russos demoraram cinco ou seis anos para fazer, a China fará muito mais rapidamente", estimou, por sua vez, Brian Harvey, autor de outro livro sobre o programa espacial chinês.
"A estação espacial chinesa será uma versão reduzida da MIR [estação orbital russa destruída em 2001 depois de quinze anos de funcionamento]", acrescentou Harvey. Assim como os russos, os chineses sem dúvida procederão gradualmente, prolongando aos poucos suas estadias no espaço.
Diferentes dos simples vôos tripulados, as estações espaciais cumprem um papel científico importante. "Seus laboratórios fazem observações muito boas do Sol, e a MIR fez importantes experiências sobre a ausência de gravidade", explicou.
Aplicações militares
Em razão de suas possíveis aplicações militares, a presença chinesa no espaço começou a preocupar os Estados Unidos.
"A curto prazo, não haverá tensões, porque os Estados Unidos sabem que o programa espacial chinês tem entre dez e quinze anos de atraso. Mesmo assim, os norte-americanos acompanham de perto todos os seus resultados", avaliou Arthur Ding, especialista em questões militares chinesas do Instituto de Estudos Internacionais de Taiwan.
"Desde o princípio do programa Shenzhou, houve cargas úteis militares, notadamente no domínio das escutas eletrônicas", afirmou Philippe Coué, destacando que "o único material conhecido embarcado na Shenzhou-5 é uma câmara", e "tipos de grandes objetivas também foram identificadas no módulo orbital".
Ding reforçou o caráter ambíguo deste material. "Na fase de planejamento, os chineses integram [as áreas] civil e militar", sustentou, estimando que seus esforços "vão se concentrar em aplicações como as comunicações ou a navegação para barcos civis ou militares, mais do que na pesquisa fundamental".
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O vôo espacial tripulado realizado pela China desperta um interesse científico limitado em si, mas pode ser uma primeira etapa para a construção de uma estação espacial, o que teria importantes repercussões civis e militares, segundo especialistas.
"A Shenzhou-5 nos remete ao tipo de naves espaciais construídas pelos Estados Unidos e pela ex-União Soviética há anos. É uma cópia da Soyuz [cápsula espacial russa]", avaliou David Baker, diretor da revista Jane's Space Directory.
Em sua opinião, a maioria das missões científicas são realizadas hoje por satélites. "Os vôos tripulados são muito caros, mas não trazem grande coisa no campo científico", disse.
Vôos tripulados
A China, que lançou mais de 50 satélites nos últimos 30 anos, fez inclusive experiências científicas a bordo dos quatro vôos não-tripulados precedentes de seu programa espacial Shenzhou, iniciado em 1992.
"A partir do momento em que o programa Shenzhou foi posto em andamento, os chineses concentraram seus embarques de satélites nestes lançadores. O Shenzhou-4 incluiu cinco satélites dedicados [a estas experiências]", afirmou Philippe Coué, autor de um livro intitulado "Cosmonautes de Chine".
Coué destacou, ainda, certas diferenças em relação ao modelo soviético. "Ao contrário do que ocorria com o programa Soyuz, os módulos orbitais da Shenzhou não voltam à Terra rapidamente. O da Shenzhou-4 caiu no Pacífico em 9 de setembro, depois de 9 meses, quando a duração máxima de manutenção no espaço é, em princípio, de seis meses", explicou.
Transição rápida
"A China passará muito rapidamente do vôo tripulado à estação espacial. O que os americanos e os russos demoraram cinco ou seis anos para fazer, a China fará muito mais rapidamente", estimou, por sua vez, Brian Harvey, autor de outro livro sobre o programa espacial chinês.
"A estação espacial chinesa será uma versão reduzida da MIR [estação orbital russa destruída em 2001 depois de quinze anos de funcionamento]", acrescentou Harvey. Assim como os russos, os chineses sem dúvida procederão gradualmente, prolongando aos poucos suas estadias no espaço.
Diferentes dos simples vôos tripulados, as estações espaciais cumprem um papel científico importante. "Seus laboratórios fazem observações muito boas do Sol, e a MIR fez importantes experiências sobre a ausência de gravidade", explicou.
Aplicações militares
Em razão de suas possíveis aplicações militares, a presença chinesa no espaço começou a preocupar os Estados Unidos.
"A curto prazo, não haverá tensões, porque os Estados Unidos sabem que o programa espacial chinês tem entre dez e quinze anos de atraso. Mesmo assim, os norte-americanos acompanham de perto todos os seus resultados", avaliou Arthur Ding, especialista em questões militares chinesas do Instituto de Estudos Internacionais de Taiwan.
"Desde o princípio do programa Shenzhou, houve cargas úteis militares, notadamente no domínio das escutas eletrônicas", afirmou Philippe Coué, destacando que "o único material conhecido embarcado na Shenzhou-5 é uma câmara", e "tipos de grandes objetivas também foram identificadas no módulo orbital".
Ding reforçou o caráter ambíguo deste material. "Na fase de planejamento, os chineses integram [as áreas] civil e militar", sustentou, estimando que seus esforços "vão se concentrar em aplicações como as comunicações ou a navegação para barcos civis ou militares, mais do que na pesquisa fundamental".
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