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15/10/2003 - 19h51

Nave espacial chinesa aterrissa na Mongólia; astronauta passa bem

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da Folha Online

A nave espacial Shenzhou-5 aterrissou na Mongólia às 6h28 (19h38 desta quarta-feira em Brasília), cerca de 21 horas após seu lançamento, como havia sido previsto. Segundo a televisão estatal chinesa, o astronauta Yang Liwei, 38, que tripulou a nave, já deixou a cápsula e passa bem.

Reuters/Xinhua
O lançamento da Shenzhou-5 por um foguete Longa Marcha-2F aconteceu às 9h (22h de terça-feira em Brasília) numa instalação situada no deserto de Gobi, na Mongólia. E fez da China o terceiro país a enviar um homem para o espaço.

A janela de lançamento ficaria aberta até sexta-feira, para contornar imprevistos como mau tempo. Porém, o foguete foi lançado logo na primeira hora após sua abertura. E seu retorno se deu também 21 horas após sua decolagem, depois de ter dado 14 voltas em órbita da Terra, exatamente com o programa espacial previa.

A Shenzhou-5 é um veículo até mais versátil do que a Soyuz TMA (última versão da nave russa, usada desde 1967), com capacidade para três tripulantes e 20 dias de vôo autônomo.

Vôos tripulados

A China, que lançou mais de 50 satélites nos últimos 30 anos, fez inclusive experiências científicas a bordo dos quatro vôos não-tripulados precedentes de seu programa espacial Shenzhou, iniciado em 1992.

"A partir do momento em que o programa Shenzhou foi posto em andamento, os chineses concentraram seus embarques de satélites nestes lançadores. O Shenzhou-4 incluiu cinco satélites dedicados [a estas experiências]", afirmou Philippe Coué, autor de um livro intitulado "Cosmonautes de Chine".

Coué destacou, ainda, certas diferenças em relação ao modelo soviético. "Ao contrário do que ocorria com o programa Soyuz, os módulos orbitais da Shenzhou não voltam à Terra rapidamente. O da Shenzhou-4 caiu no Pacífico em 9 de setembro, depois de 9 meses, quando a duração máxima de manutenção no espaço é, em princípio, de seis meses", explicou.

Transição rápida

"A China passará muito rapidamente do vôo tripulado à estação espacial. O que os americanos e os russos demoraram cinco ou seis anos para fazer, a China fará muito mais rapidamente", estimou, por sua vez, Brian Harvey, autor de outro livro sobre o programa espacial chinês.

"A estação espacial chinesa será uma versão reduzida da MIR [estação orbital russa destruída em 2001 depois de quinze anos de funcionamento]", acrescentou Harvey. Assim como os russos, os chineses sem dúvida procederão gradualmente, prolongando aos poucos suas estadias no espaço.

Diferentes dos simples vôos tripulados, as estações espaciais cumprem um papel científico importante. "Seus laboratórios fazem observações muito boas do Sol, e a MIR fez importantes experiências sobre a ausência de gravidade", explicou.

Aplicações militares

Em razão de suas possíveis aplicações militares, a presença chinesa no espaço começou a preocupar os Estados Unidos.

"A curto prazo, não haverá tensões, porque os Estados Unidos sabem que o programa espacial chinês tem entre dez e quinze anos de atraso. Mesmo assim, os norte-americanos acompanham de perto todos os seus resultados", avaliou Arthur Ding, especialista em questões militares chinesas do Instituto de Estudos Internacionais de Taiwan.

"Desde o princípio do programa Shenzhou, houve cargas úteis militares, notadamente no domínio das escutas eletrônicas", afirmou Philippe Coué, destacando que "o único material conhecido embarcado na Shenzhou-5 é uma câmara", e "tipos de grandes objetivas também foram identificadas no módulo orbital".

Ding reforçou o caráter ambíguo deste material. "Na fase de planejamento, os chineses integram [as áreas] civil e militar", sustentou, estimando que seus esforços "vão se concentrar em aplicações como as comunicações ou a navegação para barcos civis ou militares, mais do que na pesquisa fundamental".

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