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27/01/2004 - 08h36

Vento dará energia a campos de petróleo no RN

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SALVADOR NOGUEIRA
da Folha de S.Paulo

A Petrobras inaugurou ontem, em Macau, Rio Grande do Norte, uma instalação que deve fornecer energia a quatro campos de produção da companhia naquele Estado. Fosse uma década atrás, poderia ser uma termelétrica. Sinal dos tempos, acabou sendo uma captadora de energia eólica.

Com três geradores de 46 metros e 75 toneladas, a instalação será capaz de produzir 1,8 megawatts, potência suficiente para abastecer uma cidade com 10 mil habitantes. A produção de energia a partir do vento poupará até 33 milhões de metros cúbicos de água dos reservatórios do sistema hidrelétrico do São Francisco.

Divulgação/Petrobras
"A primeira motivação foi a decisão da empresa de se tornar uma companhia de energia", disse à Folha Mozart Schmitt de Queiroz, gerente de Energia Renovável da Petrobras. "Antes o objetivo principal era atingir isso por meio de termelétricas, com gás natural, mas, como várias companhias internacionais no setor, decidimos fazer o movimento na direção dos recursos renováveis, como a energia solar, a eólica e a produção de biodiesel."

A instalação inaugurada ontem resulta de um investimento de R$ 6,8 milhões, mas não deve ser o único. "Já há dois outros projetos semelhantes, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. Eles estão em fase de licenciamento ambiental e finalização e devem produzir 3 megawatts [cada um]."

A produção de energia eólica tem dado saltos no cenário internacional, sobretudo na Europa. Isso está levando a uma queda em seu custo. "Hoje, estudos mostram que a energia gerada pelo vento já está se tornando competitiva com as termelétricas."

Para ele, o baixo custo da energia hidrelétrica produzida no Brasil ainda impede que a produção eólica seja comercialmente interessante. Mas isso pode acabar mudando. De acordo com Queiroz, o potencial brasileiro para geração de energia eólica chega a 143 gigawatts. E recursos não-renováveis, em especial o petróleo, se tornam mais escassos a cada dia.

"Cada vez mais, encontrar petróleo é uma tarefa difícil. E há também as crescentes pressões ambientais", diz.

O piloto instalado em Macau está sendo encarado pela Petrobras como uma maneira de aprender a gerar e gerir essa eletricidade da maneira mais eficiente possível. O benefício ambiental é o corte anual de emissões de 4.500 toneladas de gás carbônico na atmosfera. O gás é o principal causador do efeito estufa, fenômeno que impede que parte do calor gerado na superfície a partir dos raios solares escape para o espaço.

"Ainda é pouco, perto do consumo anual da companhia, mas já é um princípio", diz Queiroz. A empresa tem um consumo médio de 840 megawatts. "A Petrobras é conhecida como fornecedora de energia, mas poucos a reconhecem como consumidora, talvez a maior do Brasil." A empresa é mais conhecida, no aspecto ambiental, por acidentes como o derramamento de óleo no mar.

O objetivo da companhia é ter 10% de seu consumo energético abastecido por fontes renováveis até 2010. Para isso, ela investe anualmente 0,5% de seu orçamento, R$ 135 milhões, em pesquisa e projetos de energia renovável. Mas hoje a tecnologia dos projetos é estrangeira.

Os três aerogeradores instalados em Macau, cada um com potência de 600 quilowatts, foram fornecidos pela empresa alemã Wobben Windpower, que tem fábricas instaladas em Sorocaba (interior de São Paulo) e Fortaleza. A companhia também foi responsável pela construção e montagem do parque eólico. "É a única empresa no Brasil que comercializa o sistema", diz Queiroz.

A Petrobras também está fazendo investimentos modestos em energia solar, desenvolvendo unidades de bombeio mecânico alimentadas por painéis fotovoltaicos. O protótipo, em fase de testes, custou R$ 85 mil e foi desenvolvido pela empresa em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina e a empresa Sidermetal.

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