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19/11/2004 - 10h33

Implante de célula-tronco recupera mulher de derrame no Rio

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LUIZ FERNANDO VIANNA
da Folha de S.Paulo, no Rio

A dona-de-casa Maria das Graças da Pomuceno, 54, recebeu células-tronco retiradas de sua medula óssea no cérebro, três dias depois de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC). Sua recuperação, anunciada ontem por médicos do Rio, abre um novo caminho no tratamento do derrame.

O implante aconteceu no hospital Pró-Cardíaco, em 24 de agosto. "A experiência deixou claro que as células não fazem mal ao cérebro e que, portanto, podemos repeti-la em mais pacientes", afirmou ontem o diretor científico do Pró-Cardíaco, Hans Fernando Dohmann. O hospital desenvolve a pesquisa com o Instituto de Biofísica da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Segundo o protocolo assinado com o Ministério da Saúde, outros nove pacientes devem receber implantes até junho de 2005. Se o resultado for positivo, passa-se à fase 2, buscando alcançar um número maior de pessoas. "De cinco a oito anos", segundo Dohmann, o procedimento poderia ser adotado em larga escala.

Tendo chegado ao hospital com o lado direito do corpo paralisado, sem falar e compreender o que ouvia, Pomuceno já andava e movia os braços 17 dias depois de receber as células. Hoje, ela entende tudo o que lhe dizem e se trata para recuperar a fala.

Ela chegou com 17 pontos na escala NIH (Institutos Nacionais de Saúde, na sigla em inglês), que vai de zero (o melhor índice) a 43. Está agora com sete pontos, recuperação muito mais rápida do que a habitual, segundo os médicos.

"Ela estava condenada a ficar na cadeira de rodas. Foi sorte fazermos o tratamento", disse Márcio da Costa, filho da paciente.

Nos casos de AVC, o expediente convencional é tentar desobstruir o vaso entupido --normalmente a artéria cerebral média, como no caso de Pomuceno. As células-tronco cumpriram outro papel: criaram novas artérias, aumentaram a vascularização do cérebro e impediram que neurônios em estado terminal morressem.

O que não aconteceu, repetindo o verificado com roedores em laboratório, foi a diferenciação das células em novos neurônios. Na teoria, isso deveria acontecer, já as células-tronco podem ganhar a forma do meio em que são injetadas. As células-tronco têm a capacidade de diversos tipos de tecido do corpo, especialmente as encontradas nos embriões --a variedade retirada da medula óssea não costuma apresentar o mesmo potencial de diferenciação.

Os médicos do Pró-Cardíaco defendem a liberação do estudo com células embrionárias, ainda proibido no Brasil. Mas eles alertam que serão necessários anos de pesquisa até que o uso dessas células seja seguro.

"Elas são muito mais potentes do que as de medula, mas ainda não temos como dominar essa potência. As experiências feitas em outros países mostram que elas se transformam em pele, osso, cartilagem, não só no que se pretende ao aplicá-las", explicou Rosália Mendez-Otero, da UFRJ.

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