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21/11/2004 - 10h12

Motor de plasma passa da ficção científica para a órbita lunar

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da France Presse, em Paris (França)

Lugar comum durante mais de meio século na ficção, a impulsão de plasma virou realidade com a entrada da sonda lunar européia Smart-1 na órbita do satélite terrestre com um gasto de apenas 59 kg de combustível.

"O sistema de propulsão iônica é o futuro das viagens espaciais. Esta é uma missão pioneira", disse o astrônomo britânico Patrick Moore.

Um dos problemas da viagem espacial é que é necessário levar todo o combustível necessário ao partir. Entretanto, quanto mais combustível se leva, maior a massa da nave, o que acaba exigindo mais combustível --um verdadeiro círculo vicioso.

Os foguetes à base de químicos queimam o combustível, e os gases são expelidos para trás em grande quantidade. Isso provoca uma forte aceleração, mas em poucos minutos se consomem toneladas de combustível.

Por outro lado, os motores de plasma expulsam apenas alguns íons --átomos com uma carga elétrica--, mas a mais de 55 mil quilômetros por hora. A grande velocidade de saída compensa em parte a minúscula massa do material, o que aumenta a eficiência do sistema.

Bastam 59 kg de xenônio --um gás de grande peso atômico-- para o motor iônico da Smart-1, desenvolvido pela empresa francesa Snecma, funcionar durante 3.700 horas. Desta forma, o motor duplica a marca do único teste anterior deste tipo, da Deep Space One, cujo nome era uma homenagem à série de televisão "Star Trek - Deep Space 9". O aparelho realizou uma missão a um asteróide próximo a Terra na década de 90.

"O desempenho [do motor da Smart-1] foi muito melhor do que esperávamos. Sem dúvida, vamos equipar nossas futuras naves de exploração com estes sistemas", disse Giorgio Saccoccia, chefe da divisão de Propulsão da ESA, a agência espacial européia.

De fato, a Smart-1 gastou até menos xenônio do que o calculado e chegou dois meses antes do previsto.

Entretanto, o motor de plasma tem uma aceleração muito pequena e não serve para decolar do planeta. Mas é ideal para uma viagem interplanetária, a partir de uma órbita de um corpo celeste, onde já não existe atrito atmosférico.

Teoria simples

O funcionamento na teoria é simples, ainda que na prática isso exija um grande desenvolvimento tecnológico. O primeiro passo é dispor de 2,5 kW de eletricidade --o dobro do consumo de uma máquina de lavar roupa-- gerados por células solares.

Esta eletricidade é usada para gerar um campo magnético na câmara do motor e para bombardear o xenônio. Cada átomo "atacado" perde um elétron e se transforma em íon que, por repulsão elétrica, é expulso em alta velocidade pelo escapamento. A velocidade de saída é muito superior à dos gases de combustão de um motor químico.

"[Este tipo de propulsão] permitirá finalmente abrir uma nova era na exploração do Sistema Solar", afirmou Guiseppe Racca, chefe da missão. Por enquanto, abre "o caminho para interior do sistema já que temos o sol para nos dar energia".

Em uma segunda etapa, uma usina nuclear em miniatura a bordo do veículo --algo já utilizado na sonda americana Cassini, que atualmente orbita Saturno, ainda que tenha sido para alimentar instrumentos-- permitirá fornecer a eletricidade necessária para o motor de plasma em missões em direção à última fronteira, onde ninguém jamais esteve.

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