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02/03/2005 - 17h15

Espiada no espaço pode reescrever história do Universo

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da France Presse, em Paris

A descoberta de uma extensa aglomeração de centenas --talvez milhares-- de galáxias nas profundezas do espaço sugere que o Universo chegou à sua forma atual mais cedo do que se pensava, anunciaram agências espaciais nesta quarta-feira.

Semelhante a uma esfera, a aglomeração de galáxias é "a estrutura maciça mais distante já detectada no Universo", declararam a Agência Espacial Européia (ESA) e a Nasa (agência espacial americana).

O vasto aglomerado foi localizado a cerca de 9 bilhões de anos-luz, na constelação de Peixes-Austrais, meio bilhão de anos-luz mais distante que o recorde anterior de galáxia mais distante, disseram as agências em dois releases publicados em separado.

Estima-se que o Universo tenha cerca de 13,7 bilhões de anos e que tenha se originado do "Big Bang", explosão que dissipou matéria incandescente que depois formou as galáxias e tudo o que existe nelas.

Como a luz liberada pelo grupo de galáxias recém-descoberto levou 9 bilhões de anos para chegar até nós, suas galáxias já tinham se formado quando o Universo era um bebê de apenas cinco bilhões de anos.

"Estamos surpresos em ver que estruturas raras como estas possam existir em eras tão remotas", declarou o astrônomo americano Christopher Mullis, da Universidade de Michigan.

"Vimos uma rede inteira de estrelas e galáxias disposta a apenas poucos bilhões de anos após o Big Bang, como um reino que surge rapidamente", acrescentou.

"Subestimamos a rapidez com que o universo remoto amadureceu até sua formação atual", acrescentou Piero Rosati, astrônomo do Observatório Europeu do Sul (ESO), sediado em Garching, Alemanha. "O Universo amadureceu rápido", acrescentou.

Até agora, a evidência mais remota do desenvolvimento galáctico foram os "proto-clusters" --agrupamentos de galáxias em formação--, que tiveram sua idade estimada em 10 bilhões de anos através da análise de sua luz.

No entanto, esta medida não dá qualquer indício de quanto tempo leva para estas jovens estruturas caóticas amadurecerem para formar as galáxias como conhecemos.

No agrupamento observado pela equipe de Mullis, as galáxias são suavemente elípticas --um sinal da força gravitacional e de como a explosão exógena do Big Bang as esculpiu suavemente, em um processo que pode ter levado alguns bilhões de anos.

Além disso, estas galáxias estão cheias de estrelas que emitem luz na parte avermelhada do espectro, um sinal indiscutível de longevidade estelar.

Os grupos de galáxias contêm de centenas a milhares de galáxias interconectadas através dos elos invisíveis da força gravitacional. Nossa galáxia, a Via Láctea, é uma região de relativa "baixa intensidade" do Universo.

O recém-descoberto agrupamento foi batizado como XMMU J2235.3-2557, em função do telescópio orbital da ESA, o XMM-Newton.

O observatório "hi-tech"', lançado em dezembro de 1999, detecta radiação na área de raio-X do espectro de energia que é invisível a telescópios ópticos.

Foi através de dados arquivados em observações do XMM-Newton, feitas ao longo dos últimos quatro anos, que a equipe descobriu evidências inquietantes de um grupo de galáxias muito distante.

Em seguida, eles voltaram sua atenção para o Very Large Telescope, da ESO, instalado no deserto do Atacama, no Chile, com o qual descobriram evidências ópticas para respaldar as emissões de raios-X.

"Esta descoberta pode ser apenas a ponta do iceberg", destacaram a ESA e a Nasa. "Não há dúvidas de que outros grupamentos de galáxias estão escondidos em arquivos aguardando para serem descobertos", acrescentaram.

A pesquisa será publicada na próxima edição da publicação americana "Astrophysical Journal", segundo release da ESA.
 

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