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05/03/2005
-
09h35
CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo
Levantamento feito por uma clínica de reprodução assistida de São Paulo, com 720 casais que fazem ou já fizeram tratamento para engravidar, mostra que 20% deles gostariam de levar seus embriões congelados para casa por que os consideram filhos. Outros 28% os descartariam após três anos, 19% permitiriam a destruição e 33% os doariam (para outro casal ou para pesquisa).
Atualmente, os embriões estão armazenados em um tanque de nitrogênio em temperaturas inferiores a 190 graus Celsius negativos. Segundo Edson Borges Júnior, diretor do Centro de Fertilização Assistida Fertility, a idealização da pesquisa surgiu de uma revisão nas fichas (consentimento informado) dos pacientes.
A princípio, o objetivo era retomar contato com alguns casais, mas, com a necessidade de uma resolução para o destino dos embriões congelados, surgiu a idéia da elaboração de uma planilha com os comentários dos casais para auxiliar em futura tomada de decisão.
Para Borges Júnior, ficou claro que o conceito de vida é muito singular. "Sem uma lei precisa é impossível tomar uma decisão." Ele afirma que, uma vez que a Lei de Biossegurança esteja em vigor, liberará os embriões para utiliza ção em pesquisas com células-tronco mediante um novo consentimento informado dos casais.
A clínica tem hoje 400 embriões congelados que poderiam ser potencialmente utilizados para pesquisas e cerca de 250 embriões "órfãos", ou seja, os pais já autorizaram o descarte ou simplesmente os abandonaram na clínica.
Os embriões "órfãos" também são potencialmente utilizáveis para pesquisas com célula-tronco, mas os médicos entendem que seja necessária uma lei específica para esse caso.
Censo de embriões
A SBRA (Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida) está
realizando um censo entre as clínicas de fertilização para saber a
quantidade de embriões congelados e disponíveis para pesquisas. Na Centro de Medicina Reprodutiva Huntington, por exemplo, existem 2.000 embriões congelados.
Desses, 60% estão armazenados há mais de três anos e pertencem a casais que já tiveram seus filhos e não sabem o que fazer com os que sobraram do processo de fertilização in vitro.
"Eles não querem doar para outro casal porque temem que, no futuro, os filhos se encontrem. Também não querem implantar [no útero] porque já estão satisfeitos com o tamanho da família", conta o médico Eduardo Motta, um dos diretores da clínica.
O centro cobra uma anuidade de R$ 500 para manter os embriões congelados, mas, de acordo com Motta, apenas 10% dos casais pagam a taxa.
Para ele, a tendência é de que haja maior aceitação dos casais diante da doação dos seus embriões para o uso em pesquisa científica. "Poder dar um destino a esses embriões será um grande alívio para nós", afirma.
Em São Paulo, 20% dos clientes consideram células como "filhos"
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da Folha de S.Paulo
Levantamento feito por uma clínica de reprodução assistida de São Paulo, com 720 casais que fazem ou já fizeram tratamento para engravidar, mostra que 20% deles gostariam de levar seus embriões congelados para casa por que os consideram filhos. Outros 28% os descartariam após três anos, 19% permitiriam a destruição e 33% os doariam (para outro casal ou para pesquisa).
Atualmente, os embriões estão armazenados em um tanque de nitrogênio em temperaturas inferiores a 190 graus Celsius negativos. Segundo Edson Borges Júnior, diretor do Centro de Fertilização Assistida Fertility, a idealização da pesquisa surgiu de uma revisão nas fichas (consentimento informado) dos pacientes.
A princípio, o objetivo era retomar contato com alguns casais, mas, com a necessidade de uma resolução para o destino dos embriões congelados, surgiu a idéia da elaboração de uma planilha com os comentários dos casais para auxiliar em futura tomada de decisão.
Para Borges Júnior, ficou claro que o conceito de vida é muito singular. "Sem uma lei precisa é impossível tomar uma decisão." Ele afirma que, uma vez que a Lei de Biossegurança esteja em vigor, liberará os embriões para utiliza ção em pesquisas com células-tronco mediante um novo consentimento informado dos casais.
A clínica tem hoje 400 embriões congelados que poderiam ser potencialmente utilizados para pesquisas e cerca de 250 embriões "órfãos", ou seja, os pais já autorizaram o descarte ou simplesmente os abandonaram na clínica.
Os embriões "órfãos" também são potencialmente utilizáveis para pesquisas com célula-tronco, mas os médicos entendem que seja necessária uma lei específica para esse caso.
Censo de embriões
A SBRA (Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida) está
realizando um censo entre as clínicas de fertilização para saber a
quantidade de embriões congelados e disponíveis para pesquisas. Na Centro de Medicina Reprodutiva Huntington, por exemplo, existem 2.000 embriões congelados.
Desses, 60% estão armazenados há mais de três anos e pertencem a casais que já tiveram seus filhos e não sabem o que fazer com os que sobraram do processo de fertilização in vitro.
"Eles não querem doar para outro casal porque temem que, no futuro, os filhos se encontrem. Também não querem implantar [no útero] porque já estão satisfeitos com o tamanho da família", conta o médico Eduardo Motta, um dos diretores da clínica.
O centro cobra uma anuidade de R$ 500 para manter os embriões congelados, mas, de acordo com Motta, apenas 10% dos casais pagam a taxa.
Para ele, a tendência é de que haja maior aceitação dos casais diante da doação dos seus embriões para o uso em pesquisa científica. "Poder dar um destino a esses embriões será um grande alívio para nós", afirma.
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