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09/03/2005 - 13h03

Co-fundador do CBPF ressalta legado de Lattes

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PALOMA VARÓN
da Folha Online

Com a morte do físico brasileiro César Lattes, a ciência nacional perde um de seus grandes incentivadores. Nascido em Curitiba em julho de 1924, Lattes iniciou a carreira científica em meados dos anos 40, na USP. Em 1947, aos 23 anos, teve sua vida e sua carreira marcadas pela descoberta do méson pi --partícula que mantém o núcleo do átomo coeso-- em colaboração com Giuseppe Occhialini ((1907-1993) e Cecil Powell (1903-1969), ganhando repercussão internacional

No plano nacional, ele liderou a fundação do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), em 1949, que disseminou iniciativas de criação de institutos de física no Brasil e na América Latina, e teve atuação importante na fundação do conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Co-fundador do CBPF, o físico José Leite Lopes foi companheiro e amigo de César Lattes. Professor emérito da Universidade federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade de Estrasburgo, na França, Lopes Leite falou à Folha Online por telefone, de sua casa, no Rio, sobre a importância de Lattes no Brasil e na América Latina e sobre a ligação entre ciência e arte.

Folha Online - Qual a importância dele para o desenvolvimento da ciência no Brasil e na América Latina?

José Leite Lopes - César lattes foi muito importante, porque ele fez a descoberta dele já em 1947. Em 49, fundamos o CBPF, em 51, já veio o CNPq, que foi muito importante para o desenvolvimento da ciência no Brasil. Na Bolívia, ele também pesquisou e contribuiu para o avanço da física lá. A CBPF recebe, desde a sua criação, físicos de vários países latino-americanos e dos Estados Unidos. Richard Feynman (1918-1988), do Instituto de Tecnologia da Califórnia, por exemplo, veio desenvolver uma pesquisa aqui em 1951 e passou um ano inteiro no Brasil. Depois, ele vinha a cada verão. Eles vêm ser orientados por físicos brasileiros.

Folha Online - O que Lattes vinha fazendo atualmente, ele continuava a dar palestras?

José Leite Lopes - Ele estava aposentado e com a saúde abalada, mas continuava em contato com físicos japoneses, falavam de trabalhos sobre raios cósmicos. Dava algumas palestras no CBPF.

Folha Online - Como anda a física no Brasil hoje?

José Leite Lopes - Está bem amparada pelo CNPq e pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, embora averba para pesquisas sempre seja menor do que gostaríamos. Há bons institutos de física no Brasil: em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Pernambuco, no Rio grande do Sul, em minas Gerais...

Folha Online - Uma vez, Lattes afirmou que os físicos não deveriam fazer pós-graduação, já que grandes físicos fizeram suas descobertas antes dos 25 anos, como ele próprio. O senhor conhecia essa posição dele? O que acha disso?

José Leite Lopes - A gente sempre discutia isso, qual a melhor idade para começar a pesquisa em física. E a opinião dele, como a minha, é de que o físico deve começar a pesquisa antes dos 25 anos. Porque ele é mais moço, ativo, dinâmico.

Folha Online - Os compositores Cartola e Carlos Cachaça homenagearam César Lattes com a música "Ciência e Arte". Qual a ligação entre ciência e arte?

José Leite Lopes - É íntima. Eu, por exemplo, sou pintor. César gostava muito de artes em geral. Gostava de literatura, adorava [o escritor tcheco Franz] Kafka...

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