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23/06/2005 - 18h32

Para Claudio Angelo, devastação na Amazônia supera estimativas

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da Folha Online

A estimativa oficial do governo sobre desmatamento na Amazônia é muito conservadora. A devastação real deve ser muito maior.

Essa avaliação foi feita pelo jornalista Claudio Angelo, 29, editor de Ciência da Folha de S.Paulo durante bate-papo da Folha no UOL, realizado hoje e com participação de 265 internautas.

Reprodução
Claudio Angelo é editor do caderno de Ciência
Claudio Angelo é editor do caderno de Ciência
Segundo o jornalista, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais) só utiliza um determinado conjunto de imagens de satélite para realizar a estimativa de desmatamento.

"Partes da floresta ficam de fora. A cifra real é provavelmente muito maior."

Em maio, o governo divulgou que o desmatamento na Amazônia para o período 2003-2004 ficou em 26.130 km2, o que representa um crescimento de 6,23% em relação ao consolidado anterior. É o segundo maior número desde que o monitoramento começou a ser feito, em 1988. Fica atrás apenas do período 1994-1995, quando foram devastados 29.059 km2.

Recuperação

No bate-papo, Angelo classificou de "mito" a tese de que os Estados Unidos se preparam para invadir a Amazônia com o pretexto de combater o desmatamento. Segundo o jornalista, os dados de desmatamento sobre a situação brasileira não são exagerados no exterior.

"Não acredito em exagero sobre as cifras no exterior. Existe esse mito de que os americanos desmataram tudo, e agora eles querem a Amazônia. Agora, acredito, sim, que eles não têm absolutamente nada do que reclamar com o Brasil, porque quem cria o mercado de commodities que devastam a floresta tropical são eles, os países ricos."

Para Angelo, a regulamentação da atividade madeireira ajuda a evitar o desmatamento, porque 50% da madeira extraída na Amazônia hoje tem origem ilegal. "Boa parte dessa madeira vem de desmatamento. O madeireiro que quer fazer manejo florestal precisa, claro, da mata em pé, mas hoje ele não consegue competir com a madeira ilegal."

Ele também avaliou as iniciativas do governo Lula nessa área. "O governo federal tem tentado fazer várias coisas contra madeira ilegal e a grilagem, que são duas pressões fortes sobre a floresta, especialmente no Pará. Uma ação recente foi suspender todos os planos de manejo em terra pública. Também foram criadas áreas de conservação. Mas pouco se faz em relação ao agronegócio, que é o principal causador do desmatamento."

O jornalista acompanhou de perto a situação do Estado de Mato Grosso, campeão de desmatamento, onde o Ministério Público e a Polícia Federal investigam corrupção ligada a madeireiros e ao agronegócio.

Jornalismo

Angelo é editor de Ciência desde julho de 2004. É jornalista especializado em ciência e meio ambiente desde 1998. Foi editor da revista "Superinteressante", da editora Abril.

Questionado sobre a dica que daria para jornalistas interessados em escrever sobre ciência, ele respondeu: "Um bom jornalista de ciência precisa de três coisas: saber ler (isso não é assim tão óbvio), falar inglês e gostar de ciência. Ah, claro, precisa gostar de jornalismo também."

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  • Desmatamento na Amazônia é o 2º mais alto da história
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