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29/07/2005 - 09h35

Ovo de 190 milhões de anos revela evolução de dinossauros

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REINALDO JOSÉ LOPES
da Folha de S.Paulo

Faltou muito pouco para que o pequeno dinossauro completasse seu tempo dentro do ovo. Não aconteceu: o filhote morreu antes de romper a casca, há mais de 190 milhões de anos --mas descobri-lo acaba de dar aos paleontólogos uma janela imprevista sobre a evolução dos maiores animais terrestres que já existiram.

O bichinho e seus "irmãos", achados na África do Sul, são os mais antigos embriões de vertebrados terrestres a serem preservados. Uma série de detalhes de seu esqueleto minúsculo pode indicar como seus parentes, os dinossauros saurópodes, deixaram de caminhar sobre duas pernas e se tornaram quadrúpedes. Sem trocadilhos, foi o passo essencial para que eles atingissem um tamanho com o qual nenhum bicho voltou a rivalizar fora da água: mais de 30 metros de comprimento e 30 toneladas ou mais.

Além do mais, outras características dos bebês trazem novo apoio à idéia de que as fêmeas de dinossauros provavelmente eram mães tão cuidadosas quanto uma galinha ou cadela, já que os filhotes não nasciam equipados para sobreviver sozinhos e exigiam uma boa dose de paparico inicial.

A espécie ao qual os embriões pertencem, a Massospondylus carinatus, é conhecida desde os tempos do velho Richard Owen (1804-1892), anatomista que foi rival de Charles Darwin, o pai da teoria da evolução. "Eles são muito comuns na região e nos sedimentos corretos na África do Sul", contou à Folha o paleontólogo Robert Reisz, da Universidade de Toronto em Mississauga (Canadá). A abundância também ajudou a estudar o desenvolvimento do bicho: há espécimes de várias idades e muitos "adolescentes" --embora embriões só tenham aparecido agora.

O M. carinatus chegava a cinco metros de comprimento quando adulto. Pertencia ao grupo dos prossaurópodes, parentes próximos dos brutamontes saurópodes. Esses bichos são considerados bípedes facultativos. "Conseguiriam se locomover com conforto tanto como quadrúpedes quanto como bípedes, como alguns lagartos de hoje", diz Reisz.

Uma das provas disso é o tamanho de seus membros dianteiros, mais curtos que os traseiros. "O Massospondylus não está na linhagem que leva à separação entre prossaurópodes e saurópodes. Já era um prossaurópode típico", afirma Max Cardoso Langer, paleontólogo da USP.

A análise dos cinco ovos com embriões, publicada hoje na revista científica "Science" (www.sciencemag.org), também revelou que os bichos nasciam desdentados, ou com dentes muito fracos e pequenos. Para sobreviver à infância, só com os cuidados extremosos dos adultos --mais uma prova de que os dinos eram pais bem eficientes.

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