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20/10/2005
-
09h28
FABIANE LEITE
Enviada especial da Folha de S.Paulo a Belo Horizonte
Uma substância barata, livre de patente e produzida em larga escala no Brasil, o lítio, pode ajudar a proteger contra o mal de Alzheimer, mostra um estudo realizado no Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Entre 66 pacientes idosos que tomavam lítio havia seis anos, para controle de uma outra doença mental, o transtorno bipolar, só 4,5% desenvolveram Alzheimer. Entre os que não usavam, 33% passaram a sofrer da doença.
Uma "prévia" da pesquisa já tinha sido divulgada no ano passado no site da revista "Nature", o News@Nature, e entusiasmou outros grupos a tentar comprovar o poder protetor da substância. Em razão disso, agora, a equipe encabeçada pelo psiquiatra Wagner Gattaz corre para publicar os resultados finais, apresentados na semana passada, durante o 23º Congresso Brasileiro de Psiquiatria, ocorrido em Belo Horizonte.
Mudança na maré
Nos últimos tempos, lembra o pesquisador, só saíram más notícias sobre o assunto. Um trabalho do norte-americano Ronald Petersen pôs abaixo a teoria do efeito protetor da vitamina E contra o Alzheimer. Outro estudo mostrou que uma outra droga usada para deter o mal, o donepezil, só faz efeito no primeiro ano de uso.
Também nos últimos anos, no entanto, descobriu-se que o lítio poderia combater processos causadores do Alzheimer. A substância inibe a enzima GSK3, causa importante das lesões características do mal. Mas faltava testar.
Um total de 114 idosos foram foco do estudo de Gattaz e equipe. São portadores de transtorno bipolar, um distúrbio em que a pessoa oscila entre euforia e depressão. Parte --66 pacientes-- toma lítio havia seis anos para controlar a doença. Os demais utilizam outros tratamentos.
"Se conseguíssemos um remédio que retardasse em sete anos o Alzheimer, teríamos uma economia de US$ 24 mil por paciente por ano", afirmou Gattaz durante o Congresso. "Nos EUA, em 40 anos, US$ 10 trilhões seriam economizados, ou 15 anos de tudo que o Brasil produz."
Agora, Gattaz quer verificar se doses menores fazem efeito, pois os pacientes bipolares tomam grande quantidade de lítio. Ele testa voluntários saudáveis com um terço a um centésimo das doses da sua primeira amostra.
Trabalhos anteriores apontam uma menor incidência de internações psiquiátricas em populações que consomem água que naturalmente contém lítio, mas ainda é cedo para fazer alarde, diz.
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Enviada especial da Folha de S.Paulo a Belo Horizonte
Uma substância barata, livre de patente e produzida em larga escala no Brasil, o lítio, pode ajudar a proteger contra o mal de Alzheimer, mostra um estudo realizado no Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Entre 66 pacientes idosos que tomavam lítio havia seis anos, para controle de uma outra doença mental, o transtorno bipolar, só 4,5% desenvolveram Alzheimer. Entre os que não usavam, 33% passaram a sofrer da doença.
Uma "prévia" da pesquisa já tinha sido divulgada no ano passado no site da revista "Nature", o News@Nature, e entusiasmou outros grupos a tentar comprovar o poder protetor da substância. Em razão disso, agora, a equipe encabeçada pelo psiquiatra Wagner Gattaz corre para publicar os resultados finais, apresentados na semana passada, durante o 23º Congresso Brasileiro de Psiquiatria, ocorrido em Belo Horizonte.
Mudança na maré
Nos últimos tempos, lembra o pesquisador, só saíram más notícias sobre o assunto. Um trabalho do norte-americano Ronald Petersen pôs abaixo a teoria do efeito protetor da vitamina E contra o Alzheimer. Outro estudo mostrou que uma outra droga usada para deter o mal, o donepezil, só faz efeito no primeiro ano de uso.
Também nos últimos anos, no entanto, descobriu-se que o lítio poderia combater processos causadores do Alzheimer. A substância inibe a enzima GSK3, causa importante das lesões características do mal. Mas faltava testar.
Um total de 114 idosos foram foco do estudo de Gattaz e equipe. São portadores de transtorno bipolar, um distúrbio em que a pessoa oscila entre euforia e depressão. Parte --66 pacientes-- toma lítio havia seis anos para controlar a doença. Os demais utilizam outros tratamentos.
"Se conseguíssemos um remédio que retardasse em sete anos o Alzheimer, teríamos uma economia de US$ 24 mil por paciente por ano", afirmou Gattaz durante o Congresso. "Nos EUA, em 40 anos, US$ 10 trilhões seriam economizados, ou 15 anos de tudo que o Brasil produz."
Agora, Gattaz quer verificar se doses menores fazem efeito, pois os pacientes bipolares tomam grande quantidade de lítio. Ele testa voluntários saudáveis com um terço a um centésimo das doses da sua primeira amostra.
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