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20/10/2005
-
11h03
PEDRO DIAS LEITE
EDUARDO SCOLESE
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O governo federal admitiu nesta quarta-feira que a gripe do frango pode se tornar uma epidemia e atingir o Brasil. O Ministério da Saúde já encomendou remédios para tratar até 9 milhões de doentes.
Só com os medicamentos, serão gastos R$ 193 milhões, cerca de um quinto de tudo que o país investe por ano com remédios contra a Aids. Os 9 milhões de kits de tratamento (a 7 euros cada um) podem ser usados para tratar pacientes ou fazer prevenção em pessoas que tiverem contatos com doentes. Se a gripe aviária nunca chegar ao Brasil, o remédio poderá ser usado para tratar outros tipos de gripe.
Ontem, o ministro da Saúde, Saraiva Felipe, deixou claro que não há motivo para "alarme" até agora. Segundo ele, está havendo um esforço global para evitar que a doença se espalhe. O secretário de Vigilância e Saúde do ministério, Jarbas Barbosa, disse que os 9 milhões de kits são uma precaução, para uma "estimativa dramática".
O vírus que causa a gripe já condenou milhões de aves na Ásia e desde 2003 atingiu 117 pessoas, com uma taxa de letalidade em torno de 50%.
O ministro afirmou que não sabe se o país tem capacidade de produzir o remédio, mas que, se a doença se tornar uma epidemia e o Brasil conseguir fazer o medicamento, a quebra da patente pode ser "um caminho".
Apesar da alta taxa de mortalidade até agora, a previsão é que a doença não tenha um efeito devastador, caso se espalhe. De acordo com Barbosa, a previsão é que, de cada cem pessoas que tenham contato com o vírus, apenas 25 sofram complicações além de um resfriado. E, dessas, somente 8,4% precisariam tomar o remédio, chamado Tamiflu.
Butantan
Além da compra dos remédios, o governo planeja produzir uma vacina contra a gripe aviária. Até hoje, ela ainda não existe, porque não está claro qual será a cepa (variação) do vírus que se tornará uma epidemia.
O governo destinou R$ 3,1 milhões para o Instituto Butantan com o intuito de acelerar a construção de uma unidade de produção de vacina que deve ficar pronta em janeiro. O Brasil ainda não tem a tecnologia para produzir a vacina contra o tipo de vírus hoje mais provável de se tornar epidêmico, o H5N1, mas espera tê-la quando a unidade estiver pronta.
Na semana que vem, ministros da Saúde de 30 países, inclusive do Brasil e da Argentina, vão participar de uma reunião no Canadá para discutir medidas globais de prevenção à gripe aviária.
Fora do campo da saúde, o governo começou a monitorar aves migratórias em sete pontos (Rio Grande do Sul, Foz do Iguaçu, Pantanal, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Manaus e Ilha de Marajó) para tentar detectar a presença do vírus. Até agora, nada foi encontrado.
Como o impacto econômico da gripe pode ser altíssimo, estuda-se a criação de um fundo global, do qual o Brasil participaria, para compensar os produtores pelo extermínio de suas criações.
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EDUARDO SCOLESE
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O governo federal admitiu nesta quarta-feira que a gripe do frango pode se tornar uma epidemia e atingir o Brasil. O Ministério da Saúde já encomendou remédios para tratar até 9 milhões de doentes.
Só com os medicamentos, serão gastos R$ 193 milhões, cerca de um quinto de tudo que o país investe por ano com remédios contra a Aids. Os 9 milhões de kits de tratamento (a 7 euros cada um) podem ser usados para tratar pacientes ou fazer prevenção em pessoas que tiverem contatos com doentes. Se a gripe aviária nunca chegar ao Brasil, o remédio poderá ser usado para tratar outros tipos de gripe.
Ontem, o ministro da Saúde, Saraiva Felipe, deixou claro que não há motivo para "alarme" até agora. Segundo ele, está havendo um esforço global para evitar que a doença se espalhe. O secretário de Vigilância e Saúde do ministério, Jarbas Barbosa, disse que os 9 milhões de kits são uma precaução, para uma "estimativa dramática".
O vírus que causa a gripe já condenou milhões de aves na Ásia e desde 2003 atingiu 117 pessoas, com uma taxa de letalidade em torno de 50%.
O ministro afirmou que não sabe se o país tem capacidade de produzir o remédio, mas que, se a doença se tornar uma epidemia e o Brasil conseguir fazer o medicamento, a quebra da patente pode ser "um caminho".
Apesar da alta taxa de mortalidade até agora, a previsão é que a doença não tenha um efeito devastador, caso se espalhe. De acordo com Barbosa, a previsão é que, de cada cem pessoas que tenham contato com o vírus, apenas 25 sofram complicações além de um resfriado. E, dessas, somente 8,4% precisariam tomar o remédio, chamado Tamiflu.
Butantan
Além da compra dos remédios, o governo planeja produzir uma vacina contra a gripe aviária. Até hoje, ela ainda não existe, porque não está claro qual será a cepa (variação) do vírus que se tornará uma epidemia.
O governo destinou R$ 3,1 milhões para o Instituto Butantan com o intuito de acelerar a construção de uma unidade de produção de vacina que deve ficar pronta em janeiro. O Brasil ainda não tem a tecnologia para produzir a vacina contra o tipo de vírus hoje mais provável de se tornar epidêmico, o H5N1, mas espera tê-la quando a unidade estiver pronta.
Na semana que vem, ministros da Saúde de 30 países, inclusive do Brasil e da Argentina, vão participar de uma reunião no Canadá para discutir medidas globais de prevenção à gripe aviária.
Fora do campo da saúde, o governo começou a monitorar aves migratórias em sete pontos (Rio Grande do Sul, Foz do Iguaçu, Pantanal, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Manaus e Ilha de Marajó) para tentar detectar a presença do vírus. Até agora, nada foi encontrado.
Como o impacto econômico da gripe pode ser altíssimo, estuda-se a criação de um fundo global, do qual o Brasil participaria, para compensar os produtores pelo extermínio de suas criações.
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