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18/11/2005
-
09h28
REINALDO JOSÉ LOPES
da Folha de S.Paulo
Painéis e maquetes de museus do mundo todo provavelmente vão precisar de reformulação depois de um artigo publicado hoje na revista americana "Science" (www.sciencemag.org). Motivo: o estudo mostra que grandes dinossauros herbívoros da Índia comiam grama, embora, até hoje, os cientistas achassem que esse tipo de planta só evoluiu depois da extinção dos grandes répteis.
"Confesso que nunca imaginei saurópodes [nome dado ao grupo dos dinos vegetarianos e de pescoço longo] comendo gramíneas", disse à Folha o paleontólogo Reinaldo José Bertini, da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Rio Claro. Mas é isso o que sugerem as fezes de membros do grupo com 70 milhões de anos, estudadas por Vandana Prasad, do Instituto de Paleobotânica Birbal Sahni (Índia).
Em meio ao estrume de dino, Prasad e seus colegas acharam fitólitos, pequenos cristais de sílica que aparecem em vários tipos de planta, mas são especialmente numerosos e diversificados entre as gramíneas. Eles desgastam os dentes dos animais, servindo como defesa anti-herbívoro. Ao analisar ao microscópio os cristais, os cientistas inferiram a presença de nada menos que cinco linhagens de gramínea, o que indica que elas já estavam evoluindo havia tempos quando os saurópodes hindus as mastigaram.
Para Bertini, o achado "dá muito pano para manga". Antes, por exemplo, achava-se que os dinos não estavam aparelhados (nos dentes) para moer grama. "Por outro lado, movimentos peristálticos poderiam levar as gramíneas para o estômago", onde seriam moídas por pedras engolidas pelos gigantes. Essa família de plantas, assim, também poderia ser uma influência na evolução dos bichos, como ocorreu com outros vegetais com flores.
A presença dos fitólitos na Índia (que esteve unida à América do Sul e à África no supercontinente Gondwana) também pode apontar para uma origem sul-americana das gramíneas --afinal, é por aqui que os membros vivos mais primitivos da família ainda estão.
E até o mistério de certos mamíferos chamados de gondwanatérios --com dentes estranhos, de coroa alta-- poderia ser solucionado: tal dentadura seria ideal para triturar grama. Se a idéia for confirmada, eles seriam os pioneiros nessa dieta, muito antes de os seres humanos se deliciarem com arroz ou com trigo.
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da Folha de S.Paulo
Painéis e maquetes de museus do mundo todo provavelmente vão precisar de reformulação depois de um artigo publicado hoje na revista americana "Science" (www.sciencemag.org). Motivo: o estudo mostra que grandes dinossauros herbívoros da Índia comiam grama, embora, até hoje, os cientistas achassem que esse tipo de planta só evoluiu depois da extinção dos grandes répteis.
"Confesso que nunca imaginei saurópodes [nome dado ao grupo dos dinos vegetarianos e de pescoço longo] comendo gramíneas", disse à Folha o paleontólogo Reinaldo José Bertini, da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Rio Claro. Mas é isso o que sugerem as fezes de membros do grupo com 70 milhões de anos, estudadas por Vandana Prasad, do Instituto de Paleobotânica Birbal Sahni (Índia).
Em meio ao estrume de dino, Prasad e seus colegas acharam fitólitos, pequenos cristais de sílica que aparecem em vários tipos de planta, mas são especialmente numerosos e diversificados entre as gramíneas. Eles desgastam os dentes dos animais, servindo como defesa anti-herbívoro. Ao analisar ao microscópio os cristais, os cientistas inferiram a presença de nada menos que cinco linhagens de gramínea, o que indica que elas já estavam evoluindo havia tempos quando os saurópodes hindus as mastigaram.
Para Bertini, o achado "dá muito pano para manga". Antes, por exemplo, achava-se que os dinos não estavam aparelhados (nos dentes) para moer grama. "Por outro lado, movimentos peristálticos poderiam levar as gramíneas para o estômago", onde seriam moídas por pedras engolidas pelos gigantes. Essa família de plantas, assim, também poderia ser uma influência na evolução dos bichos, como ocorreu com outros vegetais com flores.
A presença dos fitólitos na Índia (que esteve unida à América do Sul e à África no supercontinente Gondwana) também pode apontar para uma origem sul-americana das gramíneas --afinal, é por aqui que os membros vivos mais primitivos da família ainda estão.
E até o mistério de certos mamíferos chamados de gondwanatérios --com dentes estranhos, de coroa alta-- poderia ser solucionado: tal dentadura seria ideal para triturar grama. Se a idéia for confirmada, eles seriam os pioneiros nessa dieta, muito antes de os seres humanos se deliciarem com arroz ou com trigo.
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