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02/12/2005 - 09h44

Ave mais antiga tinha patas de dinossauro

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CLAUDIO ANGELO
da Folha de S.Paulo

Mais respeito com o peru neste Natal. Um estudo publicado hoje coloca de uma vez por todas o penoso numa categoria mais solene: a dos raptores, dinossauros cujo representante mais famoso é o Velociraptor. Ou vice-versa.

A conclusão partiu de um detalhe aparentemente irrelevante, descoberto por pesquisadores da Alemanha e dos EUA: o Archaeopteryx, fóssil de 150 milhões de anos considerado a mais antiga das aves, tem pés de dino. Essa peculiaridade anatômica, somada a outros detalhes do crânio do animal, "borra a distinção" entre aves e raptores (também conhecidos como deinonicossauros), nas palavras do paleontólogo Gerald Mayr, autor principal do estudo.

Até agora, os cientistas achavam que o Archaeopteryx tivesse um hálux, aquele dedo virado para trás que perus, pombos e gaviões usam para se empoleirar.

Analisando um fóssil novo dessa "ave" pré-histórica, no entanto, Mayr e seus colegas descobriram que não só o hálux nela não é totalmente formado como o segundo dedo do animal possui uma garra retrátil, maior que as outras --exatamente como a do Velociraptor e seus parentes.

"Isso simplesmente não estava claramente visível nos outros espécimes, que estão menos preservados", disse Mayr à Folha.

O estudo do alemão, publicado hoje na revista científica "Science" (www.sciencemag.org), de quebra dá a primeira descrição do décimo espécime de Archaeopteryx encontrado no planeta.

Meio a meio

Desde que foi descoberto, em meados do século 19 em Solnhofen, sul da Alemanha, o Archaeopteryx é um dos fósseis mais estudados do planeta. Já em 1868, ninguém menos que Thomas H. Huxley, cão-de-guarda de Charles Darwin, escrevia o primeiro artigo científico detalhando a anatomia do animal e afirmando que o fóssil sugeria um ser intermediário entre aves e répteis.

Estudos posteriores só vêm confirmando a hipótese de Huxley e sugestões mais recentes de outros cientistas de que as aves descendem de um grupo específico de dinossauros, os deinonicossauros --"garras terríveis", em grego latinizado. Alguns pesquisadores, no entanto, não engolem essa relação de parentesco.

A descoberta da "garra terrível" do Archaeopteryx sugere que, exista um contínuo evolutivo entre aves e raptores, o que elimina o aparente absurdo de chamar uma galinha de "dinossauro" e um velociraptor de "passarinho". "Você amplia o conceito de ave", diz o paleontólogo Max Langer, da USP de Ribeirão Preto.

Langer diz que o detalhe mais interessante do novo trabalho é a proposta de remontagem da árvore genealógica das aves. Até agora, os cientistas costumam definir como "ave" todos os animais compreendidos entre o Archaeopteryx e o pardal moderno.

Mayr e seus colegas propõem dividir o grupo Aves em dois: de um lado, animais mais primitivos, como o Archaeopteryx. Do outro, o Velociraptor e as aves atuais. "Se você define ave como incluindo o Archaeopteryx, você tem de incluir na categoria também o Velociraptor", diz Langer.

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