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13/01/2006 - 09h39

Hwang quer "mais 6 meses" para fazer clone

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da Folha de S.Paulo

Em sua primeira aparição pública em quase três semanas, o cientista sul-coreano Woo-Suk Hwang pediu perdão por ter fraudado estudos sobre clonagem humana, mas prometeu que apresentaria células-tronco embrionárias feitas sob medida se tivesse mais seis meses e um estoque de óvulos humanos à disposição.

O pesquisador, que protagonizou a maior fraude científica dos últimos tempos, insistiu que possui a tecnologia necessária para a chamada clonagem terapêutica e disse ter sido enganado por cientistas-júniores de sua equipe. Disse também ter ficado "enlouquecido e cegado" em sua obsessão por fazer avançarem os estudos com células-tronco.

Na última terça-feira, um painel da Universidade Nacional de Seul, onde Hwang trabalhava, divulgou a conclusão de uma auditoria que afirmava que Hwang fabricara os resultados de um artigo científico seminal, publicado em 2004 na revista "Science", no qual descrevia ter criado o primeiro embrião humano clonado para a obtenção de células-tronco com o genoma do próprio paciente, sem risco de rejeição.

No fim do ano passado, o mesmo painel havia concluído que outro estudo de Hwang, mais recente, sobre células-tronco embrionárias humanas também havia sido falsificado.

"Eu me responsabilizo inteiramente pelos dois artigos e lhes peço perdão", disse Hwang numa entrevista coletiva ontem na capital sul-coreana. "Eu me sinto tão triste que é difícil até pedir desculpas", afirmou. "Levarei o resto da vida corrigindo meus erros. Não posso pagar completamente essa dívida até morrer. Nós ficamos enlouquecidos com esse trabalho, e eu fui cegado", continuou o ex-herói nacional coreano, à beira das lágrimas.

Hwang --que havia se tornado um ídolo para muitos sul-coreanos e recebido US$ 65 milhões do governo para suas pesquisas-- estava recluso desde 23 de dezembro, quando pediu demissão da Universidade Nacional de Seul depois que foi divulgado o primeiro resultado da auditoria.

Seus estudos alimentaram esperanças de pessoas que sofrem de doenças degenerativas porque pareciam ter aberto o caminho para o dia em que tecidos específicos de um paciente pudessem ser cultivados em laboratório para ajudar a reparar órgãos com defeito e tratar enfermidades até agora incuráveis.

Hwang disse suspeitar que pessoas no hospital Mizmedi, de Seul, que forneceu óvulos humanos para a pesquisa, tenham manipulado os dados, o que provocou a fraude.

Investigação criminal

O pesquisador afirmou também que ele e sua equipe submeteram para publicação um trabalho sobre um novo avanço, usando porcos para desenvolver células-tronco humanas. Segundo ele, um trabalho de clonagem animal mais importante que a clonagem do primeiro cão --único dos estudos seminais de Hwang que não foi desmentido-- também foi submetido (o animal seria um lobo, segundo a imprensa coreana). Pediu também uma segunda chance para realizar suas pesquisas com clones humanos.

Mas essa segunda chance é improvável. O Ministério da Ciência e Tecnologia da Coréia do Sul disse que já cortou as verbas para o grupo de Hwang e que não iria dar mais dinheiro para ele. Além disso, ele teve seu título de "cientista-mor" da Coréia cassado.

Após a divulgação do veredicto do painel, a promotoria da Coréia do Sul iniciou uma investigação criminal na qual Hwang é suspeito de malversação de verbas públicas. Ontem, promotores revistaram 26 lugares relacionados a Hwang, incluindo sua casa, atrás de evidências para o inquérito.

Com agências internacionais

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