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26/01/2006 - 09h42

Nova técnica revela mundo-irmão da Terra

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da Folha de S.Paulo

Uma nova técnica de busca de planetas extra-solares detectou o mundo mais parecido com a Terra já visto, aumentando a esperança de que se descubra um corpo celeste capaz de sustentar vida, relata hoje um grupo internacional de astrônomos.

O planeta tem apenas cinco vezes e meia a massa da Terra. É menor que Netuno. Ele orbita uma estrela com um quinto da massa do Sol, na constelação de Sagitário, a cerca de 20 mil anos-luz daqui (um ano-luz é a distância que a luz percorre em um ano, viajando a 300.000 km/s).

Esse dado é importante porque, até agora, quase todos os 170 planetas extra-solares encontrados são gigantes gasosos e estéreis como Júpiter. Mundos rochosos, parecidos com a Terra, são uma raridade no registro astronômico porque geralmente são pequenos demais para serem detectados pelas técnicas tradicionais.

Além disso, o novo corpo celeste --batizado OGLE-2005-BLG-390Lb-- está a uma distância da sua estrela equivalente a duas vezes a distância da Terra ao Sol. É outro dado importante, porque as técnicas convencionais de caça a planetas extra-solares só permitem detectar mundos próximos demais de suas estrelas --cerca de um décimo da distância Terra-Sol, tipicamente--, o que também elimina chances de vida.

"Nossa detecção sugere que planetas frios, com massa sub-Netuno, podem ser mais comuns que os planetas gigantes gasosos", escrevem os cientistas no artigo em que o objeto é descrito, na edição de hoje da revista "Nature".

"Este é um passo importante na tentativa de responder à questão: "Estamos sozinhos?'", disse Michael Turner, da Fundação Nacional de Ciências dos EUA. "O grupo descobriu o planeta mais parecido com a Terra já visto, e, mais importante, demonstrou o poder de uma nova técnica sensível à detecção de planetas habitáveis."

Só podia ser Einstein

Para descobrir o novo planeta, a equipe liderada por Jean-Philippe Beaulieu, do Instituto de Astrofísica de Paris, usou uma técnica conhecida como microlente gravitacional. A aplicação é nova, mas o fenômeno já havia sido previsto em 1912 --por ninguém menos que Albert Einstein.

Sua teoria geral da relatividade diz que corpos celestes são capazes de distorcer o espaço-tempo e curvar raios de luz, como lentes.

Quando uma estrela passa na frente de uma outra que esteja sendo observada da Terra, a luz da estrela do fundo é recurvada pela gravidade. Isso faz com que o objeto de fundo pareça mais brilhante, efeito que permanece durante algumas semanas. Essa magnificação do brilho diminui à medida que o objeto causador do efeito de lente se afasta.

Quando a estrela-lente está acompanhada de um planeta, no entanto, a magnificação é ainda maior --já que a massa do planeta se soma ao efeito gravitacional da estrela que ele orbita. Só que esse efeito é mais curto: o brilho fica ligeiramente mais intenso por cerca de um dia, o que dá aos astrônomos pouco tempo para fazer suas observações.

Essa assinatura fugidia, se observada, pode revelar dados como a razão entre a massa da estrela e de seu planeta e até a distância separando um de outro. Foi justamente isso o que os participantes do consórcio Ogle (Experimento de Lentes Gravitacionais Ópticas, na sigla em inglês) detectaram em 11 de julho de 2005.

O Ogle opera um conjunto de telescópios que observa mais de 500 eventos de microlentes por ano. A princípio, seus cientistas não sabiam que se tratava de um planeta. A confirmação veio com dados de dois outros grupos.

O novo planeta tem temperaturas de 220C negativos, portanto é inabitável. Mas, segundo Bohdan Paczynski, da Universidade de Princeton (EUA) e co-fundador do Ogle, "podemos prever que [a técnica das] microlentes gravitacionais descobrirá planetas com massas como a da Terra a distâncias semelhantes de suas estrelas e com temperatura comparável".

Com Reuters

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