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06/03/2006
-
09h11
SALVADOR NOGUEIRA
da Folha de S.Paulo
O astronauta brasileiro Marcos Cesar Pontes pode até estar na reta final de preparação para seu vôo à ISS (Estação Espacial Internacional) numa nave russa Soyuz, mas não esconde a pretensão de fazer um segundo vôo, depois de 2009, num ônibus espacial americano. "É o que está no acordo de participação no projeto da estação", disse à Folha o astronauta, antes de entrar em isolamento completo para a fase final de sua preparação para a missão, na Rússia, na semana passada.
O acordo original da participação brasileira na ISS previa que, em troca da fabricação de algumas peças da estação, o país teria direito a treinar um astronauta próprio na Nasa --o que aconteceu-- e enviá-lo ao espaço num dos ônibus espaciais americanos. Treinando desde 1998, Pontes já poderia ter voado em 2002.
Duas coisas minaram a decolagem: primeiro, os atrasos e a redução brutal da participação brasileira no projeto, de cerca de R$ 240 milhões (em valores atuais) para R$ 40 milhões, que desobrigaram os americanos de rapidamente cumprir sua parte no trato e escalar Pontes para um vôo. Segundo, o acidente com o ônibus Columbia, que matou sete astronautas em 2003 e colocou as naves da Nasa "na garagem" até que se ampliasse sua segurança.
De lá para cá, apenas uma missão dos ônibus espacial decolou, no ano passado. Isso gerou um aumento significativo na "fila" de astronautas a voar pela Nasa, colocando Pontes numa situação desfavorável. Daí a motivação da AEB (Agência Espacial Brasileira) para alterar a via de acesso e comprar, por US$ 10 milhões, um assento numa Soyuz dos russos --mesma rota que até agora foi perseguida por outros colegas de classe de Pontes na Nasa.
Ainda assim, o acordo com os EUA segue de pé e depende hoje mais do esforço brasileiro na entrega das peças à ISS --os chamados Equipamentos de Suporte de Vôo, prateleiras para baterias e experimentos usadas tanto na ISS como nos ônibus espaciais. O Senai atualmente trabalha na prototipagem dos equipamentos, mas nenhuma peça foi entregue ainda.
Pontes relata que já "sofreu muito" no Centro Espacial Johnson, em Houston (EUA), tentando explicar à Nasa os atrasos do lado brasileiro. "Quando voltar do espaço, devo retomar minhas atividades em Houston e não vou sossegar enquanto não entregarmos a primeira peça", afirma.
Caso as peças sejam entregues, nada além de vontade política e da iminente aposentadoria dos ônibus espaciais americanos, em 2010, estará entre o astronauta brasileiro e um segundo vôo.
Uma nova missão daria algum senso de perspectiva ao futuro das pesquisas em ambiente orbital, que hoje só têm como certa a oportunidade oferecida pelo vôo do próximo dia 30 de março. Além disso, o Brasil continua país participante da ISS e poderá enviar alguns experimentos ao complexo sem depender de um astronauta brasileiro. É o que afirma Raimundo Mussi, da AEB.
Durante apresentação da avaliação russa dos experimentos brasileiros (nove propostos, oito aprovados), no início do mês, Mussi disse que o projeto descartado será enviado à ISS quando a estação dispuser do equipamento adequado à sua execução --um forno que só existe no módulo-laboratório europeu Columbus, que está hoje no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, esperando carona nos ônibus espaciais para ser acoplado ao complexo orbital.
O vôo do Columbus acontecerá na sétima das 16 missões remanescentes dos ônibus espaciais americanos voltadas à construção da ISS, provavelmente em 2007 ou 2008.
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O astronauta brasileiro Marcos Cesar Pontes pode até estar na reta final de preparação para seu vôo à ISS (Estação Espacial Internacional) numa nave russa Soyuz, mas não esconde a pretensão de fazer um segundo vôo, depois de 2009, num ônibus espacial americano. "É o que está no acordo de participação no projeto da estação", disse à Folha o astronauta, antes de entrar em isolamento completo para a fase final de sua preparação para a missão, na Rússia, na semana passada.
O acordo original da participação brasileira na ISS previa que, em troca da fabricação de algumas peças da estação, o país teria direito a treinar um astronauta próprio na Nasa --o que aconteceu-- e enviá-lo ao espaço num dos ônibus espaciais americanos. Treinando desde 1998, Pontes já poderia ter voado em 2002.
Duas coisas minaram a decolagem: primeiro, os atrasos e a redução brutal da participação brasileira no projeto, de cerca de R$ 240 milhões (em valores atuais) para R$ 40 milhões, que desobrigaram os americanos de rapidamente cumprir sua parte no trato e escalar Pontes para um vôo. Segundo, o acidente com o ônibus Columbia, que matou sete astronautas em 2003 e colocou as naves da Nasa "na garagem" até que se ampliasse sua segurança.
De lá para cá, apenas uma missão dos ônibus espacial decolou, no ano passado. Isso gerou um aumento significativo na "fila" de astronautas a voar pela Nasa, colocando Pontes numa situação desfavorável. Daí a motivação da AEB (Agência Espacial Brasileira) para alterar a via de acesso e comprar, por US$ 10 milhões, um assento numa Soyuz dos russos --mesma rota que até agora foi perseguida por outros colegas de classe de Pontes na Nasa.
Ainda assim, o acordo com os EUA segue de pé e depende hoje mais do esforço brasileiro na entrega das peças à ISS --os chamados Equipamentos de Suporte de Vôo, prateleiras para baterias e experimentos usadas tanto na ISS como nos ônibus espaciais. O Senai atualmente trabalha na prototipagem dos equipamentos, mas nenhuma peça foi entregue ainda.
Pontes relata que já "sofreu muito" no Centro Espacial Johnson, em Houston (EUA), tentando explicar à Nasa os atrasos do lado brasileiro. "Quando voltar do espaço, devo retomar minhas atividades em Houston e não vou sossegar enquanto não entregarmos a primeira peça", afirma.
Caso as peças sejam entregues, nada além de vontade política e da iminente aposentadoria dos ônibus espaciais americanos, em 2010, estará entre o astronauta brasileiro e um segundo vôo.
Uma nova missão daria algum senso de perspectiva ao futuro das pesquisas em ambiente orbital, que hoje só têm como certa a oportunidade oferecida pelo vôo do próximo dia 30 de março. Além disso, o Brasil continua país participante da ISS e poderá enviar alguns experimentos ao complexo sem depender de um astronauta brasileiro. É o que afirma Raimundo Mussi, da AEB.
Durante apresentação da avaliação russa dos experimentos brasileiros (nove propostos, oito aprovados), no início do mês, Mussi disse que o projeto descartado será enviado à ISS quando a estação dispuser do equipamento adequado à sua execução --um forno que só existe no módulo-laboratório europeu Columbus, que está hoje no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, esperando carona nos ônibus espaciais para ser acoplado ao complexo orbital.
O vôo do Columbus acontecerá na sétima das 16 missões remanescentes dos ônibus espaciais americanos voltadas à construção da ISS, provavelmente em 2007 ou 2008.
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