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08/03/2006 - 11h19

Sul-coreano reconhece que manipulou dados de pesquisa

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da Efe, em Seul

O polêmico cientista sul-coreano Hwang Woo-suk, pioneiro na clonagem humana em seu país, reconheceu que manipulou os dados sobre células-tronco de seu estudo de 2005, disse nesta terça-feira um dos promotores que investigam o professor e sua equipe.

Segundo um agente citado pela agência de notícias "Yonhap", Hwang admitiu que ordenou a Kwon Dae-kee, um de seus ajudantes, que manipulasse amostras para verificação do DNA de uma das séries de células-tronco supostamente criadas para sua pesquisa de 2005, aclamada mundialmente antes de se saber que era uma fraude.

Nesse trabalho publicado na prestigiosa revista "Science", o cientista afirmava que havia clonado células-tronco específicas a partir de pacientes doentes, descoberta que abriria as portas para o tratamento de doenças até agora sem cura, como o alzheimer e o diabetes.

Kwon, mão direita de Hwang, já tinha declarado anteriormente que o cientista tinha ordenado a ele que dividisse em duas partes as células somáticas de oito pacientes.

Depois, Hwang teria pedido a Kwon que manipulasse o resultado para que uma das duas metades continuasse parecendo uma célula somática normal e a outra parecesse uma célula-tronco específica clonada de pacientes.

Este tipo de célula-tronco, se fosse verdadeira, permitiria em teoria a reprodução do tecido danificado em doentes para sua regeneração ou a pesquisa para a correspondente cura.

Kwon já havia feito estas declarações ao ser interrogado há um mês pela Comissão de Investigação constituída pela Universidade Nacional de Seul para determinar se Hwang realmente cometeu uma das maiores fraudes científicas das últimas décadas.

A Comissão concluiu que o estudo de 2005 de Hwang, em que o professor dizia que havia clonado 11 células-tronco específicas de pacientes doentes, era um acúmulo de mentiras.

A Comissão também determinou que era fraudulento o estudo publicado um ano antes na mesma revista americana, em que Hwang afirmava que havia clonado embriões humanos e extraído deles, pela primeira vez na história científica, células-tronco.

A "Science" se retratou da publicação dos dois estudos e admitiu que os dois tinham sido falsificados. Em fevereiro, a Universidade Nacional de Seul decidiu retirar Hwang de seu cargo de cientista e suspendeu seu salário.

Além disso, a Comissão de Assuntos Internos do centro acadêmico advertiu que pode aplicar novas sanções disciplinares após a divulgação dos resultados da investigação que está sendo realizada pela Promotoria sul-coreana, que pode levar Hwang e sua equipe a julgamento.

Hwang apresentou sua renúncia na Universidade Nacional de Seul, onde trabalhava, mas ainda mantém sua cátedra. O professor e outros três pesquisadores de sua equipe estão sendo interrogados pelos agentes judiciais há cinco dias.

Segundo as fontes da Promotoria, Hwang não reconheceu, no entanto, a falsificação do trabalho de 2004, sobre células mães de embriões humanos clonados.

A Promotoria pretende divulgar na próxima semana um relatório preliminar sobre o caso, que comoveu a opinião pública sul-coreana e destruiu a reputação do sistema científico do país diante da comunidade acadêmica mundial.

"Quase chegamos à conclusão do caso. Mas precisamos de mais tempo para determinar a verdade, porque os envolvidos estão fazendo declarações contraditórias", disse outro promotor que participa da investigação, também citado hoje pela "Yonhap".

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