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14/04/2006 - 10h46

Fóssil traça elo entre ancestrais humanos

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RICARDO BONALUME NETO
da Folha de S.Paulo

Novos fósseis de uma das mais antigas espécies de "homem-macaco", o Australopithecus anamensis, foram achados na Etiópia, confirmando a sua importância para as origens do grupo de grandes primatas ao qual pertencem os seres humanos modernos.

O homem atual é classificado no gênero Homo e na espécie Homo sapiens, e seus ancestrais mais próximos eram do mesmo gênero, como o Homo erectus. Antes disso, o grupo dos chamados hominídeos era representado por outro gênero, o Australopithecus, sobre o qual sobram polêmicas e interpretações conflitantes.

Os novos achados foram revelados por uma equipe internacional de 22 pesquisadores liderada por Tim White, da Universidade da Califórnia, em artigo na edição desta quinta da revista científica britânica "Nature" (www.nature.com).

A descoberta dos novos fósseis permitiu confirmar que o A. anamensis, com cerca de 4,2 milhões de anos, é ancestral do A. afarensis, uma espécie famosa por um esqueleto razoavelmente completo apelidado de "Lucy". Os restos foram achados nos sítios paleontológicos de Aramis e Asa Issie, na região de Afar, na Etiópia. Entre os achados estão o maior dente canino de um hominídeo.

Macaco do sul

O nome Australopithecus já indica que os cientistas que o cunharam o interpretavam como algo simiesco --quer dizer "macaco do sul" em latim (foram achados primeiro na África do Sul).

Mas, na verdade, os fósseis desse gênero mostram uma enorme diferença em relação aos grandes macacos africanos atuais (gorilas, chimpanzés), assim como são bem distintos de potenciais ancestrais humanos como o Ardipithecus, o Orrorin e o Sahelanthropus, segundo White e colegas.

Para complicar a questão, existem outros membros do gênero que não estariam na linhagem do homem. "Se você der uma olhada numa árvore genealógica, verá que algumas das espécies de Australopithecus foram extintas, mas que uma deve ter dado origem ao gênero Homo", disse White em entrevista à Folha.

"A linhagem que passa do A. anamensis ao A. afarensis é a mais provável, mas ainda há dúvidas. A linhagem do A. robustus na África do Sul e a do A. boisei no leste da África estavam extintas em torno de 1,2 milhão de anos atrás, mas por essa época o Homo erectus já tinha aparecido", afirma o pesquisador americano.

Os fósseis de Asa Issie representam pelo menos oito pessoas. Não só restos pré-humanos foram achados no sítios. Em Asa Issie e Aramis também se encontraram centenas de ossos de outros mamíferos. Os animais achados em Asa Issie eram anatomicamente mais evoluídos que os de Aramis, o que se explica pelo sítio ser 300 mil anos mais recente.

Os autores citam o paleontólogo e especialista em evolução Stephen Jay Gould --também um refinado divulgador de ciência-- e suas teses sobre a divergência entre espécies para mostrar como os fósseis ainda não conseguem explicar como foi o processo de ramificação dos hominídeos.

Em 1976, Gould dizia que, em dado momento, três linhagens de hominídeos viviam ao mesmo tempo -- Australopithecus africanus, Australopithecus robustus e Homo habilis. "Conhecemos cerca de três ramos coexistentes do arbusto humano. Ficarei surpreso se até o final deste século não se descobrirem outros tantos", disse ele então. Resta saber se, no caso dos hominídeos mais antigos, uma espécie se "transformou" na outra ou houve um processo de separação das linhagens.

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