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06/06/2006
-
09h58
SALVADOR NOGUEIRA
da Folha de S.Paulo
Em meio à controvérsia de sua transferência para a reserva na Força Aérea, o astronauta Marcos Cesar Pontes, 43, comunicou à Agência Espacial Brasileira que seguirá trabalhando no programa --de graça.
Os termos do acerto foram apresentados à AEB na última sexta-feira por um fax, obtido pela Folha. O documento foi enviado do Escritório dos Astronautas do Centro Espacial Johnson, em Houston (EUA).
A prestação de serviço "sem custos de remuneração para os cofres públicos" de Pontes à AEB não será irrestrita. No documento, ele especifica que só continuará na função de elemento de ligação entre o governo brasileiro e a Nasa nas tratativas ligadas à participação brasileira na ISS (Estação Espacial Internacional). Caso o Brasil saia do projeto, o coronel se desobriga de seguir prestando assessoria gratuita à AEB.
Para o presidente da agência, Sérgio Gaudenzi, a proposta formal enviada pelo astronauta não veio como surpresa. "Marcos já havia dado declarações de que pretendia continuar no programa", disse à Folha.
A AEB de início se disse surpreendida pela comunicação, via Diário Oficial, em 18 de maio, de que Pontes estava se aposentando na Força Aérea. Temia-se que o conhecimento adquirido em seus oito anos de treinamento fosse perdido ou transferido à iniciativa privada sem beneficiar o programa espacial que o manteve.
Agora, Gaudenzi se diz satisfeito com os termos colocados por Pontes e afirma que já terá o astronauta a seu lado nas negociações que travará em Houston com a agência espacial americana no fim deste mês, sobre o futuro da participação brasileira na ISS.
Pontes nega que a oferta tenha sido um recuo em face das críticas que enfrentou por sua súbita aposentadoria na FAB. "Essa continuidade já era prevista desde o momento em que foi tomada a decisão de ir para a reserva. A mídia é que se antecipou sem saber de todos os fatos", alega o coronel.
Ele diz que agora trabalhará parte do tempo na Nasa, em Houston, e parte no Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), em São Paulo, fazendo o meio-de-campo entre brasileiros e americanos para que o país comece a cumprir sua parte na ISS.
Atualmente, a obrigação brasileira no projeto é entregar à Nasa 18 FSEs (Equipamentos de Suporte de Vôo), a serem fabricados no país a um custo de cerca de US$ 8 milhões. O protótipo dessas peças já está sendo construído pelo Senai, embora o governo brasileiro ainda se tente trocar essa obrigação pela fabricação de uma câmera para um satélite americano.
Proposta semelhante à apresentada à AEB foi feita por Pontes também ao IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço), órgão da Força Aérea que trabalha principalmente no setor de foguetes. No documento, o coronel se oferece para assessorar projetos espaciais do instituto e intermediar negociações de cooperação internacional, como o do desenvolvimento do VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites) e seus sucessores.
Nos dois documentos, Pontes enfatiza que essa ajuda só será possível se ele puder, em paralelo, desenvolver projetos na iniciativa privada.
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Em meio à controvérsia de sua transferência para a reserva na Força Aérea, o astronauta Marcos Cesar Pontes, 43, comunicou à Agência Espacial Brasileira que seguirá trabalhando no programa --de graça.
Os termos do acerto foram apresentados à AEB na última sexta-feira por um fax, obtido pela Folha. O documento foi enviado do Escritório dos Astronautas do Centro Espacial Johnson, em Houston (EUA).
A prestação de serviço "sem custos de remuneração para os cofres públicos" de Pontes à AEB não será irrestrita. No documento, ele especifica que só continuará na função de elemento de ligação entre o governo brasileiro e a Nasa nas tratativas ligadas à participação brasileira na ISS (Estação Espacial Internacional). Caso o Brasil saia do projeto, o coronel se desobriga de seguir prestando assessoria gratuita à AEB.
Para o presidente da agência, Sérgio Gaudenzi, a proposta formal enviada pelo astronauta não veio como surpresa. "Marcos já havia dado declarações de que pretendia continuar no programa", disse à Folha.
A AEB de início se disse surpreendida pela comunicação, via Diário Oficial, em 18 de maio, de que Pontes estava se aposentando na Força Aérea. Temia-se que o conhecimento adquirido em seus oito anos de treinamento fosse perdido ou transferido à iniciativa privada sem beneficiar o programa espacial que o manteve.
Agora, Gaudenzi se diz satisfeito com os termos colocados por Pontes e afirma que já terá o astronauta a seu lado nas negociações que travará em Houston com a agência espacial americana no fim deste mês, sobre o futuro da participação brasileira na ISS.
Pontes nega que a oferta tenha sido um recuo em face das críticas que enfrentou por sua súbita aposentadoria na FAB. "Essa continuidade já era prevista desde o momento em que foi tomada a decisão de ir para a reserva. A mídia é que se antecipou sem saber de todos os fatos", alega o coronel.
Ele diz que agora trabalhará parte do tempo na Nasa, em Houston, e parte no Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), em São Paulo, fazendo o meio-de-campo entre brasileiros e americanos para que o país comece a cumprir sua parte na ISS.
Atualmente, a obrigação brasileira no projeto é entregar à Nasa 18 FSEs (Equipamentos de Suporte de Vôo), a serem fabricados no país a um custo de cerca de US$ 8 milhões. O protótipo dessas peças já está sendo construído pelo Senai, embora o governo brasileiro ainda se tente trocar essa obrigação pela fabricação de uma câmera para um satélite americano.
Proposta semelhante à apresentada à AEB foi feita por Pontes também ao IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço), órgão da Força Aérea que trabalha principalmente no setor de foguetes. No documento, o coronel se oferece para assessorar projetos espaciais do instituto e intermediar negociações de cooperação internacional, como o do desenvolvimento do VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites) e seus sucessores.
Nos dois documentos, Pontes enfatiza que essa ajuda só será possível se ele puder, em paralelo, desenvolver projetos na iniciativa privada.
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