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09/06/2006
-
09h57
CLÁUDIA COLLUCCI
CLAUDIO ANGELO
da Folha de S.Paulo
Foi aprovada ontem nos EUA a primeira vacina que protege as mulheres contra o câncer de colo do útero, doença que mata pelo menos 7.000 brasileiras por ano. A aprovação no Brasil está sendo aguardada para o segundo semestre.
Autorizada pela agência norte-americana que regula fármacos e alimentos, FDA, a vacina Gardasil (Merck Sharp & Dohme) é recomendada para mulheres entre 9 e 26 anos e previne a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), que causa o câncer de colo uterino.
A recomendação em idade tão precoce foi feita em razão de a vacina funcionar melhor em meninas que ainda não iniciaram a vida sexual e, portanto, não tiveram contato com o HPV. Ela não protege pessoas já infectadas e não imuniza contra todos os tipos de câncer uterino --cobre cerca de 70%.
No próximo dia 29, o comitê norte-americano de práticas de imunização deve definir como será a rotina de vacinação com o novo produto nos EUA.
O assunto é polêmico. Grupos conservadores, como o Foco na Família, são contra a obrigatoriedade para crianças e jovens. Para eles --que defendem a abstinência sexual como melhor forma de prevenir o HPV e outras doenças sexualmente transmissíveis--, a decisão deve partir dos pais.
Brasil
O laboratório fabricante já pediu à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a licença para comercializar a vacina no Brasil. A agência deve dar um parecer a respeito entre setembro e outubro. Se for positivo, a vacina entrará no mercado nacional ainda neste ano.
"Os documentos estão sendo analisados e o processo estaria correndo a contento", disse à Folha Luisa Villa, do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer, em São Paulo. Ela coordenou a etapa brasileira dos testes clínicos da vacina, que envolveu 3.000 mulheres.
Segundo a médica, a vacina tem eficácia de 100% contra infecção por quatro tipos de HPV (as linhagens 6, 11, 16 e 18) nas mulheres que ainda não foram expostas ao parasita --portanto, a imunização deveria ocorrer antes que fosse iniciada a vida sexual.
"É importante ressaltar que não existe nenhum efeito terapêutico", afirmou a pesquisadora. Ou seja, ela não serve para tratar lesões genitais ou câncer de colo de útero previamente provocados por HPV.
Porém, diz Villa, há benefício para mulheres já expostas ao vírus, porque dificilmente alguém se infecta com os quatro tipos de uma vez.
"Alguém que já foi previamente exposto ao HPV-6 estará 100% protegido contra o HPV-11, 16 e 18", afirmou.
Há vários tipos de HPV. Alguns são inócuos, outros produzem verrugas genitais e os mais perigosos geram lesões que levam ao câncer.
O teste da vacina envolveu 25 mil mulheres com idades entre 16 e 23 anos, em 33 países. No Brasil, uma outra vacina passa por testes com animais. Desenvolvida pela USP e pelo Instituto Butantan, ela só se aplica aos tipos 16 e 18. Outros grupos buscam novas estratégias para atacar o vírus.
Com agências internacionais
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CLAUDIO ANGELO
da Folha de S.Paulo
Foi aprovada ontem nos EUA a primeira vacina que protege as mulheres contra o câncer de colo do útero, doença que mata pelo menos 7.000 brasileiras por ano. A aprovação no Brasil está sendo aguardada para o segundo semestre.
Autorizada pela agência norte-americana que regula fármacos e alimentos, FDA, a vacina Gardasil (Merck Sharp & Dohme) é recomendada para mulheres entre 9 e 26 anos e previne a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), que causa o câncer de colo uterino.
A recomendação em idade tão precoce foi feita em razão de a vacina funcionar melhor em meninas que ainda não iniciaram a vida sexual e, portanto, não tiveram contato com o HPV. Ela não protege pessoas já infectadas e não imuniza contra todos os tipos de câncer uterino --cobre cerca de 70%.
No próximo dia 29, o comitê norte-americano de práticas de imunização deve definir como será a rotina de vacinação com o novo produto nos EUA.
O assunto é polêmico. Grupos conservadores, como o Foco na Família, são contra a obrigatoriedade para crianças e jovens. Para eles --que defendem a abstinência sexual como melhor forma de prevenir o HPV e outras doenças sexualmente transmissíveis--, a decisão deve partir dos pais.
Brasil
O laboratório fabricante já pediu à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a licença para comercializar a vacina no Brasil. A agência deve dar um parecer a respeito entre setembro e outubro. Se for positivo, a vacina entrará no mercado nacional ainda neste ano.
"Os documentos estão sendo analisados e o processo estaria correndo a contento", disse à Folha Luisa Villa, do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer, em São Paulo. Ela coordenou a etapa brasileira dos testes clínicos da vacina, que envolveu 3.000 mulheres.
Segundo a médica, a vacina tem eficácia de 100% contra infecção por quatro tipos de HPV (as linhagens 6, 11, 16 e 18) nas mulheres que ainda não foram expostas ao parasita --portanto, a imunização deveria ocorrer antes que fosse iniciada a vida sexual.
"É importante ressaltar que não existe nenhum efeito terapêutico", afirmou a pesquisadora. Ou seja, ela não serve para tratar lesões genitais ou câncer de colo de útero previamente provocados por HPV.
Porém, diz Villa, há benefício para mulheres já expostas ao vírus, porque dificilmente alguém se infecta com os quatro tipos de uma vez.
"Alguém que já foi previamente exposto ao HPV-6 estará 100% protegido contra o HPV-11, 16 e 18", afirmou.
Há vários tipos de HPV. Alguns são inócuos, outros produzem verrugas genitais e os mais perigosos geram lesões que levam ao câncer.
O teste da vacina envolveu 25 mil mulheres com idades entre 16 e 23 anos, em 33 países. No Brasil, uma outra vacina passa por testes com animais. Desenvolvida pela USP e pelo Instituto Butantan, ela só se aplica aos tipos 16 e 18. Outros grupos buscam novas estratégias para atacar o vírus.
Com agências internacionais
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