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25/08/2006
-
09h00
da Folha de S.Paulo
Descoberto em 1930 pelo astrônomo americano Clyde Tombaugh, Plutão provavelmente deveu sua promoção imediata ao status de planeta à ignorância dos astrônomos: todo mundo achava que ele fosse bem maior do que acabou se revelando. "Plutão é um estranho no ninho desde que foi descoberto. Ele era mantido como planeta por motivos históricos e lobby americano [já que foi o único planeta descoberto por um pesquisador dos EUA]", argumenta Cássio Barbosa. Ele lembra também que a órbita do ex-planeta é totalmente estranha para os padrões dos demais, muito ovalada e em ângulo diferente em relação ao Sol.
O nome, que é o do deus romano do mundo dos mortos, foi sugerido a Tombaugh pela britânica Venetia Burney (hoje Phair), então com 11 anos. Ironicamente, Tombaugh saiu em busca do astro por detectar perturbações gravitacionais na órbita de Netuno, mas depois os astrônomos perceberam que o astro era simplesmente pequeno demais para causar o efeito. O problema, na verdade, era um erro na medição da massa de Netuno.
Reações contraditórias
Pelo menos um dos prováveis prejudicados com o rebaixamento plutoniano não ficaria chateado --ou ao menos é o que diz Patricia Tombaugh, viúva do descobridor do astro. "Clyde diria "bem, ele está lá. Pode fazer o que quiser com ele". Ele entenderia que a ciência é uma coisa progressiva e que, se você faz uma descoberta, corre o risco de vê-la derrubada mais tarde", afirmou Tombaugh, 94.
Outra reação tranqüila --e, à primeira vista, inesperada-- veio do astrônomo Mike Brown, do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia). Brown é o maior caçador de objetos do cinturão de Kuiper (os cafundós gelados do Sistema Solar, onde Plutão mora) e o descobridor de "Xena". Esse astro, ligeiramente maior que Plutão, era forte candidato a décimo planeta.
"Claro que fico chateado ao saber que Xena não será o décimo planeta, mas com toda certeza dou meu apoio à IAU nessa decisão difícil e corajosa. Cientificamente, é a coisa certa a fazer, e é um grande passo à frente para a astronomia. Plutão jamais seria considerado um planeta se tivesse sido descoberto hoje", disse Brown.
Outros astrônomos, porém, apontaram o fato de que, se o público em geral continuar a considerar o astro um planeta, a definição científica do termo talvez acabe se distanciando da popular. Para esses pesquisadores, a própria criação do termo "planeta-anão" acaba, de certa forma, lançando dúvidas sobre o rebaixamento.
Com agências internacionais
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Descoberto em 1930 pelo astrônomo americano Clyde Tombaugh, Plutão provavelmente deveu sua promoção imediata ao status de planeta à ignorância dos astrônomos: todo mundo achava que ele fosse bem maior do que acabou se revelando. "Plutão é um estranho no ninho desde que foi descoberto. Ele era mantido como planeta por motivos históricos e lobby americano [já que foi o único planeta descoberto por um pesquisador dos EUA]", argumenta Cássio Barbosa. Ele lembra também que a órbita do ex-planeta é totalmente estranha para os padrões dos demais, muito ovalada e em ângulo diferente em relação ao Sol.
O nome, que é o do deus romano do mundo dos mortos, foi sugerido a Tombaugh pela britânica Venetia Burney (hoje Phair), então com 11 anos. Ironicamente, Tombaugh saiu em busca do astro por detectar perturbações gravitacionais na órbita de Netuno, mas depois os astrônomos perceberam que o astro era simplesmente pequeno demais para causar o efeito. O problema, na verdade, era um erro na medição da massa de Netuno.
Reações contraditórias
Pelo menos um dos prováveis prejudicados com o rebaixamento plutoniano não ficaria chateado --ou ao menos é o que diz Patricia Tombaugh, viúva do descobridor do astro. "Clyde diria "bem, ele está lá. Pode fazer o que quiser com ele". Ele entenderia que a ciência é uma coisa progressiva e que, se você faz uma descoberta, corre o risco de vê-la derrubada mais tarde", afirmou Tombaugh, 94.
Outra reação tranqüila --e, à primeira vista, inesperada-- veio do astrônomo Mike Brown, do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia). Brown é o maior caçador de objetos do cinturão de Kuiper (os cafundós gelados do Sistema Solar, onde Plutão mora) e o descobridor de "Xena". Esse astro, ligeiramente maior que Plutão, era forte candidato a décimo planeta.
"Claro que fico chateado ao saber que Xena não será o décimo planeta, mas com toda certeza dou meu apoio à IAU nessa decisão difícil e corajosa. Cientificamente, é a coisa certa a fazer, e é um grande passo à frente para a astronomia. Plutão jamais seria considerado um planeta se tivesse sido descoberto hoje", disse Brown.
Outros astrônomos, porém, apontaram o fato de que, se o público em geral continuar a considerar o astro um planeta, a definição científica do termo talvez acabe se distanciando da popular. Para esses pesquisadores, a própria criação do termo "planeta-anão" acaba, de certa forma, lançando dúvidas sobre o rebaixamento.
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