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11/11/2006
-
19h04
da Folha de S.Paulo
No mesmo dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou oficialmente a proposta brasileira que será levada na semana que vem à reunião internacional sobre mudança climática de Nairóbi, ambientalistas presentes ao encontro no Quênia criticaram a posição do país sobre a extensão do Protocolo de Kyoto.
O Brasil recebeu da rede de ONGs CAN (Climate Action Network) o troféu "fóssil do dia", uma honraria dúbia concedida aos países que mais tentam atravancar as negociações sobre o acordo internacional que substituirá o protocolo, que expira em 2012. O "prêmio" foi concedido ontem em Nairóbi, durante a COP-12 (12ª Conferência das Partes) da Convenção do Clima da ONU.
Segundo a CAN, o país levou o abacaxi devido a sua "argumentação dura e espúria" contra o uso de um dos artigos do texto do Protocolo de Kyoto para "fortalecer e ampliar os esforços globais de proteção do clima no período pós-2012".
O Brasil é um dos líderes do bloco dos países em desenvolvimento, que se recusam a assumir metas de redução de gases que causam o efeito estufa, como o gás carbônico (CO2).
O mundo subdesenvolvido não é obrigado pelo acordo de Kyoto a cortar suas emissões de poluentes, já que o aquecimento atual do planeta foi causado pela queima de petróleo e carvão que levou os países hoje industrializados ao desenvolvimento. Mas os gigantes do Terceiro Mundo acabaram virando parte do problema --a China cresce 10% ao ano e em três anos se tornará o maior emissor de CO2-- e há pressões para que eles assumam metas obrigatórias no pós-Kyoto.
Segundo a delegação brasileira na COP-12, a escolha do Brasil como fóssil do dia resultou de um "mal-entendido" entre a posição brasileira e CAN. Ao defenderem que a revisão de Kyoto não poderia ser uma "porta que se abrisse para os países que não gostam do protocolo", o Brasil teria sido "interpretado erroneamente", segundo um delegado.
Lula
Em reunião ontem do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o país adquiriu uma "maturidade política" no tema ambiental suficiente para cobrar àquelas nações que, segundo ele, estavam acostumadas só a cobrar do Brasil. Segundo Lula, o país "pode hoje entrar de cabeça erguida em qualquer debate".
Durante a reunião foi apresentada a proposta brasileira para a COP-12. A base da proposta é a criação de um "mecanismo de incentivos para países em desenvolvimento que reduzirem suas emissões de gases de efeito estufa por desmatamento". O mecanismo deve ter o formato de um fundo voluntário, com contribuição de países industrializados para compensar os detentores de florestas tropicais que reduzirem suas emissões.
Com ANA FLOR, colaboração para a Folha em Nairóbi, e Sucursal de Brasília
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Brasil se torna "fóssil do dia" em Nairóbi
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No mesmo dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou oficialmente a proposta brasileira que será levada na semana que vem à reunião internacional sobre mudança climática de Nairóbi, ambientalistas presentes ao encontro no Quênia criticaram a posição do país sobre a extensão do Protocolo de Kyoto.
O Brasil recebeu da rede de ONGs CAN (Climate Action Network) o troféu "fóssil do dia", uma honraria dúbia concedida aos países que mais tentam atravancar as negociações sobre o acordo internacional que substituirá o protocolo, que expira em 2012. O "prêmio" foi concedido ontem em Nairóbi, durante a COP-12 (12ª Conferência das Partes) da Convenção do Clima da ONU.
Segundo a CAN, o país levou o abacaxi devido a sua "argumentação dura e espúria" contra o uso de um dos artigos do texto do Protocolo de Kyoto para "fortalecer e ampliar os esforços globais de proteção do clima no período pós-2012".
O Brasil é um dos líderes do bloco dos países em desenvolvimento, que se recusam a assumir metas de redução de gases que causam o efeito estufa, como o gás carbônico (CO2).
O mundo subdesenvolvido não é obrigado pelo acordo de Kyoto a cortar suas emissões de poluentes, já que o aquecimento atual do planeta foi causado pela queima de petróleo e carvão que levou os países hoje industrializados ao desenvolvimento. Mas os gigantes do Terceiro Mundo acabaram virando parte do problema --a China cresce 10% ao ano e em três anos se tornará o maior emissor de CO2-- e há pressões para que eles assumam metas obrigatórias no pós-Kyoto.
Segundo a delegação brasileira na COP-12, a escolha do Brasil como fóssil do dia resultou de um "mal-entendido" entre a posição brasileira e CAN. Ao defenderem que a revisão de Kyoto não poderia ser uma "porta que se abrisse para os países que não gostam do protocolo", o Brasil teria sido "interpretado erroneamente", segundo um delegado.
Lula
Em reunião ontem do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o país adquiriu uma "maturidade política" no tema ambiental suficiente para cobrar àquelas nações que, segundo ele, estavam acostumadas só a cobrar do Brasil. Segundo Lula, o país "pode hoje entrar de cabeça erguida em qualquer debate".
Durante a reunião foi apresentada a proposta brasileira para a COP-12. A base da proposta é a criação de um "mecanismo de incentivos para países em desenvolvimento que reduzirem suas emissões de gases de efeito estufa por desmatamento". O mecanismo deve ter o formato de um fundo voluntário, com contribuição de países industrializados para compensar os detentores de florestas tropicais que reduzirem suas emissões.
Com ANA FLOR, colaboração para a Folha em Nairóbi, e Sucursal de Brasília
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