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08/12/2006 - 11h02

Biocombustível de grama é mais vantajoso, diz estudo

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EDUARDO GERAQUE
da Folha de S.Paulo

Gramas e ervas que costumam cobrir os pastos das regiões temperadas do mundo são fontes com grande potencial energético e ambiental para produção de biocombustíveis, informa estudo publicado hoje na revista "Science".

Nas comparações feitas por um time de cientistas de Minnesota, nos Estados Unidos, um conjunto de 16 plantas nativas produziu uma quantidade de energia 238% maior que as culturas como soja e milho, em um período de dez anos.

Clarence Lehman
Em Minnesota, cientistas estudaram campos de gramíneas
Em Minnesota, cientistas estudaram campos de gramíneas
O estudo, liderado por David Tilman, ecólogo com experiência em pesquisas sobre sucessões ecológicas, mostra que no futuro, desde que várias questões técnicas sejam resolvidas, várias gramíneas poderão ajudar o ser humano a substituir o uso dos combustíveis fósseis, pelo menos em parte. As vantagens, nesse caso, além de energéticas, serão também de cunho ambiental.

Os pesquisadores americanos, primeiro, calcularam quanto o processo de produção de biocombustível feito a partir de gramíneas, ervas e plantas do grupo das leguminosas contribuiu para liberação de gases do efeito estufa. Depois, eles compararam os dados com os obtidos para a produção de biodiesel a partir da soja e também do etanol feito com a biomassa do milho.

O resultado dessa análise mostra claramente que o primeiro processo de produção é bem menos poluidor que o segundo. As plantas nativas, quando entram na cadeia, mostraram ser de seis a 16 vezes menos nocivas que soja e milho.

Outra vantagem, segundo defende Tilman no artigo científico, é que as plantas nativas podem ser plantadas em regiões já degradadas que estão em fase de regeneração. Isso faz com que esse tipo de cultura, além de ser útil para a produção de biocombustíveis, não entre em competição nem com as áreas usadas para a produção de alimentos e muito menos com áreas florestais, que devem ser cada vez mais preservadas por causa dos altos índices de biodiversidade.

Diferenças tropicais

Apesar de considerar o trabalho bastante interessante e de respeitar a produção intelectual do pesquisador norte-americano, Weber Amaral, o diretor do Pólo Nacional de Biocombustíveis, que funciona dentro da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), na USP (Universidade de São Paulo), tem duas ressalvas importantes a fazer sobre o estudo estrangeiro.

"Os resultados são incontestáveis. O problema está na assimetria da comparação", disse à Folha o pesquisador brasileiro. Enquanto no caso das gramíneas não houve a necessidade de fazer um cultivo em si, na soja e no milho é sempre fundamental fazer um manejo da área de cultivo, lembra o pesquisador.

"O ciclo de longo prazo usado no trabalho não é muito compatível com a realidade da produção. Esse tipo de experimento também é válido apenas para as condições das regiões temperadas", disse Amaral.

O pesquisador da Esalq afirma ainda que no Brasil os números seriam diferentes. "No nosso caso, se fosse feito uma comparação com a cana-de-açúcar, a diferença energética seria menor".

Segundo Amaral, acompanhamentos a longo prazo, como o feito pelos americanos, é algo que falta no país. "Temos que ter mais respostas técnicas para certas perguntas."

Os cientistas da Universidade de Minnesota não têm dúvidas que as pastagens estudadas por ele formam o terceiro grande grupo, em termos de potencial, de produção dos biocombustíveis. Elas estão atrás dos grãos tradicionais, como soja e milho, e da biomassa descartada nos processos produtivos, como a palha do milho.

Resta saber se alguém vai conseguir, nos próximos anos, colocar esse grupo em primeiro lugar dessa lista.

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