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12/01/2007
-
10h03
RAFAEL GARCIA
da Folha de S.Paulo
As unidades de conservação pequenas têm potencial limitado na conservação da biodiversidade na Amazônia quando se trata de espécies de pássaros. A conclusão é de um novo estudo de cientistas do Brasil e dos Estados Unidos feito a partir do PBDFF (Projeto de Biologia Dinâmica de Fragmentos de Floresta), o maior experimento do tipo realizado no mundo.
O trabalho, coordenado pelo biólogo Gonçalo Ferraz, do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas), contou com levantamentos feitos desde 1979 numa área desmatada sob a supervisão de cientistas, perto de Manaus, onde foi possível avaliar o efeito da fragmentação da floresta na capacidade de sobrevivência de animais e de plantas.
A intenção dos cientistas com o projeto foi entender qual é fator mais crucial para a sobrevivência de espécies em um determinado fragmento de mata que tenha restado numa região desmatada. É mais importante que esse fragmento seja grande ou é mais importante que ele não esteja muito isolado de outros trechos de mata?
Achar uma resposta para isso é importante para planejar unidades de conservação. E o estudo de Ferraz, publicado na edição de hoje na revista "Science" (www.sciencemag.org), é um reforço à idéia de que as autoridades ambientais precisam mesmo pensar grande.
"O efeito da área é muito mais forte do que nós esperávamos", disse Ferraz à Folha. "Metade das 55 espécies que nós analisamos para este estudo não são obviamente vulneráveis ao isolamento, mas estas, na maioria, são obviamente sensíveis ao tamanho da área."
Apesar de ressaltar a influência do tamanho das áreas, o estudo não descarta a importância de iniciativas como criar corredores para interligar fragmentos pequenos de mata.
O trabalho, porém, mostra que essa estratégia sozinha pode falhar na preservação de muitas espécies. Em um trabalho anterior, Ferraz já havia mostrado que o tempo de ação para preservar a biodiversidade em um fragmento de área pequeno também é limitado.
Corrida contra o tempo
"Fragmentos de cem hectares perdem a metade do número de espécies de ave em cerca de 15 anos", diz o pesquisador, que alerta para um problema de escala exponencial. "Para diminuir dez vezes a velocidade de perda é preciso aumentar cem vezes a área."
O estudo mais recente de Ferraz saiu de dados coletados a partir da captura de mais de 40 mil aves em fragmentos florestais de tamanhos diversos, entre 1979 e 1992. A demora em processar a informação ocorreu, em parte, pela dificuldade em desenvolver um método de estatística confiável para lidar com populações de aves mais raras. O problema foi contornado coma colaboração do cientista James Nichols, do Centro Patuxent (EUA), que deu tratamento matemático mais confiável aos registros.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre reservas florestais
Estudo mostra que reservas pequenas não protegem algumas espécies
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da Folha de S.Paulo
As unidades de conservação pequenas têm potencial limitado na conservação da biodiversidade na Amazônia quando se trata de espécies de pássaros. A conclusão é de um novo estudo de cientistas do Brasil e dos Estados Unidos feito a partir do PBDFF (Projeto de Biologia Dinâmica de Fragmentos de Floresta), o maior experimento do tipo realizado no mundo.
O trabalho, coordenado pelo biólogo Gonçalo Ferraz, do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas), contou com levantamentos feitos desde 1979 numa área desmatada sob a supervisão de cientistas, perto de Manaus, onde foi possível avaliar o efeito da fragmentação da floresta na capacidade de sobrevivência de animais e de plantas.
A intenção dos cientistas com o projeto foi entender qual é fator mais crucial para a sobrevivência de espécies em um determinado fragmento de mata que tenha restado numa região desmatada. É mais importante que esse fragmento seja grande ou é mais importante que ele não esteja muito isolado de outros trechos de mata?
Achar uma resposta para isso é importante para planejar unidades de conservação. E o estudo de Ferraz, publicado na edição de hoje na revista "Science" (www.sciencemag.org), é um reforço à idéia de que as autoridades ambientais precisam mesmo pensar grande.
"O efeito da área é muito mais forte do que nós esperávamos", disse Ferraz à Folha. "Metade das 55 espécies que nós analisamos para este estudo não são obviamente vulneráveis ao isolamento, mas estas, na maioria, são obviamente sensíveis ao tamanho da área."
Apesar de ressaltar a influência do tamanho das áreas, o estudo não descarta a importância de iniciativas como criar corredores para interligar fragmentos pequenos de mata.
O trabalho, porém, mostra que essa estratégia sozinha pode falhar na preservação de muitas espécies. Em um trabalho anterior, Ferraz já havia mostrado que o tempo de ação para preservar a biodiversidade em um fragmento de área pequeno também é limitado.
Corrida contra o tempo
"Fragmentos de cem hectares perdem a metade do número de espécies de ave em cerca de 15 anos", diz o pesquisador, que alerta para um problema de escala exponencial. "Para diminuir dez vezes a velocidade de perda é preciso aumentar cem vezes a área."
O estudo mais recente de Ferraz saiu de dados coletados a partir da captura de mais de 40 mil aves em fragmentos florestais de tamanhos diversos, entre 1979 e 1992. A demora em processar a informação ocorreu, em parte, pela dificuldade em desenvolver um método de estatística confiável para lidar com populações de aves mais raras. O problema foi contornado coma colaboração do cientista James Nichols, do Centro Patuxent (EUA), que deu tratamento matemático mais confiável aos registros.
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