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14/02/2007
-
10h30
RAFAEL GARCIA
da Folha de S.Paulo
Um grupo de biólogos descobriu uma fonte de mão-de-obra inusitada para projetos de reflorestamento: morcegos comedores de fruta.
Ao atrair os animais para áreas desmatadas, é possível transportar uma diversidade maior de plantas para regenerá-la. Os vegetais chegam por meio de uma "chuva de sementes" --a maneira poética como os biólogos se referem às fezes de herbívoros como morcegos.
A idéia relativamente simples surgiu do trabalho do biólogo Gledson Bianconi, da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Rio Claro, e Sandra Mikich, da divisão de florestas da Embrapa (Empresa Brasileira de Agropecuária).
Eles criaram uma maneira eficaz de atrair morcegos para fora da mata usando aromas de frutas. Desde 2000, vêm aprimorando seu método para isolar óleos de frutos silvestres e aplicá-los a pedaços de espuma de floricultura: um chamariz aromático de morcegos.
Agora, em estudo na revista "Biotropica", os cientistas mostram como a isca funciona. Usando a técnica, Bianconi e Mikich conseguiram atrair três espécies representativas de morcegos para um terreno com mata atlântica desmatada numa fazenda no oeste do Paraná.
"Era uma área que normalmente não teria atrativos como abrigo ou alimento para os bichos", diz Bianconi. "Quando capturamos alguns animais nas áreas abertas, eles defecaram uma grande quantidade de sementes de diferentes espécies." O grupo também teve sucesso em testes na Amazônia e em florestas com araucárias.
A vantagem que o uso de morcegos para reflorestamento pode trazer é aumentar a diversidade de plantas e acelerar a recuperação da área. Espécies que normalmente ficariam de fora de um projeto de reflorestamento convencional podem ser inseridas pelos bichos.
A eficácia da técnica está sendo atestada agora por botânicos da UFPR (Universidade Federal do Paraná) que avaliam o crescimento de plantas que germinam na área de pesquisa.
É improvável, porém, que os morcegos dêem conta do trabalho sozinhos, e o plantio de mudas em um projeto de reflorestamento não poderá ser dispensado. "Mas as técnicas usadas normalmente para recuperar essas áreas em geral não trazem de volta a "função" do ambiente, principalmente no Brasil, onde a diversidade é enorme", diz Bianconi.
Os pesquisadores se dedicam agora a aprimorar a técnica para produzir o chamariz aromático, já que não é prático nem barato fazer incursões na mata para coletar frutos silvestres e extrair óleos naturais. "Se nós descobrirmos quais compostos dos óleos são responsáveis por atrair os morcegos, será possível produzir isso em larga escala", diz Bianconi.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre morcegos
Isca para morcego ajuda a regenerar floresta tropical
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da Folha de S.Paulo
Um grupo de biólogos descobriu uma fonte de mão-de-obra inusitada para projetos de reflorestamento: morcegos comedores de fruta.
Ao atrair os animais para áreas desmatadas, é possível transportar uma diversidade maior de plantas para regenerá-la. Os vegetais chegam por meio de uma "chuva de sementes" --a maneira poética como os biólogos se referem às fezes de herbívoros como morcegos.
A idéia relativamente simples surgiu do trabalho do biólogo Gledson Bianconi, da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Rio Claro, e Sandra Mikich, da divisão de florestas da Embrapa (Empresa Brasileira de Agropecuária).
Eles criaram uma maneira eficaz de atrair morcegos para fora da mata usando aromas de frutas. Desde 2000, vêm aprimorando seu método para isolar óleos de frutos silvestres e aplicá-los a pedaços de espuma de floricultura: um chamariz aromático de morcegos.
Agora, em estudo na revista "Biotropica", os cientistas mostram como a isca funciona. Usando a técnica, Bianconi e Mikich conseguiram atrair três espécies representativas de morcegos para um terreno com mata atlântica desmatada numa fazenda no oeste do Paraná.
"Era uma área que normalmente não teria atrativos como abrigo ou alimento para os bichos", diz Bianconi. "Quando capturamos alguns animais nas áreas abertas, eles defecaram uma grande quantidade de sementes de diferentes espécies." O grupo também teve sucesso em testes na Amazônia e em florestas com araucárias.
A vantagem que o uso de morcegos para reflorestamento pode trazer é aumentar a diversidade de plantas e acelerar a recuperação da área. Espécies que normalmente ficariam de fora de um projeto de reflorestamento convencional podem ser inseridas pelos bichos.
A eficácia da técnica está sendo atestada agora por botânicos da UFPR (Universidade Federal do Paraná) que avaliam o crescimento de plantas que germinam na área de pesquisa.
É improvável, porém, que os morcegos dêem conta do trabalho sozinhos, e o plantio de mudas em um projeto de reflorestamento não poderá ser dispensado. "Mas as técnicas usadas normalmente para recuperar essas áreas em geral não trazem de volta a "função" do ambiente, principalmente no Brasil, onde a diversidade é enorme", diz Bianconi.
Os pesquisadores se dedicam agora a aprimorar a técnica para produzir o chamariz aromático, já que não é prático nem barato fazer incursões na mata para coletar frutos silvestres e extrair óleos naturais. "Se nós descobrirmos quais compostos dos óleos são responsáveis por atrair os morcegos, será possível produzir isso em larga escala", diz Bianconi.
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