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20/02/2007
-
10h49
RAFAEL GARCIA
Enviado especial da Folha de S.Paulo a San Francisco
A influência de governos sobre a redação do último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática) foi "absolutamente zero", disse ontem a chefe do grupo de cientistas responsável pelo sumário executivo do relatório, lançado com estrondo no último dia 2, em Paris.
Susan Solomon, da Noaa (Agência Nacional para Oceanos e Atmosfera dos EUA) coordenou os trabalhos do grupo 1 do painel (responsável por avaliar certeza científica sobre o aquecimento global).
Ontem, em sua primeira entrevista coletiva desde o lançamento do relatório, ela afirmou que a reação da sociedade se deve em grande parte à maior clareza do documento.
Questionada sobre o tom mais forte que o relatório publicado em janeiro teve em relação a sua versão anterior, de 2001, Solomon afirmou que o texto resultante foi fruto de um trabalho científico aprimorado e não de uma vontade política para elevar o tom de alarme, como muita gente tem sugerido nas últimas semanas.
"Procuramos fazer um relatório muito cuidadoso e claro em termos de o que nós sabemos e não sabemos", afirmou Solomon logo após proferir uma palestra sobre o tema na reunião anual da AAAS (Associação Americana para o Avanço da Ciência), que terminou ontem em San Francisco. Para ela, a qualidade do documento é que deu a ele o poder transformação maior da sociedade.
"Uma das coisas que me emocionaram muito foi quando testemunhei na Câmara dos Representantes [do Congresso dos EUA]", disse. "Foi formidável o número de congressistas que me disseram: "eu era um cético [sobre o aquecimento], mas passei a acreditar"."
Entre o terceiro relatório de avaliação e o quarto, uma das principais mudanças é que a culpa humana sobre o aquecimento global foi considerada "muito provável", quando antes era apenas "provável.
"Uma das explicações simples sobre porque isso aconteceu é que os últimos anos foram muito quentes", diz. "Se isso se devesse a uma variação aleatória, nós não teríamos tido seis anos tão mais quentes que a média, alguns dos quais batendo recordes. A natureza teve um comportamento alterado, e nós analisamos isso."
Chuvas contrastadas
Segundo Solomon, a grande contribuição do quarto relatório não foi aumentar o grau de precisão para as projeções de aumento de temperatura, que já tinham um grau razoável de confiabilidade.
O passo que se galgou foi sobre as previsões da quantidade de chuva, mais difícil de estudar. Grosso modo, o que ficou claro é que os lugares secos vão ficar mais secos e os lugares úmidos vão ficar mais úmidos.
"Tivemos muita discussão antes de redigir a declaração sobre precipitação", disse a climatologista americana. "Nós passamos muito tempo comparando os modelos entre si e nos certificando de que eles concordavam uns com os outros a um nível de 90%. O quarto relatório mostrou para a chuva o que o primeiro relatório mostrou para a temperatura."
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A influência de governos sobre a redação do último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática) foi "absolutamente zero", disse ontem a chefe do grupo de cientistas responsável pelo sumário executivo do relatório, lançado com estrondo no último dia 2, em Paris.
Susan Solomon, da Noaa (Agência Nacional para Oceanos e Atmosfera dos EUA) coordenou os trabalhos do grupo 1 do painel (responsável por avaliar certeza científica sobre o aquecimento global).
Ontem, em sua primeira entrevista coletiva desde o lançamento do relatório, ela afirmou que a reação da sociedade se deve em grande parte à maior clareza do documento.
Questionada sobre o tom mais forte que o relatório publicado em janeiro teve em relação a sua versão anterior, de 2001, Solomon afirmou que o texto resultante foi fruto de um trabalho científico aprimorado e não de uma vontade política para elevar o tom de alarme, como muita gente tem sugerido nas últimas semanas.
"Procuramos fazer um relatório muito cuidadoso e claro em termos de o que nós sabemos e não sabemos", afirmou Solomon logo após proferir uma palestra sobre o tema na reunião anual da AAAS (Associação Americana para o Avanço da Ciência), que terminou ontem em San Francisco. Para ela, a qualidade do documento é que deu a ele o poder transformação maior da sociedade.
"Uma das coisas que me emocionaram muito foi quando testemunhei na Câmara dos Representantes [do Congresso dos EUA]", disse. "Foi formidável o número de congressistas que me disseram: "eu era um cético [sobre o aquecimento], mas passei a acreditar"."
Entre o terceiro relatório de avaliação e o quarto, uma das principais mudanças é que a culpa humana sobre o aquecimento global foi considerada "muito provável", quando antes era apenas "provável.
"Uma das explicações simples sobre porque isso aconteceu é que os últimos anos foram muito quentes", diz. "Se isso se devesse a uma variação aleatória, nós não teríamos tido seis anos tão mais quentes que a média, alguns dos quais batendo recordes. A natureza teve um comportamento alterado, e nós analisamos isso."
Chuvas contrastadas
Segundo Solomon, a grande contribuição do quarto relatório não foi aumentar o grau de precisão para as projeções de aumento de temperatura, que já tinham um grau razoável de confiabilidade.
O passo que se galgou foi sobre as previsões da quantidade de chuva, mais difícil de estudar. Grosso modo, o que ficou claro é que os lugares secos vão ficar mais secos e os lugares úmidos vão ficar mais úmidos.
"Tivemos muita discussão antes de redigir a declaração sobre precipitação", disse a climatologista americana. "Nós passamos muito tempo comparando os modelos entre si e nos certificando de que eles concordavam uns com os outros a um nível de 90%. O quarto relatório mostrou para a chuva o que o primeiro relatório mostrou para a temperatura."
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