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12/02/2001 - 07h54

Número baixo de genes é surpresa

ISABEL GERHARDT
da Folha de S.Paulo
Enviada especial a Lyon

O pesquisador norte-americano Francis Collins, diretor do consórcio público Projeto Genoma Humano, afirmou na quinta-feira passada, em Lyon, França, que os humanos são seres bem menos complexos do que se imaginava, pois não têm tantos genes assim. O concorrente Craig Venter, presidente da empresa Celera, foi um pouco mais preciso.

"O genoma contém um número substancialmente menor do que 50 mil genes. Eles representam cerca de 1% do código genético", disse Venter na sexta-feira, também em Lyon, um dia após a partida de Collins e dois antes de ser suspenso o embargo noticioso que pesava sobre os artigos na "Nature" e na "Science", que impedia ambos os líderes do genoma de dar informações mais precisas sobre as pesquisa.

Se o genoma consiste efetivamente de 3 bilhões de letras, a conta não é difícil. O número total de genes deve ficar em torno de 30 mil. Não é tanto assim. A Arabidopsis thaliana, planta-modelo da biologia molecular e primeiro vegetal a ter seu genoma decifrado, tem cerca de 26 mil.

Segundo Venter, 40% dos genes humanos têm função desconhecida, ou seja, os pesquisadores não sabem o que fazem as proteínas que eles codificam. Daí se percebe por que, como disse Collins, o genoma é "um livro-texto de medicina numa linguagem que ainda não podemos compreender".

Segundo Venter, isso não é novidade. "Em todos os organismos que já sequenciamos, metade dos genes tem função desconhecida. Isso significa que temos mais de 200 mil novos genes que não sabemos para que servem."

Na conferência feita em Lyon, Venter mostrou um pôster com o mapa do genoma humano. "Só duas impressoras nos EUA tinham definição suficiente para imprimir este mapa, devido à densidade de pixels (pontos) necessária. Ele contém tanta informação que, dependendo do tamanho do gene, não haveria definição suficiente e ele desapareceria do mapa, que aliás representa um dos trabalhos de cálculo mais complexos já feitos em biologia."

Venter também apresentou a capa da edição de 16 de fevereiro da "Science", com os artigos sobre o genoma humano. A capa mostra a face de pessoas de diferentes etnias, representando a diversidade de seres humanos que tiveram seu DNA sequenciado pela empresa (caucasiana, afro-americana e hispânica). Eles fizeram parte do estudo denominado por ele de "Genoma Humano Consensual", que será publicado na revista "Science" esta semana.

(Isabel Gerhardt)

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