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09/03/2001 - 15h24

Russos temem fim do programa espacial com queda da Mir

da France Presse, em Moscou

Os funcionários da Agência Espacial russa, que se prepara para destruir a estação espacial Mir no final do mês, temem que essa perda "irreparável" poderá significar o fim do programa espacial e, assim, gerar uma onda de demissões no setor.

"Se a estação orbital for destruída, nos veremos obrigados a fechar a indústria espacial e jogar no lixo os frutos de um trabalho único", afirmou o chefe do Partido Comunista, Guennadi Ziuganov, acusando o governo de "trair os interesses naturais" da Rússia.

A decisão de destruir a Mir, símbolo da supremacia russa no espaço, provocou protestos da população.

Cerca de 40% dos russos acham que a estação deve permanecer em órbita, segundo pesquisas de opinião.

Os que criticam a destruição citam o perigo de uma onda de demissões no setor espacial, uma vez que 200 mil pessoas trabalham em empresas vinculadas ao programa Mir.

O diretor da Agência Espacial russa, Yuri Koptev, tentou acalmar os temores a respeito, afirmando que os mesmos "não têm fundamento".

"Não haverá demissões, já que o projeto da ISS (Estação Espacial Internacional) necessita da participação de todos os nossos especialistas", disse Yuri Semionov, presidente da sociedade de construção espacial RKK Energuia, que reúne 200 empresas.

Vários cientistas, deputados e ex-cosmonautas mostraram-se contrários ao novo projeto, liderado pelos Estados Unidos e do qual a Rússia faz parte desde 1998, quando assinou um acordo para a construção da nova estação espacial em colaboração com outros 16 países.

"A destruição da Mir é uma perda irreparável do ponto de vista da pesquisa espacial", declarou Alexandre Laveikin, que fez parte da segunda tripulação enviada à Mir, em fevereiro de 1987. "Na ISS, os cosmonautas russos cumprem funções secundárias", estimou.

"A ISS não nos trará nada do ponto de vista da conquista espacial", estimou Alexandre Lazutkin, que passou seis meses a bordo da Mir em 1997.

"É um projeto que interessa a norte-americanos e europeus, já que com ele terão a possibilidade de realizar missões longas no espaço, mas não para nós, pois não nos traz nada de novo", afirmou o cosmonauta.

"No projeto da ISS temos um papel humilhante, o de cocheiro", que transporta combustível e materiais à estação com seus foguetes, mas participa pouco do programa científico, considerou Guennadi Malychev, professor do Instituto de Aviação de Moscou e ex-colaborador de Koptev.

Os dirigentes do setor espacial afirmam ter proposto à Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) transportar à ISS as 11 toneladas de material técnico e científico da MIR, cujo valor é calculado em US$ 90 milhões, mas os norte-americanos não aceitaram.

"Este projeto não pôde ser realizado por razões políticas e que respondem à ambição dos Estados Unidos no espaço frente à Rússia", afirmou o responsável de vôos tripulados, Vladimir Soloviev.
 

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