Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
23/03/2001 - 05h31

Vida da estação espacial Mir marcou anos de êxito científico

das agências internacionais

A estação espacial Mir, pioneira na colonização do espaço pelo homem, afundou hoje no oceano Pacífico após 15 anos de vida útil que se converteram no maior êxito da ciência russa.

Após o fim da estação, que não foi prematuro, os russo podem dizer que a Mir cumpriu sua missão.

Lutando contra a falta de recursos e a indiferença dos burocratas, o complexo orbital serviu, entre inúmeros fins, para trilhar o caminho da ISS (Estação Espacial Internacional), em construção desde 1998.

Em 20 de fevereiro de 1986, às 0h28 (horário de Moscou) um foguete de carga Proton-K lançado do cosmódromo de Baikonur, no Casaquistão, pôs em órbita o primeiro módulo da Mir.

O lançamento enfrentou diversos problemas mas não pode ser adiado porque era um dos acontecimentos programados para comemorar a abertura do 27º Congresso do Partido Comunista da URSS (União Soviética).

O mesmo congresso, que marcou o início da "Perestroika", a abertura política no país, deveria ser inaugurado com o vôo de estréia do ônibus espacial Buran, cópia idêntica de outro norte-americano. A nave, no entanto, apresentou problemas poucos dias antes.

A própria mir deveria ter sido lançada quatro dias antes, mas teve que passar por reparos em seu transmissor de dados.

Na última hora, o primeiro módulo estava pesando uma tonelada a mais do que o previsto, e para que o Proton-K pudesse decolar foi descarregada uma série de aparelhos, levados mais tarde ao espaço em sucessivas viagens.

A previsão para o término da construção era de dois anos, mas acabou demorando nove por falta de liberação de verbas.

Até a desintegração da União Soviética, em 1991, a Mir tinha apenas três módulos: o Kvant, para medições astrofísicas da Terra e do cosmos, posto em órbita em 1987; o Kvant-2, módulo reserva para uso variado, que foi posto em órbita em 1989; e o Kristal, laboratório de experiências tecnológicas, a partir de 1990.

Com dinheiro pago à Nasa, agência espacial norte-americana, foi possível finalizar a construção da estação, com o programa Mir-Shuttle, em 1995 e 1996. Foram acoplados os módulos Spector, para fins militares, e Priroda, para pesquisa sobre a biosfera e projetos ecológicos.

Segundo a agência espacial russa, o custo da Mir foi de US$ 3 bilhões, e o de seus equipamentos científicos US$ 1,8 bilhão.

Com a participação de outros 29 países, a estação abrigou 24 programas espaciais internacionais, e seus laboratórios testaram diversos materiais e substâncias em experiências impossíveis de ser feitas na Terra.

Graças a essas pesquisas, foi possível desenvolver aparatos médicos que tornam possível a sobrevivência humana durante longos períodos sem gravidade.

Desde a primeira tripulação, em março de 1986, 104 astronautas de 12 países viajaram ao complexo orbital. Alguns foram e voltaram cinco vezes.

Entre as 28 expedições tripuladas que foram à Mir, 16 permaneceram vários meses lá. Em uma delas, o médico e astronauta Valeri Poliakov bateu o recorde de permanência no espaço ao ficar 438 dias na estação: a metade do tempo necessário para se viajar até Marte.

Outro russo, Serguei Avdeyev, acumulou em três vôos, 747 dias no cosmos (mais de dois anos).

A viagem mais curiosa, no entanto, foi a de Serguei Krikaliov, que saiu da Terra como cidadão soviético e regressou após o colapso da URSS, como cidadão russo.

Inicialmente projetada para durar até cinco anos, o maior trunfo da Mir foi o de triplicar sua vida útil.

Também foi um exemplo de cooperação internacional, ao acolher astronautas da Eslovênia, Bulgária, Afeganistão, Casaquistão, França, Japão, Reino Unido, Áustria, Alemanha, Canadá, Estados Unidos e Síria, fora as missões conjuntas com a Agência Espacial Européia.

A existência da Mir sofreu sua grande prova em 1997, quando uma nave de carga Progress se chocou contra o módulo Spektr em uma manobra de acoplagem.

A primeira "colisão espacial" registrada teve efeitos irreparáveis, pois o módulo afetado foi lacrado e inutilizado. durante vários meses os sistemas elétricos e de orientação da Mir seguiram falhando.

Apesar da colisão e outros incidentes, como um incêndio a bordo em 1999, quando astronautas trocavam um filtro da tubulação de ar, a realização de experiências científicas continuou até a última tripulação entrar na estação, em 2000.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página