Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
07/08/2001 - 12h46

Cientistas tentam provar que o Mar Negro nasceu do dilúvio

da France Presse, em Sofia (Bulgária)

Uma equipe de pesquisadores búlgaros e norte-americanos fará no dia 15 de agosto uma expedição, cujo objetivo é verificar se em suas origens o Mar Negro foi um lago de água doce submerso no Mediterrâneo por uma catástrofe, que teria dado vida a lenda do dilúvio.

A expedição será financiada pela National Geographic Society e será dirigida por Robert Ballard, que em 1985 descobriu os restos do Titanic, no Atlântico, e que há vários anos explora as profundezas do Mar Negro.

"Buscamos as provas da existência de uma via no antigo litoral, que se situava entre 50 e 70 km ao interior do atual litoral do Mar Negro, antes de uma enorme inundação que ocorreu há 7.600 anos e poderia se tratar do dilúvio", disse o búlgaro Petko Dimitrov, do Instituto de Oceanografia de Varna, que chefia a equipe de cientistas desta expedição pela parte búlgara.

Segundo a Bíblia, o dilúvio foi uma inundação sem precedentes que matou todos os seres vivos da Terra, exceto aqueles que se refugiaram na arca de Noé.

A arca, segundo o livro do Gênesis, atracou no monte Ararat, na Turquia, ao sul do atual Mar Negro.

Desde 1978 vários cientistas contribuíram para fortalecer a hipótese de que o Mar Negro, há 8.000 anos, era um lago de água doce. Várias expedições encontraram bolsões de água doce, dois metros abaixo do fundo do mar Negro.

Dois geólogos norte-americanos da Universidade de Columbia, William Ryan e Walter Pitman, explicaram que o lago de água doce estava separado do Mediterrrâneo por um istmo, ao nível do Bósforo.

Explorando o fundo do Mar Negro, Dimitrov encontrou a margem do lago a 80-110 m abaixo do atual litoral, com areia e dunas. Estas teriam se preservado por terem sido recobertas por uma gigantesca massa de água em pouco tempo.

Sobre esta base, Ryan calculou que a água do Mediterrâneo caía no lago a uma velocidade de 80 a 100 km/h, nível que elevava o novo mar a 15 cm por dia e em trinta anos o deixou da maneira como o conhecemos atualmente.

"Certamente uma enorme inundação ocorreu. Falta verificar se foi a que conhecemos como dilúvio", acrescentou Dimitrov.

Em 1985 Dimitrov participou de uma expedição búlgaro-russa que encontrou sepultado no fundo do Mar Negro um recipiente em areia e argila, com uma inscrição e perfeitamente redondo.

De acordo com Dimitrov, mais antigo que o dilúvio, com 8.000 anos, o objeto é o "primeiro fato arqueológico" que apoia a hipótese.

Uma expedição de Robert Ballard ao Mar Negro, perto da Turquia, em 1999, confirmou que o antigo litoral se situava onde Ryan e Pitman o indicavam teoricamente, além de ter encontrado no local dois moluscos de água doce de 7. 460 a 15.500 anos de idade.

Este ano, restos de localidades da época do neolítico, como as encontradas no lago de Varna, serão escavados com a ajuda de sonares e robôs teleguiados pela equipe de Ballard.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página