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19/12/2001 - 17h46

Estudo esclarece química medicinal do vinho tinto

RAFAEL GARCIA
da Folha de S.Paulo

Um grupo de cientistas britânicos anuncia amanhã que conseguiu esclarecer parte do mecanismo bioquímico que dá aos apreciadores do vinho tinto uma boa desculpa para o consumo de uma taça diária. Testes com células bovinas comprovaram que compostos derivados da casca da uva roxa inibem uma das moléculas vistas como fator de risco para desenvolver males coronários.

A pesquisa traz explicações sobre a capacidade do vinho em prevenir problemas cardíacos, que já era conhecida há algum tempo, mas pouco compreendida.

Para testar a qualidade medicinal da bebida, pesquisadores expuseram células de aorta de bois a diversos tipos de vinho. Depois disso, mediram em cada uma das amostras o nível de endotelina-1. Essa é uma das moléculas que atuam na contração de vasos sanguíneos, aumentando o risco de infarto em pacientes com tendência a desenvolver obstrução por excesso de consumo de gordura.

"O estudo indica que os polifenóis [compostos químicos] do vinho tinto são responsáveis pelo efeito", disse à Folha o pesquisador Roger Corder, que coordenou os trabalhos no Instituto de Pesquisa William Harvey, na Escola de Medicina e Odontologia Queen Mary de Londres. "Isso provavelmente ocorre por meio da inibição de uma família de enzimas _tirosinas cinases_ que controlam a síntese da endotelina", afirma.

O estudo avaliou o efeito de 23 tipos de vinho tinto, 4 de vinho branco, um de vinho rosé e até mesmo suco de uva roxa. Só os vinhos tintos, porém, interferiam no processo de forma significativa. Se saíram melhor "particularmente os vinhos de uva Cabernet Sauvignon", segundo Corder.

A esperança dos cientistas é explicar aquilo que é conhecido entre os europeus como o "paradoxo francês": por que a população francesa apresenta índice menor de males cardíacos do que a britânica se as duas têm dietas igualmente ricas em gordura? A resposta provavelmente está no consumo de vinho tinto, em contraposição ao da cerveja.

"Esperamos realizar testes clínicos em humanos para confirmar o efeito", diz Corder. Voluntários não devem faltar.
 

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