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24/03/2002 - 19h57

Estudo dos cavalos-marinho indica futuro de "machos grávidos"

JOSÉ REIS
especial para a Folha de S.Paulo

A importância econômica dos cavalos-marinhos ou hipocampos (mais de 20 milhões de peixes em comércio por ano envolvendo 40 países e territórios) não justifica o relativo descaso dos especialistas pelos aspectos biológicos desses animais, que agora começam a ser estudados com mais atenção.

Recentemente se tem observado persistente aumento de 10% no consumo global de hipocampos. Ainda não há motivo de preocupação com a possibilidade de ameaça de extinção de espécies, mas sempre é bom prevenir a tempo, o que começam a fazer alguns idealistas que vêm planejando e executando meios de evitar uma calamidade.

Entre tais meios destaca-se a educação conservacionista dos milhares de pescadores que se ocupam exclusivamente desses animais, a criação de "ranchos" marinhos e a procriação em aquários especiais. Mas a criação em cativeiro não é simples, porque os animais são frágeis, adoecem e morrem com facilidade, e além disso são comilões e exigem alimento vivo.

Os cavalos-marinhos existem há 40 milhões de anos e acham-se espalhados por quase todo o mundo. Conhecem-se 75 tipos. As espécies referidas no Brasil por Melquíades Pinto Paiva ("Dicionário dos Peixes do Brasil", Editerra) são Hippocampus erectus e H. reidi. Já os gregos e romanos referiam suas qualidades medicinais em 342 a.C. Usam-se como adornos e amuletos, mas seu principal consumo é como alimento e remédio.

Nas medicinas asiáticas o cavalo-marinho é quase panacéia, receitado para praticamente todos os males. Por isso os preços nos mercados são altos. Em Hong Kong os melhores exemplares alcançam 1.200 dólares o quilo. Eles também fazem parte do folclore e da mitologia, atribuindo-lhes os antigos romanos o privilégio de puxar o carro de Netuno.

O tamanho dos cavalos-marinhos varia de 1 a 30 cm. Eles vivem em águas rasas e só em momentos especiais descem às profundidades. O macho tem uma bolsa ventral onde a fêmea deposita de dez a cem ovos, conforme a espécie.

Na época da procriação eles seguem curioso ritual. O macho prende-se por sua cauda preênsil a algum tufo de algas, coral ou outro suporte e logo depois a fêmea, a quem dizem ser o macho fiel, se prende a seu lado no mesmo suporte. Algum tempo depois, pela madrugada, os dois começam um vistoso bailado em rodopio. Terminado este, ambos sobem, colados frente a frente. Então a fêmea enfia seu longo ovipositor no saco do macho e nele "ejacula" sua fieira de óvulos. Separado o casal, tem início o trabalho de gestação no macho, depois de fechada a bolsa receptora dos óvulos. Estes começam a desenvolver-se e ao fim de algum tempo principiam os trabalhos de parto, que libertam os filhotes prontos e independentes. O macho está em condições de recomeçar o bailado e ser novamente engravidado.

O cavalo-marinho tem duas peculiaridades: navega na vertical (cabeça para cima e cauda para baixo) e cabeça que lembra a de um cavalo. A pele varia de cor conforme a espécie e apresenta manchas e ornatos típicos. Possui ainda apêndices, que servem para camuflagem, e nadadeiras, mudando de cor segundo o ambiente.

Neste artigo aproveitamos várias informações de reportagem de Maryane Bird na revista "Time".
 

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