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04/09/2002 - 04h13

Annan convida FHC para comissão da ONU

ELIANE CANTANHÊDE
Enviada especial da Folha de S.Paulo a Johannesburgo

O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Kofi Annan, convidou ontem o presidente Fernando Henrique Cardoso para, depois de terminar seu mandato, integrar uma comissão informal de alto nível que discute globalização, pobreza e desenvolvimento sustentável.

FHC, que se disse "muito honrado", reduziu a importância do convite à sua real dimensão ao relatá-lo para a imprensa brasileira: "Foi algo gentil, genérico. Tomo por enquanto como gentileza".


Reuters - 25.fev.2002
Kofi Annan, secretário-geral da ONU
Ele criticou as "instituições planetárias", que estão aquém da opinião pública internacional. Disse que não pretende assumir cargos institucionais, mas não se negaria a conversar sobre "um trabalho do tipo intelectual, não burocrático", nas Nações Unidas.

É exatamente isso que Kofi Annan lhe propôs. A idéia é que FHC e o ex-presidente do México Ernesto Zedillo, por exemplo, participem de uma comissão liderada pelo Prêmio Nobel de Economia Amartya Sen, da Índia, um dos principais teóricos em pobreza.

O encontro de FHC com Kofi Annan foi ontem, no Sandton Centre de Johannesburgo, África do Sul, onde será encerrada hoje a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +10).

Segundo o chanceler Celso Lafer, que participou da conversa, o secretário-geral agradeceu "a clara liderança" do Brasil em dois dos temas mais importantes: biodiversidade e energia renovável. A proposta brasileira de 10% de energia renovável foi derrotada.

Em entrevista, FHC já falou como se integrasse a comissão. Lamentou indiretamente que o presidente George W. Bush (a quem não citou nominalmente) não tenha dado sequência à direção pretendida por seu antecessor Bill Clinton na discussão das questões e dos organismos internacionais.

"O Clinton avançou na proposta de uma nova arquitetura internacional, a nova divisão da ONU, e esse assunto desapareceu", disse FHC. Por isso, ele acha que é importante reforçar os blocos regionais, como o Mercosul.

A grande questão, segundo ele, é o financiamento da erradicação da pobreza: "Depois da Segunda Guerra, com uma situação de pobreza imensa, houve transferência maciça de recursos, mesmo. Se você quer acabar com a pobreza na África, tem de ter transferência de recursos".

Recursos, porém, não são tudo: "Na Europa, havia base, estrutura humana e material que permitiam absorver os recursos. Aqui, não adianta apenas transferir. Tem de criar formas inovadoras de sociabilidade", acrescentou.

Entretanto, as instituições que poderiam fomentar essas novas formas, como a própria ONU, "estão enfraquecidas", na opinião de FHC. "Faltam mecanismos regulares para que as coisas aconteçam a nível mundial."

Antes de conversar com o presidente brasileiro, Annan recebeu o vice-primeiro-ministro Tareq Aziz, do Iraque, país neste momento ameaçado de guerra pelos EUA. Segundo FHC, Kofi Annan "manifestou confiança em que a opinião pública dos EUA e do mundo todo evite a guerra".

Ao responder a uma pergunta sobre o primeiro ano do atentado ao World Trade Center, em Nova York, no dia 11 de setembro, FHC disse: "Colocou de novo o país mais forte do mundo com medo. É a vulnerabilidade, que pode até ter um desdobramento positivo, com uma coligação contra o terror, a busca de alianças".

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