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06/02/2003 - 10h35

Japoneses criam sistema de "invisibilidade"

SALVADOR NOGUEIRA
da Folha de S.Paulo

Esse negócio de ficar usando anéis e capas mágicas para desaparecer não tem mais sentido. Um grupo de pesquisadores no Japão criou um jeito "high-tech" de tornar objetos e até pessoas "transparentes". Enquanto eles se divertem produzindo pequenos vídeos de demonstração do sistema, que podem ser encontrados na internet, há um exército ou dois que poderiam ver no novo sistema a camuflagem perfeita.

O grupo é liderado pelo engenheiro matemático Susumu Tachi, e o seu laboratório na Universidade de Tóquio (www.star.t.u-tokyo.ac.jp) parece mais uma exposição de engenhocas malucas --coisas que se tornam invisíveis são só uma das atrações. Outros destaques vão para telefones-robôs e recriações de objetos reais em realidade virtual. Mas o invento mais divertido realmente é o que permite a invisibilidade.

Na ficção científica, as naves invisíveis conseguem o efeito na "força bruta": de algum modo, defletem os raios de luz para que eles nunca toquem o veículo. Como a luz não toca o casco da nave, ela desaparece. Só que a única forma de defletir um raio de luz sem usar uma superfície é pela força gravitacional --que, até onde se sabe, não é passível de manipulação. A solução para o problema aparentemente insolúvel é a lembrança de que uma ilusão bem produzida é igual à realidade.

No caso de Tashi, esse é o segredo. Os objetos não somem --eles só parecem desaparecer. "Essa técnica é chamada de camuflagem óptica", escrevem os pesquisadores num estudo recente. E a idéia é tão boa que já foi absorvida pela ficção, até então encalhada com aquela solução pouco prática: no último filme de James Bond, "Um Novo Dia Para Morrer", o carro do agente britânico criado por Ian Fleming está equipado com a tal camuflagem.

"Essa idéia é bem simples", explica o cientista em seu site. "Se você projetar a imagem de fundo no objeto a ser mascarado, pode observar o objeto mascarado como se fosse virtualmente transparente." Parece razoável, mas não é trivial fazer com que a projeção só apareça sobre o objeto, sem se espalhar por toda a cena de fundo, iluminando-a e denunciando todo o truque.

A solução foi desenvolver um material que refletisse adequadamente uma projeção ajustada de modo a não ser refletida por todos os materiais normais. Os japoneses conseguiram isso com um material composto por esférulas de 50 micrômetros de diâmetro (um micrômetro equivale a um milésimo de milímetro).

Esse material é chamado de retrorreflexivo. Isso quer dizer que ele consegue rebater um raio de luz para a direção de onde ele partiu. Um espelho só consegue fazer isso quando o raio de luz está vindo num ângulo exatamente perpendicular à sua superfície.

É como a bola que rola na diagonal numa mesa de sinuca. Quando bate na parede, continua indo adiante, mas noutra direção -isso é o que acontece com o espelho normal. Se o material retrorreflexivo fosse a mesa de sinuca, a bola bateria na lateral e voltaria exatamente de onde veio.



As aplicações potenciais são várias. Além de chegar mais perto do sonho da invisibilidade, o que certamente seria útil para exércitos em situações de conflito, o sistema pode fazer sucesso na indústria do entretenimento.

Os cientistas japoneses liderados por Tashi já usaram a técnica, por exemplo, para "texturizar" um robô sem face e sem expressão. A projeção sobre o autômato dava a ele não só uma aparência muito mais humana, mas também uma expressividade difícil de obter por meios mecânicos.

Além disso, os inventores também antecipam usos médicos, para cirurgiões que não queiram que instrumentos prejudiquem a visão de áreas afetadas, e aeronáuticos, como cabines transparentes que facilitem o pouso.

Sites relacionados
  • Veja filmes demonstrativos no site do laboratório
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